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ESSA GUERRA NÃO É NOSSA (Coluna Victor Dornas)



Por Victor Dornas

Tenho simpatia pelo ator James Woods pois cresci assistindo seus filmes. O melhor deles? Era uma vez na América, do Leone. Woods é desses atores que optaram pela militância política virtual. Numa análise mais superficial, não há problema algum nisso, visto que o ator não abdica de sua vida particular, por óbvio. Ocorre que o ator, quando se posiciona dessa forma, envolve necessariamente uma simbologia, de modo que o Mark Hamill, o Luke Skywalker, por exemplo, quando ataca o presidente Trump diariamente nas redes, acaba vinculando indiretamente o nome Star Wars nisso tudo, sem ter culpa disso logicamente.

Woods, por sua vez, é apoiador ferrenho do Trump. A questão que me chamou atenção é que, em virtude do movimento político “Black Lives matter” funcionar também como arma contra a reeleição de Trump que é frequentemente adjetivado como racista pela mídia progressista, os republicanos ficaram mais aguerridos em defender teses de que o movimento na verdade atiçaria o conflito racial ao invés de promover a paz.

Todo movimento coletivista que aufere de grande repercussão e poderio político tem muitos contrastes. Ali terá de tudo, pessoas bem intencionadas de todo tipo, oportunistas e aqueles que buscam capitalizar a onda de protestos para seus interesses pessoais sem estarem nem um pouco preocupados com a causa em si. É próprio do coletivismo camuflar verdades indigestas, isto é, “tudo pela causa”. Isso acontece não apenas com movimentos de cunho racial, mas em qualquer protesto de grande vulto que massifique pessoas de modo identitário.

O problema é que James Woods, assim como muitos outros republicanos que tinham alguma razão em suas críticas, começaram a adotar táticas de guerra ideológica no mínimo bizarras. Woods agora compartilha em suas redes vídeos e imagens de pessoas negras cometendo crimes grotescos. Num deles, uma senhora negra chuta um bebê por minutos. Noutro vídeo, aparece um jovem negro que  incendia um mendigo com uma espécie de coquetel molotov e sai rindo.

Ao invés de pregar a paz para reforçar sua crítica de que o movimento dos democratas atiça o invés de integrar, Woods ao difundir essas bizarrices acaba incentivando o ódio de seus seguidores, isto é, faz exatamente a mesma coisa que aquilo que há de pior em qualquer movimento coletivista. Ele prega uma violência reativa supostamente justificada e insufla a raiva.

A globalização permitiu um intercâmbio de mercados no cenário geopolítico que não apenas catalisa o progresso, mas também promove instrumentos de paz, pois países cooperam mutuamente na divisão tecnológica para fins benéficos a todos. A questão da assimilação cultural é que chama mais atenção, pois ainda que o Brasil seja um país racista e tenha melhorado bastante nisso, a guerra racial aqui nunca funcionou dessa forma. Quem viveu nos anos 80 sabe que o racismo era muito mais agressivo até legitimado por grandes corporações de mídia que hoje buscam reparar o dano causado.

Nós avançamos a discussão, aperfeiçoamos a lei penal, contudo agora preocupa a insurgência de grupos politizados, financiados por organizações internacionais, que, com o apoio da grande mídia promovam o quebra-quebra com bandeirinhas de falácias nada democráticas. Nós aqui sempre tivemos jogo de cintura, enquanto o americano é duro. O brasileiro é mais calejado, sábio pragmático. O quebra-quebra, de parte a parte, não tem nada a ver com a nossa cultura e a tendência com as eleições americanas terem como pauta prioritárias as questões identitárias é que o Brasil assimile essa tendência, mormente nas esquerdas.

É necessário que tenhamos uma esquerda mais moderna, adaptada ao nosso jeito de conduzir as questões mais sérias, isto é, na base da palavra e não da guerra civil. A esquerda de um modo geral condiciona também os mecanismos reativos da direita, de modo que quanto mais se gritar com violência, mais violenta também será a resposta, tal como se percebe nas posições do ator James Woods. 

A guerra que ocorre nos Estados Unidos não é de progressistas conta conservadores, como muitos imaginam. Esse tipo de guerra perdura por tanto tempo que as pessoas se esquecem das pautas e fica só uma casta putrificada. Palestinos contra Israelitas, por exemplo. A guerra ideológica dura o tempo que for necessário para desumanizar as pessoas envolvidas de modo que não há mais diferença entre um lado ou outro.

Que fiquemos atentos para salvarmos alguma coisa da cultura brasileira. O quebra-quebra, as explosões, são mais do estilo hollywoodiano. Nosso jeito de contar histórias aqui é mais sutil e, de certo modo, mais verdadeiro também.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google



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