Procurador
Zélio Maia, futuro diretor-geral do Detran-DF
O que muda no
Detran? Em pouco mais de um ano, o Detran trocou de comando
três vezes e eu serei o quarto diretor-geral. Isso por si já indica que o órgão
precisa ser repensando como instituição que deve prestar um serviço de
qualidade para toda a comunidade do DF. Lembro que a atuação do Detran tem
repercussão direta e imediata em cada um dos moradores da cidade. O que muda é
essencialmente a mentalidade da nova direção. Na linha do que tem defendido o
governador Ibaneis Rocha, temos que cuidar de nossa cidade. Defendo que o
trânsito de qualquer cidade deve pensar mais nas pessoas que a habitam e não
nos carros que por suas vias circulam diariamente.
Existe alguma
suspeita de irregularidade? Assumirei o
órgão no início de março. Tenho conhecimento pela imprensa de irregularidades
que somente após assumir a direção poderei avaliar, e, consequentemente, emitir
juízo de valor. Antecipo que em minha gestão não será tolerada qualquer espécie
de irregularidade, seja desvio de uma caneta ou de milhões de reais. Zelarei
pelo patrimônio público com todas as minhas energias e para dar uma satisfação
à sociedade em relação ao uso do dinheiro público. Adianto que eventuais
desvios de conduta pontuais de servidores públicos não podem levar ao
descrédito de todos os servidores do órgão. Os servidores são, como regra,
comprometidos com suas atribuições e com o compromisso decorrente de seus
cargos e não tenho dúvida de que não compactuam com eventuais irregularidades
acaso existentes no órgão.
Você terá liberdade
para montar a própria equipe?Tive reuniões
com o governador e ele está muito preocupado com ocorrências que vem sendo
divulgadas em relação a irregularidades no órgão. Em razão disso, terei ampla
liberdade para montar minha equipe e o farei por critérios técnicos e buscando
profissionais capacitados e conhecedores da gestão pública para apresentar
soluções estruturais a longo prazo e também que possam trazer benefícios
imediatos.
Tenho algumas
missões ao assumir o órgão, entre elas combater qualquer espécie de
irregularidade porventura existente, modernizar o funcionamento interno do
Detran e o atendimento ao público, uma vez que não se justifica demoras
excessivas em processos de transferência de veículos e demais serviços
prestados e ainda buscaremos dar condições de trabalho aos servidores
comprometidos que certamente será revertido em benefícios a toda a comunidade.
Qual é a sua
avaliação sobre o uso de pardais como redutores de velocidade? Os equipamentos de fiscalização de velocidade, conhecidos como pardais
sequer deveriam existir no mundo ideal, assim como os quebra-molas. No entanto,
devemos conviver com a realidade de que temos um dos trânsitos mais violentos
do mundo. Isso exige medidas emergenciais e dentre elas coloco os pardais como
um mal necessário. Sua utilização, porém, não pode ser desproporcional, devendo
sua instalação vir sempre precedida de um estudo técnico e com critérios
objetivos de sua necessidade, estudos esses de amplo acesso ao cidadão. Faremos
campanhas de educação no trânsito de modo a tentar reduzir a violência no
trânsito, mas igualmente sabemos que atingir o bolso do infrator é uma das formas
que mais dá resultado. Daí a multa deve existir de forma proporcional à
infração cometida e, acima de tudo, contar com fiscalização para que o
motorista tenha ciência da sua responsabilidade social na condução de veículos
nas vias públicas.
Existe uma
indústria da multa? Tema bastante
discutido. Atualmente não posso afirmar que exista uma indústria das multas no
DF, uma vez que ainda estou estudando os processos internos do órgão, mas não
acredito que tal situação exista. Em qualquer país onde tenhamos um mínimo de
organização no trânsito, as multas são uma forma de coibir o desrespeito às
normas, inclusive com pesadas multas que normalmente são muito superiores às
praticadas no Brasil.
Ana Maria
Campos – Coluna “Eixo Capital” – Correio Braziliense
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