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À QUEIMA-ROUPA: Rafael Sampaio - presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF (Sindepo)


Rafael Sampaio - presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF (Sindepo)

Como a categoria reagiu a esse imbróglio no fim de 2019 em relação ao reajuste? Nós vemos tudo isso com muita frustração. Esse adiamento vem se postergando há muito tempo. Na verdade, nós aceitamos a nova proposta do GDF no início do ano passado e isso foi encaminhado pelo Governo Federal. A informação é que sairia depois da reforma da Previdência, aí adiou-se para 17 de dezembro. Mais uma vez, esperamos pacientemente. Foi alterado até o percentual para que fosse atendida outra força que não tem a ver com a nossa negociação, que tem uma composição salarial diferente. Por mim, houve essa confusão em que se condicionou nosso reajuste aos militares e foi alterado o valor.

Esse adiamento diminui a esperança de que a paridade com a Polícia Federal realmente saia? O sentimento é de desânimo. A pessoa vai perdendo a esperança. Nunca imaginamos que chegaríamos a essa situação. A proposta do governo Ibaneis foi parcelar e nós aceitamos confiando na boa-fé para solucionar o problema. Mas agora vemos o Governo Federal represar uma demanda do GDF mesmo com um deficit de 7 anos no nosso salário. E é uma negativa sob argumentos políticos. 

Um questionamento de parte da população é se, diante do cenário atual, um aumento com percentual alto faz sentido. Qual a justificativa? As pessoas não querem admitir, mas o fundamento é constitucional, porque a PCDF sempre teve vínculos com a União em face de fazer a segurança da capital federal. A Polícia Civil é de interesse nacional, já que investiga crimes envolvendo autoridades, representantes internacionais, membros de embaixada. Não é só no Brasil, no mundo todo é assim. As capitais têm a segurança mantida pela União. Com a Constituição de 1988, passamos a ser subordinados ao governador. Naquela época, os servidores puderam optar se ficariam na Polícia Federal ou na Polícia Civil. Quem escolheu a PCDF, hoje, está aposentado ganhando menos do que quem escolheu a PF. Hoje o salário de um delegado em final de carreira é o 16º do país. Ganhamos menos do que estados com renda per capita menor, como Piauí, Sergipe, Goiás. Isso gera um desconforto muito grande na carreira. Estamos perdendo quadros excelentes porque não temos mais poder de retenção. 

Uma operação recente mostrou que alguns delegados foram monitorados pelo PCC. O sindicato pode fazer alguma ação em relação à segurança? Nós sempre, pela qualidade da PCDF, conseguimos controlar facções criminosas dentro de presídios e fora dele no DF. Mas, no futuro próximo, isso pode não ser mais realidade por um simples motivo: estamos sendo preteridos. Não temos reajuste desde 2013. Não temos nenhum argumento para levar para nossa base e convencê-los a ter esperança. Estamos virando um órgão de trânsito na carreira dos profissionais. 

A relação melhorou com Ibaneis assumindo? Por quê? A relação melhorou demais. Nós avaliamos que ele tem cumprido todos os compromissos conosco que estão sob a sua gerência. Mas o governo vai precisar de uma sinalização de boa vontade com a gente em relação a outros prontos que são reivindicações antigas, diante desse cenário sem o aumento esperado. A nossa demanda por saúde é um exemplo. Nosso servidor é adoecido e muitos não têm plano de saúde. Há um índice de depressão em 40% da força. Plano de saúde específico, especial que atenda nuances dessa atividade, trabalhos preventivos. Essa situação salarial agrava a condição de saúde que o servidor enfrenta. 

Alexandre de Paula – Coluna  “Eixo Capital”  - Foto: Breno Fortes/CB/D.A.Press – Correio Braziliense



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