Senador Izalci
Lucas (PSDB-DF)
Izalci não
esconde que aceitaria de pronto um convite para assumir o Ministério da
Educação. Mas, diplomático, afirma que pode também ajudar o governo Bolsonaro
do Congresso. No caso de Moro, que correu risco de perder uma parte de seu
poder, muitos elogios. Izalci critica os defensores da divisão do Ministério em
dois. “O que vale não são os ministérios e, sim, a vontade política, os
recursos destinados e a vontade de fazer”, afirma o senador.
O senhor é sempre
cotado para assumir o Ministério da Educação. O que há de verdade
nisso? Na prática, nem tenho falado sobre isso. Quem
nomeia e pode oficializar é o presidente. Na véspera de Natal, conversamos
sobre aquelas questões envolvendo reajustes das forças de segurança. Depois,
não nos encontramos mais. Tem muita gente apoiando. Mas, como disse, essa é uma
decisão do presidente.
Como está a
situação do ministro da Educação, Abraham Weintraub? O Congresso parece não
querer a permanência dele, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez
críticas públicas à atuação do ministro, especialmente no Enem... Situação do Weintraub só depende do presidente Bolsonaro. Por mais que o
presidente da Câmara se manifeste, não faz diferença, se o presidente quiser
mantê-lo lá.
O seu suplente, o
advogado Felipe Belmonte, é um dos articuladores da criação do partido do
presidente Bolsonaro. Isso pode ser um empurrão para que o senhor, indo para o
governo, abra espaço para ele virar senador? Pelo estilo que o presidente Bolsonaro vem adotando, o partido não
interfere na escolha dos aliados. Os partidos não têm feito indicações.
Parlamentares que estão no governo são escolhas do próprio presidente. É o caso
do (Luiz Henrique) Mandetta (Saúde), da Tereza Cristina (Agricultura), por
exemplo. Não foram indicados pelos partidos. Além disso, sou vice-líder do
governo e tenho feito tudo para ajudar. Por esse motivo do suplente, então, não
justificaria.
Como o senhor viu o
embate político para dividir o ministério da Justiça e Segurança Pública e
tirar poder do ministro Sergio Moro? Acho ridícula
a forma como foi feita. Não tem ninguém hoje com tanto prestígio e a forma de
lidar melhor com as coisas do que o Moro. Ele tem trabalhado muito e não se
envolve em politicagem. Taí o resultado, com a redução da criminalidade. Claro que
o mérito não foi só dele. Está muito na ponta, dos policiais, dos secretários
de Segurança e dos governos. Mas outros ministros tiveram a mesma oportunidade
e não fizeram tanto.
E a transferência
do traficante Marcola, líder do PCC, para Brasília. Foi uma falha do Ministério
da Justiça e Segurança? Questionei com
Moro a questão do Marcola vir para cá, mas ele sinalizou que, tendo realmente
alguma comprovação de que a presença dele na cidade estaria afetando a
segurança, com elementos concretos, não haveria dificuldade de rever a
transferência. Mas precisaria mostrar isso tecnicamente e não pelos jornais.
Mas o senhor acha
que a criação de um Ministério da Segurança possibilitaria dar mais
enfoque ao tema? O que vale não são os
ministérios e, sim, a vontade política, os recursos destinados e a vontade de
fazer. Interessa é que o governo trate como prioridade. No DF, por exemplo,
criaram a Secretaria do Deficiente, mas sem estrutura e recursos. O que define
a qualidade é a vontade política de fazer.
O senhor, que
trabalhou muito no assunto, ainda acredita que sairão os reajustes para as
forças de segurança do DF? Tenho certeza.
Só não saiu por questões operacionais e técnicas: não estava
previsto na LOA. Agora, sai.
Ana Maria
Campos - Coluna "Eixo Capital" - Correio Braziliense
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