Lojas apostam nas vendas pela
internet para diminuir os impactos da crise provocada pelo coronavírus
Prejuízo nunca
visto antes.Perspectiva do Sindivarejista é de que o Dia das Mães deste ano
tenha a pior arrecadação para o comércio do DF em 60 anos
O Dia das Mães deste ano entrará para a história do
comércio do Distrito Federal como o pior desde a fundação de Brasília. A data
comemorativa é a segunda de maior relevância em termos de arrecadação para o
varejo, ficando atrás apenas do Natal. No entanto, de acordo com o Sindicato do
Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), o prejuízo previsto para a
festividade em 2020 não tem precedentes.
Para a entidade,
ainda não há como quantificar o impacto econômico em função do fechamento do
comércio provocado pela pandemia do novo coronavírus. Entretanto, o faturamento
de mais de R$ 90 milhões alcançado no ano passado é uma realidade impossível.
“As lojas estão fechadas. Este ano, o varejo vai amargar um prejuízo muito
grande neste período. Economicamente, para nós, esta data, simplesmente, não
vai existir”, afirmou o presidente do Sindivarejista, Sebastião Abritta. Ele
calcula que, pelo menos, 20 mil pessoas perderam o emprego em diferentes
setores da cadeia produtiva
Sem poder abrir as
portas, empresas buscam minimizar os danos da crise por meio do comércio
eletrônico. “O varejo está tendo que se reinventar, com vendas pela internet e
delivery”, avaliou Abritta. Marcela Reis, 37 anos, é dona de uma loja de roupas
na 112 Sul. Fundada pela mãe da empresária há 40 anos, o estabelecimento está
fechado há cerca de dois meses e nos primeiros dias, o faturamento quase zerou.
Marcela acredita que terá um prejuízo de 80% no Dia das Mães. “Acho que não
vamos vender nem 15% do que vendemos normalmente na data”, lamentou.
Para tentar
diminuir o impacto das medidas de restrições no comércio implementadas no DF, a
empresária colocou em prática planos que estavam parados. “Com a loja fechada,
nós não conseguimos vender muito, porque roupa não é um bem essencial que as
pessoas estejam precisando no momento. Éramos uma loja que não tinha o site
funcionando e, agora, estamos trabalhando com atendimento pela internet há
cinco dias. Era um projeto antigo, que estava um pouco engavetado, mas
corremos, e colocamos para funcionar neste período. Estamos atendendo os
clientes por meio do WhatsApp também”, explicou.
Além disso,
Marcela fez parcerias com outros empresários, como forma de fortalecer o
comércio local e reduzir os impactos da pandemia no varejo. “Fizemos parceria
com lojas de outros seguimentos da cidade, como de flores e chocolate. Para dar
uma experiência legal para o cliente, na qual ele consiga comprar um presente
mais completo. Acredito que unindo os comerciantes do DF, a gente consiga sair
desta crise mais rápido”, defendeu Marcela.
Contra a
corrente: Em meio às incertezas e perspectivas negativas, há
quem consiga alcançar resultados inesperados. Dona de uma marca de joias,
Isabella Nasser, 36, teve um aumento de 20% nas vendas em relação ao ano
passado. “Eu sempre vendi pela internet. De início, achei que poderia ser um
problema não ter o atendimento físico, mas não foi, porque já tinha experiência
com o comércio on-line. O meu medo era mais em relação ao humor das pessoas
para comprar joias em um cenário como este. Mas, desde março, tenho tido um
ótimo resultado. Maior, inclusive, do que em 2019. Meus clientes ficaram um
pouco sem saber o que aconteceria em um primeiro momento, no entanto, depois, o
movimento voltou completamente. Esse fator de vender pela internet foi muito
importante”, analisou a empresária. Até o fechamento do comércio não essencial,
Isabela vendia suas peças em um escritório, no Lago Sul.
Procurado pelo
Correio, o Governo do Distrito Federal (GDF) afirmou, em nota oficial, que
reabertura do comércio acontecerá a partir de 11 de maio, e levará em
consideração avaliações de especialistas, critérios científicos e dados
técnicos. De acordo com o GDF, a manutenção do funcionamento dos
estabelecimentos comerciais dependerá do cumprimento das medidas que o
Executivo local vier a estabelecer para garantir a segurança da população.
Segundo o Palácio
do Buriti, algumas das regras que deverão ser adotadas pelas empresas são: o
uso obrigatório de máscaras por funcionários e clientes, manter o
distanciamento social dentro dos estabelecimentos e fazer a testagem dos
colaborados para detecção do coronavírus. Álcool em gel e equipamento para
aferição de temperatura também deverão estar disponíveis em todas as lojas.
Matheus Ferrari - Foto: Ana Rayssa/CB/D.A.Press - Correio Braziliense