Aos profissionais
da saúde, com amor
*Por Ana
Dubeux
Por trás de
roupas, óculos e máscaras de proteção, pouco vemos seus rostos cansados e mal
podemos imaginar o grau de cansaço de seus corpos. Uma carga de trabalho, que,
além de noites não dormidas e muitas horas sob condições pouquíssimo seguras,
inclui a frustração de não conseguir salvar todas as vidas, o medo do contágio
e a incerteza diante do que virá. Mais do qualquer um de nós, os profissionais
de saúde são hoje reféns do coronavírus. Não estão apenas num grupo de risco,
eles convivem diariamente e diretamente com o perigo.
A maioria, quando decidiu a profissão, de alguma forma sabia que seria uma vida de duro trabalho, de dedicação ao próximo, de muito estudo. No entanto, certamente não imaginaram um cenário dessa natureza. Ser profissional de saúde — médico, enfermeiro, técnico em enfermagem — sempre foi uma missão. Mais do que isso, um sacerdócio que inclui doses de muito sofrimento e sacrifícios pessoais. Agora, eles são combatentes de uma guerra.
No Distrito Federal, quase 25 mil profissionais de saúde vivem nessa trincheira. Saem e chegam em casa sem saber se levam em seus corpos um vírus que pode adoecê-los e colocar em risco também suas famílias. Vivem num constante vaivém de emoções. Nada deve se comparar ao sentimento gratificante de salvar vidas, mas também é incomparável assistir a morte de mãos atadas, sobretudo se ela vier pela falta de um respirador, um leito de UTI, um equipamento de proteção.
Ali, à beira dos leitos, eles lidam também com seus sentimentos em relação à finitude da vida. Medo e coragem, fé e desalento, desespero e esperança. No dia a dia, assistimos a vídeos e mensagens de muitos deles, pedindo: fiquem em casa! Nas fotos que se espalham ao redor do mundo, só enxergamos os olhos e os apelos escritos em cartazes. Por eles e por nós, devemos seguir o que pedem.
Você, que ainda perambula pela rua achando que está em plena segurança, pense naquele que pode salvar sua vida ou a de quem você ama. Certamente, alguém que você conhece vai ser infectado pelo coronavírus. Pode ser que ele nem tenha a chance de chegar a um hospital, ser atendido e voltar para casa. Ficar em casa é aumentar essa possibilidade. Isolamento é prevenção, remédio e consciência. É também um gesto de humanidade e um tributo aos profissionais de saúde.
(*) Ana Dubeux –
Editora Chefe do Correio Braziliense – Fotos(funcionários da Saude do DF)/Ilustração: Blog-Google
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