*Por Victor Dornas
Um dos maiores méritos
do governo federal atual é a capacidade de mobilizar discussões sobre questões
urgentes que há tempos são sonegadas pelo debate político brasileiro. A questão
do saneamento, por exemplo, precarizado pelo monopólio estatal incapaz de gerir
aquilo que se diz na dita esquerda como “sagrado demais para ser tratado como
negócio” é um exemplo de como a ideologização de questões primordiais atravanca
o progresso social.
O governo agora avança para outras pautas,
dentre elas a chamada privatização dos presídios. Por conta dos monopólios privados decorrentes de privatizações pregressas mal feitas retoma-se então ao debate por outro monopólio:
O monopólio das virtudes!
Assim como no caso do
saneamento, o envolvimento de empresários com os presídios atrai a mão pesada
daqueles que demonizam e desconhecem o verdadeiro valor social do mercado. No caso
do saneamento estatizado que deixa à míngua mais de cem milhões de brasileiros,
o projeto por fim aprovado que previa a geração de mais de 700 mil empregos e
investimentos de mais de 700 bilhões incomodou bastante. Nesse sentido, não é
forçoso prever que o estabelecimento de parcerias público-privadas para
transformar presídios em algo mais do que depósitos de ociosos também irritará essa
crosta verminosa de inconsequentes que se definem esquerda e interpretam que tudo
deve ser feito no estado, ou seja, nada além do que reacionários.
Uma das principais
vozes do governo no sentido de modernizar questões essenciais é a secretária
especial do programa de parcerias de investimentos Martha Seillier que vem
aprimorando a definição de projetos de presídios nos moldes do Complexo
Penitenciário Público e Privado de Ribeirão das Neves, Minas Gerais. Nobre leitor, não é
curioso que um projeto como este que tem mais de seis anos e vem apresentando
sucessos reiterados de modelo de gestão seja ocultado pela grande mídia quando
um dos maiores problemas brasileiros são os índices de violência que nos
colocam no topo das estatísticas mundiais como sendo um povo extremamente
violento?
A grande mídia que vive
de aparências não costuma endossar debates frutíferos por receio de expor a
beligerância daquilo que somos de fato e não aquilo que nossa elite costuma parecer. Todo esse atraso tem
fulcro na hermenêutica (interpretação) desastrosa de ideologias mortas que
ensinam que o empresário é uma figura do mal. Então quando se fala de
atividades essenciais, cria-se um vespeiro jurídico no congresso e partidos
satélites do PT logo se mobilizam para impedir que as coisas avancem e, com
isso, fiquemos sempre estacionários.
Não é curioso, também, que gente tão
reacionária assim se defina como esquerda ou progressista? O nobre leitor já se
inteirou daquilo que significa esquerda nos Estados Unidos? Lá, a esquerda tem
muito a ver com liberalismo também, de modo que ideias tão estúpidas, como, por
exemplo, deixar à subserviência de burocratas que jamais geriram nada, uma
série de setores com potencial produtivo com escala bilionária, tais como água,
presídios, dentre outros, jamais seria considerada viável, independentemente do
viés espectral ideológico.
No Brasil, entretanto,
ainda cultivamos essa coisa na desculpa de que um país pobre precisa de uma
atenção maior do estado, ou seja, uma fiscalização maior sobre a produção
menor. Algo sem qualquer respaldo lógico que só consegue ser implantado com
muita ideologização.
Os intelectuais dessa
dita esquerda já preparam os seus dossiês deturpando estudos científicos sobre
como a privatização de presídios não surte, em tese, os efeitos esperados em
países mais desenvolvidos que seriam o nosso modelo. O cientificismo adora uma
ideologização e hoje a nova igreja do atraso se dá por meio do tal dogma de que
“foi a ciência que disse”. Basta uma publicação de
alguém numa universidade renomada que o material automaticamente é divulgado na
grande mídia como posição daqueles campi e não da pessoa que publicou e, com
isso, cria-se uma falsa ideia de que há um consenso mundial dentre milhares de
cientistas pela adoção ideologizada daquela pesquisa específica que é
interpretada da forma que melhor convém.
Toda essa criatura pernóstica,
entretanto, não consegue sobreviver muito tempo defronte aos próprios fatos, ou
seja, que os presídios brasileiros continuam sendo depósitos desumanos de
ociosos. O projeto feito em Ribeirão das Neves mostra como da necessidade surge
um bom negócio. Lá não se fala em superlotação, ou falta de alimentos,
rebeliões e coisas do gênero.
Lógico que a realidade
de outros locais é bastante mais complexa, porém a demonização do mercado inibe
os avanços das chamadas PPPs. Não adianta ter uma lei sem que exista, com ela,
uma devida gestão executora e é justamente isso que o Ministério da Economia
busca fazer por meio de sua secretaria especial. Os obstáculos legislativos
nesse cenário de tanta ignorância dependeriam de uma anuência firme de uma
sociedade melhor esclarecida. A boa nova:
A aprovação da
privatização do saneamento já nos garantiu algum precedente.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google