Fiéis de várias partes do Distrito
Federal são atraídos para a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. 60 anos de muita fé. Paróquia no
Lago Sul, celebra seis décadas de histórias de comunhão e esperança
Por » Ana Maria da Silva*
Há 60 anos, enquanto Brasília era
inaugurada, nascia, também , a igreja que ficaria conhecida como local de
aconchego, proteção, paz e segurança. É difícil encontrar alguém que frequente
a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago Sul, e não cite uma
dessas palavras para defini-la. Em seis décadas, fiéis de várias partes do
Distrito Federal são atraídos para o local, que congrega histórias de
diferentes moradores da capital.
Entre eles, está o personal
trainer Rafael Gaia da Silva, 28 anos. Fiel da Paróquia há mais de 20 anos, ele
conta que vivenciou diferentes momentos na comunidade. “Aquele lugar é muito
importante para mim. Lá, foi onde eu formei a minha personalidade cristã, me
ajudou bastante no sentido de desenvolvimento pessoal, social”, compartilha.
Rafael lembra de algumas das suas grandes experiências na comunidade:
“Participei de todos os grupos jovens, e não me esqueço de quando me chamaram,
pela primeira vez, para tocar no grupo musical durante a missa. Outro momento
importante foi o meu casamento, que foi o fechamento de toda essa fase que vivi
e construí na igreja”, diz. Helena Camirca é devota da padroeira da
paróquia.
Filho: Para o fiel, a paróquia é um local de
tradição, de herança familiar. “Eu participei de um terço dessa história.
Sempre estive presente. Passamos por muitas renovações e, hoje, me vejo na
posição das tias, das pessoas que cuidavam de mim”, brinca. À espera de seu
primeiro filho, Rafael afirma que o intuito é transmitir esse amor para as
próximas gerações. “Agora, vou poder passar isso para o meu filho. É
emocionante ver como a paróquia conseguiu se sustentar durante esses anos, ver
fiéis comprometidos, pessoas que ainda têm fé”, completa.
Enquanto alguns grupos religiosos
procuravam, no começo de Brasília, outros espaços no Plano Piloto, os
Missionários Redentoristas aceitaram, sem reclamar, um local que não
imaginariam se tornar um bairro sofisticado. Foi em 11 de janeiro de 1960 que
nasceu o fruto de uma construção material e, também, do fervor de pessoas que
enfrentaram grandes adversidades na fase inicial de Brasília. No início, nada
se parecia com a realidade do Lago Sul, mas a igreja começou a expressar a
força da fé naquele local. Padre Rafael é o responsável pela revista dos
60 anos
Apesar de fundada em janeiro, a
comunidade comemora a data festiva em 28 de junho, dia dedicado à Nossa Senhora
do Perpétuo Socorro. Segundo o vigário paroquial, padre Reinaldo Martins de
Oliveira, não há outra solenidade melhor para celebrar. “Essa comunidade de fé
nasceu sob a proteção de Maria. Essa devoção foi incumbida pelo Papa Pio IX aos
redentoristas, para que espalhassem no mundo inteiro”, informa. “Quando eles
chegaram no solo de Brasília, assumiram a santa como padroeira da paróquia”,
completa.
Devoção: De acordo com o padre Reinaldo, foi a partir dessa devoção que a comunidade cresceu e amadureceu na fé. “É por isso que celebramos a data tão importante. Por meio dela, muitos paroquianos alcançaram bênçãos e graças em sua vida”, ressalta. “Muitas pessoas que se mudaram para Brasília, em busca de uma vida melhor, pediram a intercessão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e, hoje, se tornaram famílias tradicionais aqui na nossa cidade”, completa. Para o sacerdote, “celebrar esses 60 anos é celebrar o surgimento da fé católica, da capital federal e dos vínculos de amizade, unidade e amor que, aqui, por meio dessa comunidade, floresceram”. Fábio Bento da Costa, pároco da igreja desde 2019
Testemunha do nascimento e
crescimento da capital federal, além de marcar presença na história religiosa
da cidade, o sentimento que fica para os frequentadores do local é único:
gratidão. “É uma alegria imensa celebrar esses 60 anos com a história de
Brasília. Celebrar é agradecer e fazer memória. Um olhar de gratidão para o
passado, uma atitude de acolhimento e compromisso com o tempo presente que nos
é dado viver com seus desafios”, ressalta Fábio Bento da Costa, pároco da
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro desde 2019.
