Hospital de Ceilândia passou por
adequações e terá 10 leitos individualizados de UTI exclusivos
*Por Walder Galvão
HRC vira unidade de refêrencia. Hospital
Regional de Ceilândia terá UTIs exclusivas para tratamento de pacientes com
coronavírus. A cidade é a região mais afetada pela covid-19 no Distrito
Federal. Ontem, DF registrou recorde de novos casos, foram 1.285 confirmações
Após três meses do primeiro
diagnóstico de coronavírus no Distrito Federal, Ceilândia tornou-se epicentro
da doença, com o maior número de casos confirmados e de óbitos. Devido à
incidência, na quinta-feira, o Executivo local instalou um gabinete de crise na
região para tentar frear a disseminação da doença. Além disso, o hospital
regional da cidade passa a ser referência no tratamento à covid-19.
A partir de hoje, a unidade de
terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) será exclusiva
para pacientes com coronavírus. O lugar passou por adequações para receber os
infectados e os leitos foram individualizados para facilitar o processo de
desinfecção. Ao todo, são dez vagas para os diagnosticados.
Ainda, na segunda-feira, o
pronto-socorro ortopédico e da cirurgia-geral da unidade será transferido para
os hospitais regionais de Santa Maria e Taguatinga. A medida é temporária e
entra em vigor para abrir espaço para que o HRC possa receber mais pacientes
com coronavírus. Segundo a Secretaria de Saúde, o remanejamento dos pacientes
de outras especialidades será mantido por, pelo menos, 60 dias.
Ontem, o DF registrou 1.285 casos
de coronavírus, maior quantidade de diagnósticos em um dia. Dos infectados, 72
têm quadro clínico considerado grave e 235, moderado. No mesmo dia, cinco
pessoas perderam a vida para a covid-19 na capital. As vítimas tinham idade
entre 40 e 90 anos.
Gabinete de crise: Boletim mais recente da Secretaria de Saúde mostra
que Ceilândia tem 1.601 diagnosticados e 40 mortos pela covid-19. Ao todo, o
Distrito Federal tem 14.208 casos e 186 óbitos provocados pela doença. Por
isso, um gabinete de crise foi instalado na cidade, para que representantes da
pasta possam tomar medidas a fim de diminuir a incidência da doença e dar conta
do fluxo de pacientes.
Ao Correio, o subsecretário de
Vigilância à Saúde, Eduardo Hage, informou que a pasta realizou visitas em
algumas regiões, como Ceilândia, Samambaia e Estrutural, para checar se as
recomendações dos órgãos sanitários estavam sendo cumpridas. “Como Ceilândia
está com maior número de casos, decidimos reforçar as ações no campo da saúde.
Uma das coisas que observamos é que de 20% a 30% das pessoas não usam máscaras
ou utilizam de forma inadequada”, ressaltou.
Entre as medidas que o gabinete de
crise deve adotar nos próximos dias, está o fortalecimento da atenção
hospitalar. “Na quinta-feira, foi publicado edital para a construção do
hospital de campanha, que deverá ser readequado para uma unidade permanente,
após a pandemia. Além disso, pretendemos ampliar o teste rápido para 18
unidades básicas de saúde da região. Dessa forma, poderemos cessar o modelo
itinerante”, esclareceu.
De acordo com Hage, a divulgação
do resultado de exames dos moradores de Ceilândia terão prioridade. A pasta
pretende lançar um aplicativo para que os profissionais de saúde consigam
acompanhar o quadro clínico dos pacientes em isolamento domiciliar. Segundo o
subsecretário, o gabinete de crise poderá ser implementado em outras regiões
administrativas de grande incidência da doença, porém, o foco, no momento, é
Ceilândia.
OAB faz vistoria: Vistoria da Ordem dos Advogados do Brasil no
Distrito Federal (OAB/DF) encontrou irregularidades no HRC. De acordo com a
presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB/DF, Alexandra Moreschi, a
unidade recebia pacientes com o novo coronavírus, antes de se tornar
referência. “Encontramos oito pessoas com suspeita e três casos confirmados”,
disse. Segundo Alexandra, esses pacientes deveriam ser encaminhados a hospitais
de referência, para evitar contaminação na unidade.
De acordo com o subsecretário de
Vigilância à Saúde, como aconteceu em Santa Maria, Ceilândia passará por uma
ampliação para receber mais pacientes de coronavírus. “Vamos aproveitar a
estrutura do hospital, evitando deslocamento. Isso faz parte da centralização do
atendimento”, considerou.
(*) Walder Galvão – Foto: OAB-DF - Correio Braziliense
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