A previsão de prédios de 15 metros
de altura é uma das alterações estabelecidas pelo projeto de lei complementar
aprovado na terça-feira pela Câmara Legislativa
*Por
Cibele Moreira
SIG no rumo da valorização. Com a
aprovação de norma que permite alteração nas atividades do Setor de Indústrias
Gráficas, donos de estabelecimentos comerciais e empresariais planejam
melhorias e reformas nos negócios para atender o novo público
A possibilidade de ampliação de
uso e ocupação do Setor de Indústrias Gráficas (SIG) leva otimismo aos
empresários da região. O projeto de lei complementar (PLC), aprovado na
terça-feira pela Câmara Legislativa, prevê a diversificação de atuação, com
atividades industriais, comerciais, de serviços e institucionais. Com a norma,
o Executivo local aposta na geração de emprego e renda. Entre as mudanças está
a previsão de prédios de até 15 metros de altura. O PLC segue agora para sanção
do governador Ibaneis Rocha (MDB).
O empresário Alexandre Matias
Rocha, 48 anos, enxerga a mudança como um avanço para o SIG. “A cidade mudou, e
surgiram novas necessidades. Com a regularização e a liberação dos alvarás,
vamos conseguir gerar mais empregos e movimentar a economia local”, destaca.
Dono de uma construtora e incorporadora que atua também na geração de energia
limpa, Alexandre espera criar mais de 70 empregos diretos com a alteração
prevista pela futura legislação.
"A cidade mudou, e surgiram
novas necessidades. Com a regularização e a liberação dos alvarás, vamos
conseguir gerar mais empregos e movimentar a economia local"
Alexandre Rocha,
empresário: A empresa dele, a Cygnus, fica no Edifício City Offices desde
2014. De acordo com o empresário, além de regularizar a atividade, a mudança
possibilita o investimento com parcerias com empresas estrangeiras. “Antes, não
podíamos trazer investidores de fora (do Brasil), porque não tínhamos alvará.
Isso dificultava muito”, relata. Alexandre também é proprietário de 22% do prédio.
“Estamos reformando todas as salas e criando espaços para abrigar as seis
empresas parceiras do grupo. Queremos concentrar todos os escritórios aqui”,
adianta.
Para o gerente de restaurante
Fogão Nativo, Heitor Vasconcelos, 36, a chance de ter o estabelecimento
regularizado é uma ótima notícia. “Não só para a gente, mas para muitas
empresas que estão irregulares aqui. Para o setor, será muito bom. Até os
prédios que, atualmente, estão desocupados terão movimento e mais pessoas vão
querer vir para cá”, avalia. Há 20 anos na região, o restaurante recebe, em
média, 200 pessoas por dia. O espaço deve passar por uma reforma para aumentar
a capacidade de público e obter o alvará com nova identidade visual.
"Antigamente, não achava uma
loja para alugar aqui, era tudo ocupado. As lojas foram fechando, as salas
ficaram desocupadas. Então, essa ampliação será ótima"
Caio Melo, comerciante: O
empresário Caio Melo, 61, mantém uma empresa de comunicação no SIG há 40 anos.
“Tenho acompanhado de perto essas mudanças. Antigamente, não achava uma loja
para alugar aqui, era tudo ocupado. As lojas foram fechando, as salas ficaram
desocupadas. Então, essa ampliação será ótima”, acredita. Para ele, o que
ficará ruim é o trânsito. “Principalmente no horário de pico, pois acredito que
não vai poder mexer na rua. Além da questão do estacionamento, que tem pouco”,
alega.
Além da empresa de produção gráfica,
Caio administra um café no térreo da loja. “Consegui abrir a cafeteria há dois
anos, com o mesmo CNPJ da empresa de comunicação, mas, se precisar mudar e
separar as duas coisas, eu faço”, diz. Ele também espera a valorização do
comércio, assim como o aumento de clientes.
Para Cauciano Tonello, dono do Bar
Serpentina, existe a expectativa de aumento do público. “Eu ainda não li o
texto aprovado, não sei dizer muita coisa. Mas pelo que fiquei sabendo vai
facilitar muito. Principalmente por saber o que pode ou não pode ter. Com
certeza, é uma melhoria para a gente”, pontua.
Desenvolvimento: Durante agenda pública na manhã de ontem, o
governador Ibaneis Rocha (MDB) comentou a aprovação da proposta. Ele destacou
que é preciso pensar em soluções e que o projeto recebeu aval de entidades como
o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Aquela área
se tornou ociosa. Nós temos de pensar no desenvolvimento da cidade. É uma área
muito valorizada e da qual o DF precisa para se desenvolver. Vai ajudar também
os moradores do Sudoeste, que carecem de serviços, e tenho certeza de que a
população vai assimilar”, comentou.
Para o presidente da Federação do
Comércio de Bens, Serviços, e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio/DF),
Francisco Maia, o principal ganho com o projeto de lei será a valorização dos
lotes no Setor de Indústrias Gráficas. “O SIG é uma região em que quase tudo
está irregular. Muitos empresários começaram atividades que não eram
condizentes com a destinação do espaço. Precisava dessa mudança de destinação
para atender as necessidades do setor. E isso, com certeza, vai mexer com a
economia local”, argumenta.
(*) Cibele Moreira - (Colaborou Alexandre de Paula - Fotos: Ed
Alves/CB/D.A.Press - Correio Braziliense
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