Para marcar os 60 anos da
comunidade, uma revista que conta a história da igreja foi editada. Nela,
encontra-se depoimentos, fotos e entrevistas com os fiéis. A publicação foi uma
iniciativa da Pastoral da Comunicação (Pascom), sob a responsabilidade do padre
Rafael Vieira, missionário redentorista e jornalista. “O objetivo é deixar
registrado esse jubileu, contar para as novas gerações a nossa história e
oferecer aos mais velhos uma feliz recordação da vida construída nos alicerces
da fé, da esperança e da caridade”, acrescenta o pároco Fábio Bento da Costa. O
vigário paroquial, padre Reinaldo Martins de Oliveira
Histórias: Durante seus 60 anos, a Paróquia Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro carrega em sua história, a experiência de vários fiéis. É o
caso da estudante universitária Giulia Lobo Barros, 19, que está presente na
comunidade há quatro anos. Ela conta que ao longo desses anos, a igreja ajudou
o seu crescimento espiritual. “Lá, eu tenho um contato com Deus, experiências e
sentimentos que nunca senti em outro lugar. É onde me sinto totalmente em casa,
e perto do Pai e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, conta.
Para Giulia, ver a comunidade
celebrando seus 60 anos mostra o quanto a igreja tem a oferecer a Brasília. “É
incrível pensar que ela já tem tanta história e que eu vivi apenas uma pequena
parte de tudo o que ela tem a oferecer. Fica um sentimento de que ainda tenho
muito a viver e conhecer”, ressalta. “O que desejo para este ano é que essa
comemoração seja apenas uma, de muitas que ainda estão por vir. Espero que
muitas pessoas possam ter a vida mudada, assim como a minha mudou”, completa a
estudante. Giulia e família possuem carinho grande pela paróquia
Presente na comunidade há anos, a
bancária Helena Camirca, 55, conta que frequenta a paróquia desde os 7 anos.
Durante sua caminhada como fiel, ela conta que conseguiu vivenciar grandes
experiências de vida. “Foi lá que eu conheci meu marido, durante um encontro de
jovens. Minhas meninas também fizeram a primeira comunhão lá. Então, minha
vida, meus amigos, é tudo lá”, conta. Como forma de agradecimento, Helena
explica que procura viver o serviço por meio de encontros de casais e festas
juninas. “São momentos de muito trabalho, mas, também, de muito amor. Todos
estão sentindo muita falta dos serviços que fazemos lá na comunidade”, afirma.
O carinho pela igreja vai além da
comunidade. Devota de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Helena diz que a
padroeira da paróquia sempre esteve presente em sua vida. “No ano de 2018, em
30 de junho, eu inaugurei uma capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
aqui em casa, e o padre da paróquia veio abençoá-la durante minha festa de 30
anos de casada, que estava sendo celebrada no dia. Nessa mesma data, eu
descobri que tinha um câncer de mama e tenho certeza que foi ela que me
abençoou”, lembra. “Nessa capela, eu rezei muito. Hoje, eu estou curada, mas
foi ela que me avisou, que me alertou”, completa. Rafael Gaia da Silva
casou-se há oito meses na igreja que frequenta há 20 anos
“Segunda casa”. Essa é a definição
da paróquia para a aposentada Elizabeth Manzur, 67. Frequentadora da comunidade
há 35 anos, ela conta que a igreja se tornou uma extensão de sua família,
graças ao aconchego do local. “Os padres sempre foram queridos. A vivência
paroquial é muito boa, fazemos amigos verdadeiros. Na alegria e na tristeza,
podemos contar com a comunidade”, diz. Para Elizabeth, os 60 anos da
instituição foram marcados com belas histórias. “É muito bom olhar e ver que
caminhamos juntos durante tantos anos. Tantas pessoas já passaram, chegaram,
partiram, e a igreja continua firme. É emocionante ver como ela era e como foi
se transformando”, reforça.
(*) Ana Maria da Silva* ~~ *Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira – Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press – Correio Braziliense