Por Victor Dornas
Ontem o presidente
Bolsonaro usou suas redes sociais para anunciar o repasse do importe de 2 bilhões
de reais para o Pará, um estado com mais ou menos 8 milhões de
pessoas, como forma de subsídio no enfrentamento viral. Hoje pela manhã, a
União Europeia anunciou num simpósio o plano de recuperação econômica de
Portugal, um país de mais ou menos 10 milhões de pessoas. O programa prevê
repasses sucessivos que totalizarão 750 bilhões de euros para toda a Europa em
6 anos, sendo pra Portugal especificamente uma injeção imediata de 15 bilhões
de euros no enfrentamento do vírus e depois mais 30 bi.
Qual a diferença entre nós e eles? Dentre inúmeras, a presença de um bloco econômico de cooperação internacional.
Qual a diferença entre nós e eles? Dentre inúmeras, a presença de um bloco econômico de cooperação internacional.
A União Europeia não
passa por seus melhores dias, é verdade. Países como a Inglaterra avaliam sua
viabilidade e crises econômicas desafiam o modelo do bloco econômico. Ainda
assim, em tempos de pandemia, se percebe a diferença entre países democráticos
que cooperam entre si e nós aqui, ladeados por ditaduras sanguinárias e
ideologizados pelo atraso de mentalidade de mundo. Nos acostumamos a delegar fracassos, porquanto a ruína do Mercosul não se deu por
incapacidade gerencial nossa e sim por culpa de gente lá de fora. Talvez dos
americanos, ou quem sabe dos alienígenas também. Nossa? Jamais.
O Brasil funciona como
uma espécie de irmão maior desse grupo de países totalmente perdidos em
ideologias que não propiciam outra coisa senão o atraso e o desperdício de
potencial produtivo. Tudo que é feito aqui repercute bastante nesse grupo que
persiste independentemente de uma formalização de cooperação internacional.
Certos fenômenos são reais, de modo que a instrumentalização jurídica opera
como um norte orientador e não como responsável pela origem do fenômeno em si,
que existe de qualquer forma. A América do Sul é um ecossistema administrativo,
quer se queira ou não. Sempre que um governante nosso demonstrar hostilidade
com relação a qualquer país vizinho ou próximo, independentemente de haver ou
não razão em sua fala, o sentimento é de derrota.
Derrota, pois o
Mercosul, se fosse um bloco sadio e não ideologizado por politicagem da pior
espécie, representaria uma nova realidade para todos os envolvidos. O Brasil
hoje se vê muitas vezes na dependência contratual com países bastante distantes
e que, em certos casos, não tem qualquer simetria cultura conosco. Muitas
dessas demandas poderiam ser melhor negociadas se vivêssemos uma realidade mais
próspera em nosso continente.
Superadas as
obviedades, o ponto principal é: Após tantas décadas de gestão socialista no
Brasil e a imensurável influência disso na miséria de nossos irmãos menores, como
podemos iniciar um processo de retomada em nosso bloco de cooperação quando não
conseguimos resolver nossos próprios problemas? Como negociar com ditadores?
Não há uma reposta
simples para algo tão complexo, porém há sim algumas ideias simplórias que podem
fazer bastante diferença. A primeira delas é a disseminação de uma cultura
política melhor instruída em nosso país para que não elejamos, de maneira
alguma, qualquer governante que manifeste o mínimo de simpatia que seja por
este grupo de ditadores. Por isso, enquanto tivermos um partido como o PT
dominando nosso poder mais influente, ou seja, o Legislativo, não só com suas
cadeiras mas também com seus inúmeros partidos satélites, não haverá a
aprovação de qualquer programa ou iniciativa que responda com a seriedade
devida aos anseios democráticos de grupos sufocados por essas ditaduras. Ao
contrário, conforme visto na gestão do presidiário virtual Lula e de sua
preposta, a ideia era de simpatia, com chazinhos, fotografias sorrindo e
financiamentos bilionários dos mais perversos.
A partir do momento que
o Brasil estratifique a convicção de repúdio democrático diante de ditaduras
por meio de eleições sucessivas de representantes que repudiem tais modelos de
governo, o passo seguinte será cooperar para disseminar o fluxo de livre
informação nesses países, de modo que o próprio povo de cada um deles encontre
os meios necessários para romper com essa doença ideológica de vitimismo e
glorificação de caudilhos e ditadores.
Portugal, ao contrário
do Pará, se recuperará facilmente dos efeitos deixados por essa guerra que
infelizmente é tratada com negacionismo por parte do nosso presidente,
independentemente da irresponsabilidade da esquerda em demonizar a indicação de
medicamentos exigindo comprovação científica selo A em tempos de milhares de
mortes diárias. Novas epidemias certamente virão, pois nosso modo de vida
urbano e globalizado é um celeiro perfeito para a disseminação virótica
estrangeira. Fica então a ideia de que quanto mais empáticos e democráticos
formos com nossos países vizinhos, melhores sairemos de todos esses episódios
imprevisíveis, além de tudo de positivo que advém de um bom bloco de cooperação
econômica internacional, com negociações modernas e produtivas.
A realidade, bastante
diversa, é que nós vivemos ainda num clima de rixa interna como torcidas de
futebol e nossos países vizinhos e próximos, como por exemplo a Argentina, que
também não entendem direito o significado do liberalismo, agora experimentam
com mais força os efeitos da pandemia, a despeito do isolamento que foi feito
por lá que parece em nada ter adiantado. A geopolítica é complicada, contudo o
fracasso do Mercosul não exige muita reflexão.
Na Europa existem vários países que se permitem um alto grau de estatização, porém não se observa nesses casos uma concentração ideológica na figura de líderes políticos e, principalmente, se reverberam os princípios democráticos. A questão não é quantificar a incidência estatal e sim identificar o quanto do Estado é despersonalizado no sentido da formação de castas ideológicas e famintas pela usurpação do bem estar social em nome de qualquer causa revolucionária eterna.
Com tanto socialismo enraizado, o Mercosul não tem como dar certo.
Simples
assim.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google