Insanável e
insolúvel
*Por
Severino Francisco
Estava vindo para
a redação do condomínio onde moro quando a minha cunhada me mostrou um vídeo
sobre o alagamento em algumas quadras da Asa Norte com a chegada das chuvas.
Carros ficavam ilhados nas tesourinhas, estacionamentos inundavam, a água
invadia o subsolo de prédios. Um dos problemas levantados pelos especializados
é a impermeabilização do Plano Piloto provocada pelo adensamento de
construções.
Mesmo assim, foi
liberada a construção das quadras 500 do Sudoeste. O problema está se agravando
e tende a se agravar ainda mais nos próximos anos. Em Brasília, existem
situações que não se resolvem. Entra governo e sai governo e elas continuam
entravando a vida da cidade. Parecem insanáveis e insolúveis. Atualizo a lista.
1) Se chover, o
tempo fecha nas tesourinhas da Asa Norte. Algumas quadras viram cachoeiras, os
carros não passam, ficam ilhados. E não se trata apenas de resgatar os
veículos. Com os inundamentos, eles sofrem avarias, precisam ser reparados e
isso custa caro. Cada vez mais as chuvas provocam transtornos maiores.
Reconheço que o problema não é de fácil solução. Mas, de qualquer maneira, ele
precisa ser solucionado, mesmo porque figura nas promessas de campanha de todos
os candidatos há várias décadas. Quem vai pagar o prejuízo?
2) Chuva é quase
sinônimo de pesadelo em Vicente Pires. Uma colega morava lá e não sabia como e
se ia chegar em casa por causa do trânsito. Padeceu tanto que resolveu se
mudar. Tinha medo de o carro quebrar. Sonhava que o pneu furava e ela não sabia
como consertar em uma rua cheia de buracos, com um trânsito selvagem. O governo
está fazendo uma série de obras e promete resolver o problema. Vamos esperar.
3) Os buracos nas
vias de Brasília. Diferentemente das inundações na Asa Norte, esse problema é
de solução mais simples. Os engenheiros já mostraram diversas vezes que a
qualidade do asfalto é ruim. Nos locais em que ele é de boa qualidade não
existem transtornos. Fiz até um poeminha do buraco, que atualizava todos os
anos, pois a situação não mudava: “Se bate qualquer chuvinha/Logo o asfalto se
esfarinha/e abre-se um buraco na rua/rápido o buraco prospera/vira uma tremenda
cratera/parece que a gente está na lua.
4) A falta de
segurança na Rodoviária do Plano Piloto. É incrível que o lugar em que transita
o maior número de pessoas na cidade seja um local inseguro, povoado de
meliantes. Entra governo e sai governo e a situação não muda.
5) O transporte
público. Perdemos o trem da história durante a Copa do Mundo. O governo gastou
milhões para construir o estádio mais caro do país. Parece que o que aconteceu
aqui foram os jogos entre as superquadras. Não ficou nenhum legado para a
cidade. O transporte público permaneceu precário.
A lista é grande,
mas acabou o espaço. É preciso atacar as questões (aparentemente) insanáveis e
insolúveis.
(*)Severino
Francisco – Colunista do Correio Braziliense – Foto/Ilustração:
Blog/Google
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CRÔNICA
Pouco antes das chuvas estive na CAPITAL. Cheguei à comentar com o vizitante no qual eu era cicerone: - "Vc está vendo que o vento varre às folhas? Então são elas que entopem os bueiros!!! Quando às chuvas chegarem".!!!
ResponderExcluirE assim será sempre infelizmente ou felizmente para alguém.
Fui criada em Brasília, chegamos em 1958. Ainda sou apaixonada pela CAPITAL.