Como o WhatsApp ajuda a
reduzir a criminalidade. Até outubro, 2,6 mil denúncias de brasilienses à
polícia foram feitas por meio do aplicativo de mensagens. Elas são avaliadas,
categorizadas e encaminhadas às delegacias
O uso das
ferramentas tecnológicas está sendo cada vez mais incorporado pelas polícias
Civil e Militar do Distrito Federal. Das complexas às mais simples – como o
WhatsApp, aplicativo de troca de mensagens instantâneas com 120 milhões de
usuários no Brasil. As facilidades do sistema da empresa fundada em 2009 nos
Estados Unidos por Brian Acton e Jan Koum auxiliam de várias formas as forças
de segurança locais.
Dados da
Divisão de Controle de Denúncias (Dicoe) da PCDF mostram que, das
denúncias recebidas, 15% são por meio do WhatsApp. “Desde 2016 a quantidade
mensagens encaminhadas pelo aplicativo dobrou”, explica o diretor da Dicoe,
Josafá Ribeiro. “E continua a crescer”, reforça.
O uso do
WhatsApp como auxiliar na segurança nasceu com o propósito de coletar
denúncias. Foi integrado à corporação em 2014, ano da Copa do Mundo de futebol,
e teve sua importância reforçada nos anos seguintes. A popularidade e a
facilidade no uso levaram a Polícia Civil a investir na ferramenta como mais um
canal oficial.
Anote: Há
quatro canais seguros para se denunciar um fato ou alguém 197 – Denúncia
online, no site 197 – denuncia197@pcdf.df.gov.br – E-mail WhatsApp –
98626-1197
Até
outubro deste ano, mais de 17 mil denúncias foram feitas pelos canais – sendo
que 2.566 por meio do WhatsApp. Diariamente, a Dicoe recebe aproximadamente 90
denúncias – que são avaliadas, tipificadas, categorizadas e encaminhadas às
delegacias circunscricionais e/ou especiais, que ficam responsáveis pelas
investigações.
Ao final
do processo, o número cai para 50. É atualmente é o segundo canal que mais
recebe denúncias. É importante ressaltar: os trabalhos da Dicoe respeitam o
sigilo da fonte.
O
conteúdo das denúncias se concentra no tráfico de drogas (27%), maus tratos a
animais (13%) e roubo (3%). O horário com maior ocorrência é das 12h às 23h –
apesar de o funcionamento ser ininterrupto.
Josafá
Ribeiro, diretor da Dicoe, explica que a grande vantagem no uso do WhatsApp são
as fotos e vídeos encaminhados. Na maioria das vezes, com precisão nas
informações – facilitando a identificação de criminosos, locais e fatos. E, em
alguns casos, em tempo real. “Essa informações são fundamentais na evolução das
investigações e solução.”
Na PM,
também: Apesar de a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não usar a
ferramenta de forma oficial nos 25 batalhões, o aplicativo também está presente
na rotina do trabalho da corporação. E por meio de grupos – que surgiram por
iniciativa da comunidade, carente da necessidade de estar mais próxima da PM e
de um canal direto e segmentado.
O 10º
Batalhão da Ceilândia é um exemplo de sucesso no uso do aplicativo. Os
militares fazem parte de vários grupos – entre eles, o do Conselho Comunitário
de Segurança da região e o dos rodoviários (motoristas e cobradores de
ônibus).
O
feedback é bem positivo. Os rodoviários, pedem, por exemplo, ajuda dos
policiais quando vêem alguém em atitudes suspeitas e a PM consegue diminuir o
tempo de resposta. “Desde a implementação, os índices mostram uma redução na
taxa da criminalidade na região”, garante o tenente Mata.
O
prefeito comunitário do trecho 3 do Sol Nascente, José Valmir dos Santos,
relata que a segurança (ou pelo menos a sensação) depois da criação dos grupos
aumentou. “A comunidade percebe mais a presença da PM. As demandas, quando
colocadas nos grupos, são vistas por todos – e atendidas ou repassadas ao
comando, que prontamente direcionam viaturas para cá”, diz ele.
Guardião
Rural: O Batalhão de Policiamento Rural implantou o programa Guardião Rural,
desenvolvido para aumentar a segurança nas áreas mais distantes dos centros
urbanos do DF – geralmente, localidades de difícil acesso, sem sinal de
telefonia e precárias condições de iluminação. E o programa já possui 35 grupos
de WhatsApp cadastrados por região
A PM
trabalha na sensibilização das comunidades rurais, por meio de palestras; em
seguida, cria grupos no WhatsApp ou insere os moradores nos grupos já
existentes na localidade. Os PMs visitam as chácaras e fazendas, cadastram os
moradores e funcionários e então fazem o levantamento dos insumos e ferramentas
agrícolas.
Os
chacareiros incluídos no grupo do batalhão e a propriedade recebe uma placa de
identificação, com QR Code, onde a PM acessa todas as informações que foram
coletadas. O capitão Rafael Cunha, do 1º Batalhão de Policiamento Rural,
explica que as principais dificuldades dos moradores da zona rural em acionar a
PM pelo 190 era a dificuldade na realização das ligações.
“O
WhatsApp serve como auxílio, principalmente no endereço, na descrição de uma
pessoas ou de carros – que são facilmente repassadas por fotos,vídeos e
localização GPS, além de áudios”, diz ele.
Por Rosi
Araújo - (Arte: Édipo Torres/Agência Brasília - Foto: Agência
Brasília/Arquivo) - Agência Brasília -