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À QUEIMA-ROUPA: César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do DF


A maioria das atividades comerciais foi liberada pelo governador. O que é possível fazer para ajudar empresários e setor produtivo a saírem da crise? As idas e vindas nas decisões de retomada das atividades econômicas geraram um clima de muita insegurança para o ambiente de negócios. Assim, o mais importante é que as decisões estejam ajustadas com os demais Poderes locais (Legislativo e Judiciário) para que tenham caráter permanente. Neste segundo momento, é necessário dar atenção especial aos setores mais fragilizados — setor educacional, por exemplo — fazendo uma espécie de peneira para identificar as reais necessidades de cada um, destinando apoio técnico e financeiro para que possam superar suas dificuldades. O tempo é fator decisivo, pois nada é revolucionário, mas tudo é urgente.

Do lado dos empresários, o que pode ser feito? Quais alternativas de uma situação como essa? Cumprir à risca as regras sanitárias é prioridade para não colocar em risco a recuperação gradativa que depende do controle da pandemia. Intensificar o uso de tecnologia e rever o nível de  comprometimento de seus negócios. Reduzir os custos fixos, como renegociar o contrato de aluguel e os contratos com fornecedores. Investir na qualidade e na segurança e estabelecer planos de contingência para situações futuras de riscos. Participar de cursos de qualificação empresarial. Além disso, no tocante aos aspectos financeiros, renegociar as dívidas e buscar novas fontes de financiamento para manter a viabilidade do empreendimento. O importante é estar preparado para o momento de retorno à normalidade.

Pelo histórico do DF e pela análise do contexto atual, quais setores podem auxiliar e se destacar na retomada da economia da capital? Os setores tradicionais, como construção civil, comércio e turismo, terão papel fundamental na retomada do crescimento da região. Mas setores ligados à tecnologia e à economia criativa terão espaços cada vez maiores em nossa economia, sobretudo porque são grandes agregadores de valor. Setores ligados à infraestrutura urbana serão muito demandados em razão do aumento dos gastos do governo com essa área.

É possível estimar em que momento a crise deve arrefecer e voltar a haver crescimento na capital? Os economistas estão desenvolvendo estudos no mundo inteiro para mensurar os impactos e a duração dos efeitos da atual crise. A maioria aponta para algo em torno de dois a três anos para que a produção volte aos níveis anteriores à pandemia. No caso de Brasília, em razão das características peculiares de sua economia, acreditamos que alguns sinais de melhora já se façam presentes no primeiro semestre de 2021.

Como o senhor avaliou a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2021 aprovada pela Câmara Legislativa recentemente? Na minha visão, a lei foi elaborada com as informações disponíveis à época. Mas ela me pareceu otimista no tocante à realização da arrecadação. Os estudos atuais apontam para uma recessão mais severa do que aquela prevista nas projeções feitas na LDO. Isso poderá gerar um descompasso na realização das despesas. O importante é que se priorizem as políticas sociais, pois o cenário para este ano é de desemprego elevado, maior  informalidade e redução nas condições das empresas de contratarem mão de obra.

Que impacto pode ter a rejeição da Câmara Legislativa do programa de refinanciamento (Refis-2020) neste momento de pandemia? Particularmente, eu não sou favorável a esse tipo de programa que premia o mau pagador. Mas, o cenário atual é diferente e exige medidas fora de uma razoável lógica de arrecadação tributária. Assim, vejo que deveria ter sido aprovado o Refis, pois traria um grande alívio fiscal para o governo e um alento para a classe empresarial neste momento de absoluta excepcionalidade.

Alexandre De Paula – Foto: Rafael Castanheira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense

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