O Partido dos Trabalhadores não ratifica manifesto dos tais “70
% de bobos pela democracia”, pois, nas palavras do próprio Lula, o PT "não se alia
com golpista como Fernando Henrique Cardoso". A justificativa da imprensa tucana
é que o PT só aceita o papel de protagonista, mas isso não importa. Aquilo que
realmente importa é ver o triste fim de FHC, isto é, nessas alturas da vida
sendo surrado publicamente por um presidiário virtual. Procurou, achou.
Por Victor Dornas
Fernando Henrique Cardoso, o oposto de Itamar Franco que, por
sua vez, foi o melhor presidente que tivemos, foi o autor de algumas obras
nefastas que tiraram o país dos trilhos. A primeira delas é que Fernando, que
nunca foi empresário, resolveu empunhar a bandeira liberalista de fachada, pois
tudo que fez foi inchar o Estado, criar um monte de agências reguladoras, demonizar
as privatizações e, o pior de tudo, importar do berço do liberalismo aquilo que
eles fizeram de pior, ou seja, criar a possibilidade de reeleição.
Nos Estados Unidos os vícios inerentes à reeleição são
tolhidos por uma legislação mais hábil e por órgãos eficientes, porém, no
Brasil, significou maquiagem fiscal com escopo eleitoral. Tudo que mais afasta
investidores de um país é um presidente que oculta informações econômicas e foi exatamente isso que
Dilma fez ao editar créditos suplementares sem a anuência legislativa. Os
petistas dizem que isso era prática comum em todos os governos. Ocorre que a
legislação fiscal não é tão antiga assim, são passos lentos daquilo que nunca
conseguimos efetivar, isto é um teto de gasto que seja inteligente e não frustrador da boa gestão.
Nota-se: A despeito da verborragia militante, Dilma pedalou
numa manobra eleitoral.
Ocorre que, no Brasil, em virtude do descompasso institucional
aberrante, nós achamos aceitável depor um presidente sem condená-lo depois,
isto é, mantendo a usina de lorotas políticas de gente que se diz inocente por
complacência de uma corte suprema formada por advogados indicados por estes próprios
políticos. Poucas coisas fizeram tão mal ao nosso país como o sistema de reeleição,
um sistema presidencialista assaz pesado, frisa-se por oportuno.
A verdade é que termos acadêmicos como "liberalismo" são deturpados de um
modo tão chulo no "debate" político brasileiro que se torna difícil explicar ao
contribuinte que dinheiro mal gasto independe de frase feita. E quando o político,
no Brasil, vislumbra uma gestão de 8 anos, ele passa a condicionar seus atos ao
populismo do dia a dia pois tudo que o mal gestor precisa é de mais e mais
tempo para admitir suas próprias falhas.
O PT de fato não endossa nenhum manifesto pluralista pois se
trata de uma rixa que adora um único deus, o injustiçado que, a despeito do sindicalismo,
ao se tornar político tornou-se amigo íntimo do pior tipo de sanguessuga na
política, isto é, aquele empresário que usa a política para impedir a
possibilidade de risco de seu próprio empreendimento. Nada irritaria mais um
estudioso como Marx ao ver seu nome sendo usado por gente que usa a máquina
para privilegiar grupelhos de empresários oligopolistas e, independentemente de
crime, foi exatamente isso que Lula fez. Socialista que serve de escada para
oligopolista. Um clássico!
Fernando Henrique sempre gostou de Lula por ter a visão turva
de um teórico que pensa saber mais da realidade do que qualquer outra pessoa.
Um sociólogo cheio de si. Acha, ainda, que Lula é democrático e que seria uma espécie
de aluno, um pupilo que, embora tenha adotado um caminho diferente, ainda
entenderia o valor da cumplicidade política. Da má política, ou seja, do teatro
do enfrentamento ideológico para depois todos juntos, nos bastidores,
degustarem um bom vinho. Lula não quis isso, pois não gosta nem do cheiro de
Fernando Henrique. E agora sai por cima, legitimado pelas trapalhadas do STF
para manter sua militância ativa até escolher um novo preposto para 2022.
A reeleição no Brasil é um sistema tão nojento que só poderia
ter saído de uma mente bem intencionada. E confesso que me apraz ver uma força
da natureza como Lula, o presidiário virtual que reflete como poucos o que o
brasileiro cultiva de pior, colocando um sujeito tão bem intencionado como Fernando
Henrique em seu devido lugar, lá na xepa política que só agrada desavisado. O fim da feira!
Na republiqueta das bananas, Fernando Henrique é o banana
maior.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google .
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google .