Além de gostos culturais, o
professor universitário encontrou no Conic amigos e amores de todo o Distrito
Federal. Resultado: boas e incríveis lembranças.
Alex Vidigal e a louca vida do Conic Para o
cineasta, o Setor de Diversões Sul é a cabeça, tronco e cultura da cidade. Sua
formação artística surgiu dos cinemas, lojas e festas do point preferido de
várias tribos
24 dias para os 60 anos de Brasília Em
homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência
Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas
que declaram seu amor à cidade.
“Minhas lembranças de lar em Brasília não são dos
inúmeros apartamentos os quais morei. Seja nas 400, 300 ou 100 da Asa Sul. Nem
em um condomínio nas 200 da Asa Norte. Inclusive, hoje em dia, não vejo mais o
prédio quando passo de ônibus pelo local: construíram um novo edifício em
frente. A memória de um lugar como casa sempre foi o Setor de Diversões Sul, o
Conic.
Nascido em uma família que não era de funcionários
públicos, o comum na minha infância, e parte da adolescência, era ficar no
comércio do meu pai. Ou melhor, trabalhar ali boa parte do tempo.
O espaço que vos
falo é um Conic das reminiscências. Ainda um lugar de todos os lugares do DF,
mas que se transforma como tudo o que é verdadeiramente vivo nas cidades, em
qualquer lugar.
Nas horas livres, eu frequentava as salas de
cinema: Atlântida, Bristol, Miguel e Badya (anos depois o Ritz, por mim mesmo).
Eu entrava de graça, pois meu pai conhecia todos dali. Essas tardes (e noites)
de filmes me fizeram o professor e diretor de audiovisual que sou, por obras
como Batman, de Tim Burton ou Inferno no Gama, de
Afonso Brazza.
E como não resgatar as conversas escorado no balcão
da Kingdom Comics sobre quadrinhos de Jack Kirby, Laerte e da Revista Samba. No
final do expediente, tomar uma cerveja no Fliperama e, quem sabe?, jogar uma
partida de Pinball ou mesmo Street Fighter esperando o começo das “diversões
noturnas” que o setor oferece.
Também lembro de um Conic de descobertas musicais
nas lojas. Seja na Discovery, onde ouvi pela primeira vez Racionais e Câmbio
Negro. Na Berlin Discos, com Ratos de Porão e Raimundos. Na Megatribe, ao som
de Kraftwerk e Isn’t & The Six. E na Fun House, terra de Stooges e Prot[o].
Devido a essas lojas, encontrei o que gostaria de
ouvir e futuramente tocar nas festas do próprio local, como: Frenética, Birosca
e Toranja, além de tantas outras. Foram e ainda são noites de muitas
descobertas musicais e pessoais.
Além de gostos culturais, encontrei no Conic amigos
e amores de todo o Distrito Federal (poderia tentar parafrasear aqui o trecho
da Letra Rios, Pontes e Overdrives para tentar falar desses
lugares, mas não conseguiria).
Porém, o espaço que vos falo é um Conic das
reminiscências. Ainda um lugar de todos os lugares do DF, mas que se transforma
como tudo o que é verdadeiramente vivo nas cidades, em qualquer lugar.
E, no fim, ainda sei que posso ter o Mercadinho do
Natinho pra encontrar uma camiseta de Brasília que pareça com a cidade que
conheço. Não a dos cartões-postais da Rodoviária.
Alex Vidigal, 40 anos, professor universitário,
discotecário e cineasta, mora na Asa Sul
Agencia Brasília - Foto: Arnon Gonçalves
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BRASÍLIA 60 ANOS