O Eixão do Lazer, que ocorria
aos domingos, teve de ser suspenso. A avenida permanece aberta para os carros,
mas a movimentação diminuiu
*Por Sarah Peres - Walder Galvão
Só o isolamento salva. Brasília
perde a liderança e cai para o quarto lugar no ranking das unidades da
Federação que mais respeitam o distanciamento social. Para os próximos dias, é
esperado o período em que a capital deve atingir o pico de registros da Covid-19
Com mais de
600 casos registrados de coronavírus e 14 mortes, o Distrito Federal perdeu o
primeiro lugar no ranking das unidades da Federação que mais respeitam as
medidas de isolamento estabelecidas pelo Executivo local. Apesar de cair do
posto, levantamento de uma empresa de softwares, que monitora a localização da
população, mostra que o índice da capital cresceu desde a última quinta-feira,
passando de 56,47% para 62,5%. Agora, o DF fica atrás do Piauí (63,9%), do Rio
Grande do Sul (62,8%) e do Amapá (62,7%).
O Governo do
Distrito Federal (GDF) foi o primeiro a publicar decretos que orientavam o
distanciamento social. Inicialmente, suspendeu as aulas em escolas e
faculdades, públicas e privadas. Posteriormente, interrompeu toda atividade
comercial das regiões administrativas. Entretanto, nas últimas semanas, o
Executivo local passou a flexibilizar as restrições e permitiu a abertura de
bancos, feiras de alimento, lojas de móveis e outros segmentos.
O isolamento
social é a única forma comprovada de combater a rápida disseminação do novo
coronavírus, pois não existem remédios ou vacina. De acordo com o
vice-presidente da Sociedade de Infectologia do DF, Alexandre Cunha, é difícil
prever exatamente quando ocorrerá o pico da doença, pois não há testes
extensivos para a população, o que impede os especialistas de fazerem
especulações. Ainda assim, a Secretaria de Saúde estima que a maior incidência
da doença acontecerá na segunda quinzena deste mês.
Sobre a
liberação para funcionamento de alguns setores, Alexandre ressalta que a medida
deveria ser adotada mais lentamente e não a cada semana, como acontece no DF.
“Os resultados da flexibilização só podem ser observados a cada 10 ou 15 dias.
Caso isso não seja respeitado, pode haver um descontrole e não dá mais para
voltar atrás”, alerta.
O médico ainda
reforça que o isolamento precisa ser seguido para que não haja proliferação da
doença. “A única medida que temos é o isolamento social. Não há vacinas ou
remédios. A gente precisa de testagem mais ampla da situação, para que os
epidemiologistas possam calcular quando será o pico e a porcentagem da
população que está imunizada. Agora, parece cedo para grandes flexibilizações”,
destaca.
Punição: A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do
Ministério Público Federal (MPF), divulgou nota aos gestores das unidades da
Federação do Brasil. De acordo com o texto, caso algum chefe de Executivo
decida flexibilizar as medidas de distanciamento social, deverá assegurar a
oferta de um sistema de saúde com disponibilidade suficiente de respiradores,
equipamentos de proteção individual (EPIs), testes laboratoriais, além de
leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) e internação, capazes de absorver
o eventual impacto do aumento dos casos de Covid-19
De acordo com
a PFDC, as unidades da Federação que descumprirem a medida podem responder
ainda por improbidade administrativa. A nota pública frisa que a retirada das
medidas de restrição “pode significar uma diferença de mais de um milhão de
vidas”. Além disso, o texto ressalta que, se não existissem as restrições, 90
milhões de brasileiros poderiam ser infectados em até 250 dias – 280 mil
pessoas morreriam e haveria 2 milhões de internações. O órgão reconheceu que a
paralisação da atividade econômica e da vida social traz prejuízos para a
execução de diversos direitos fundamentais, mas é uma medida necessária durante
a pandemia.
Por meio de
nota oficial, o GDF informou que a retomada da atividade econômica está
fundamentada em dados técnicos, cujo objetivo principal é a saúde pública.
“Todo o planejamento foi feito há um mês, quando foi iniciado o enfrentamento
da Covid-19. Portanto, as ações estão sendo executadas no tempo previsto”,
ressaltou o texto. Ainda segundo o Executivo, a Secretaria de Economia trabalha
com a hipótese de que o GDF possa, a qualquer momento, voltar atrás e suspender
as atividades, caso venham causar risco à população.
DF ultrapassa 600
registros de infecção: Após 38 dias
do primeiro diagnóstico de coronavírus no Distrito Federal, o número de casos
confirmados ultrapassa 600. Levantamento da Secretaria de Saúde, ontem, mostrou
618 registros da Covid-19 e 14 mortes. Análise da pasta indica que a taxa de
letalidade da doença na capital é de 2,3%. De acordo com o boletim, 148 pessoas
constatadas com a enfermidade estão recuperadas. Apenas no domingo de Páscoa,
houve 26 diagnósticos.
Dos casos
confirmados, 18 são considerados infecções graves e 38, moderadas. A maioria
dos pacientes são homens (363) e o restante, mulheres (255). Além disso, a
maior taxa de contaminação ocorre em pessoas de 30 a 39 anos (179). Em seguida,
vem o grupo com idade de 40 a 49 anos (141).
Com 168 casos
confirmados, o Plano Piloto segue como a região administrativa com mais casos
da doença. Em segundo lugar, está Águas Claras, com 65 notificações, e, em
terceiro, o Lago Sul, com 62 registros da doença. Apesar de estar em segundo
lugar no número de notificações, um homem em um carro de som pedia o fim do
isolamento na cidade no sábado. Na semana passada, protesto semelhante
aconteceu no mesmo bairro.
Medidas: Por nota oficial, a Secretaria de Saúde esclareceu que toma as medidas
necessárias para atender à demanda crescente de pessoas contaminadas pelo
vírus. “Estamos adquirindo testes rápidos, respiradores, e também construindo o
hospital de campanha no Estádio Nacional Mané Garrincha. O Hospital Regional da
Asa Norte (Hran) é referência no tratamento de pacientes de coronavírus. Por
conta disso, foi esvaziado e, atualmente, está recebendo somente pacientes com
Covid-19, sejam adultos ou crianças”, informou.
(*) Sarah Peres -
Walder Galvão - Fotos: Ana Rayssa/CB/D.A.Press - Minervino Júnior/C.B/D.A,Press
- Correio Braziliense
Tags
CoronaVírus