"O brasileiro não sabe se escuta o ministro da saúde ou o presidente da república."
Por Victor Dornas
Em entrevista à rede Globo, no palácio das Esmeraldas, sede
do governo goiano de Ronaldo Caiado, com anuência do DEM, o ministro da saúde Henrique
Mandetta, com semblante esgotado, um político de carreira e ortopedista, praticamente assinou a sua carta
de irresignação. Parecem muitas informações numa única sentença?
Não é por acaso.
Não é por acaso.
O pronunciamento de Mandetta pareceu de um presidente
da saúde. Nunca se viu tanta insubordinação numa cadeira ministerial, sendo que
a demissão, agora inevitável, funciona como um divórcio onde a partilha dos
bens é das mais complexas. O bem maior, no caso, é o capital político, já que
Henrique sai maior do que entrou.
Isso diz a tônica das próximas eleições.
Enquanto no último pleito a moda populista foi antagonizar a
ameaça demoníaca materializada na prisão de um ex-presidente e de uma crise de
recessão histórica, o DEM de Rodrigo Maia enxerga na população um ânimo pelo
posicionamento ponderado.
Henrique pode não ser candidato, mas entona a imagem modelo
para aquele que quiser rivalizar com o leão populista, Jair Bolsonaro.
Fala amena, acessível, dirigida ao povo. Mandetta ontem deu
aula de política. E Bolsonaro não está apenas frustrado por não ter um ministro que o
apoie, mas através da sombra de Henrique Mandetta ele já enxerga seu próximo
adversário e provável sucessor. O homem que virá em 2022, possivelmente é de alma mansa,
visto que o povo está com medo.
O vírus falou mais alto.
Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas Foto/Ilustração: Blog-Google