Meu
primeiro Carnaval em Brasília
Em 1958, o menino Orlando está à
frente do jeep com o tio, Juvenil Brito, e funcionários da empresa de material
de construção.
Em 1958 eu era um menino de 8
anos, vindo de Minas Gerais, acompanhando meu pai. Cheguei a Brasília quase um
ano antes, no final de abril de 1957, com apenas 7 anos. Tive oportunidade de
assistir à primeira missa realizada na nova capital, no Cruzeiro, onde hoje
fica o memorial do ex-presidente JK.
Meu pai, Antonio Brito, se
estabeleceu na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante, assim que chegamos. Na
Segunda Avenida, nº 1.080. Ele tinha uma pequena empresa de fornecimento de
material de construção, aproveitando que o maior consumo da cidade naquela época
era de tijolos, areia, cimento, cal, britas, lajotas, etc.
Lembro-me, perfeitamente, do meu
primeiro carnaval em Brasília. Os comerciantes da Cidade Livre começavam a se
organizar na Associação Comercial de Brasília. Elegeram como representante o
Sr. Martim. Não ocorre, 62 anos depois, o nome completo daquele pioneiro como
nós.
A eleição do senhor Martim
coincidiu com o carnaval de 1958. Foi uma festa que eu, um menino de 8 anos,
jamais havia visto. A vida da nova capital se concentrava principalmente na
Cidade Livre.
O Plano Piloto era um grande
canteiro de obras, com os palácios do Planalto e Alvorada ainda em construção,
assim como o Congresso Nacional, a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três
Poderes.
As superquadras eram um projeto em
pleno andamento, em 1958. Ninguém morava nos blocos ainda em construção,
somente os operários que residiam nos acampamentos das companhias construtoras.
Rabelo, Ecel, Graça Couto, EBE, Coenge, etc. A Cidade Livre era para onde as
pessoas iam se divertir, ainda mais numa festa de carnaval.
Portanto, meu primeiro carnaval em
Brasília foi na posse/baile do tal de Sr. Martim. A Associação Comercial de
Brasília ficava numa travessa, que ligava a Avenida Central à Terceira Avenida,
bem pertinho do Cine Brasília, ao lado do maior armazém de secos e molhados da
época, chamado Casas Colorado, de propriedade da família Calaça de Mendonça.
Lembro-me bem de que os grandes
sucessos de carnaval eram as marchinhas, cantadas pela Rainha do Rádio,
Emilinha Borba. A música mais executada foi Com Jeito Vai. No dia seguinte ao
da posse/baile, bem em frente ao Mercado Central, havia um poste com quatro
grandes auto-falantes. Eram a voz que dava notícias sobre tudo do que acontecia
no Brasil daquela época. Foi pelo som dos alto-falantes que centenas de peões
de obra puderam comemorar o carnaval com os sambas de Ataulfo Alves e os xotes
de Luiz Gonzaga. Inesquecível!!!
Orlando Brito Fotógrafo e
pioneiro
Coluna 360 Graus – Jane Godoy –
Correio Braziliense
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CRÔNICA