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A BOIADA DA DROGA MEDICINAL (Coluna Victor Dornas)


Por Victor Dornas 

Enquanto a grande mídia se preocupa em polemizar o desentendimento do presidente da república com um repórter da Globo no final de semana, que supostamente teria ironizado a filha de Bolsonaro e levou uma reposta grosseira para casa, o projeto de Lei 399 de 2015, que libera o plantio de maconha com finalidade medicinal no Brasil, está prestes a ser votado na Câmara.

A questão é bastante é complexa por envolver o lobby da gigante “Canopy Growth”, a maior produtora de produtos derivados de maconha do mundo, com ativos que suplantam 30 bilhões de dólares. O lobby quer usar a imagem da primeira criança que auferiu de autorização judicial para usar maconha no tratamento de um distúrbio neurológico com o escopo de convencer a massa de incautos que ainda não tem opinião formada sobre o tema.

O uso da maconha em terapias desse tipo se dá basicamente por conta do Canabidiol, uma substância encontrada com abundância na extração da erva e que comprovadamente auxilia o tratamento de várias enfermidades. Ocorre que o Canabidiol já possuí previsão legal para ser vendido com a devida autorização, porém, em virtude da proibição do plantio em larga escala, o preço arcado por pacientes é exorbitante. Percebem a oportunidade de mercado? Pois é.

O Brasil é uma área preciosa no mercado da droga, tanto por ser rota internacional como pelas características culturais e fragilidades institucionais que transformam nosso país num "filet mignon" para quem quer investir em substâncias alucinógenas. Vários políticos são simpáticos a vinda de gigantes produtoras de maconha pois enxergam a oportunidade de tributação, porém a economia não se resume em contas tão pérfidas, de modo que o custo de tratamento em hospitais públicos, como no caso do álcool e do cigarro, são bastante superiores ao que se arrecada na venda desse tipo de produto.

Qual seria a solução? No caso do cigarro e da bebida, não há solução. 

O brasileiro há tempos já acostumou-se com o vício de se ludibriar, seja acreditando em falsas promessas políticas, em falsos profetas ou no uso abusvo de álcool para fugir da realidade. Isso já está entranhado em nossa cultura. A questão da droga como a maconha, entretanto, ainda encontra obstáculo em nossa cultura cristã de base comportamental, de maneira que o nosso povo, cada vez mais permissivo e alucinado existencialmente, ainda não se convenceu da ideia. 

A solução então seria adequar o projeto de lei para uma área de plantio bastante restrita e de fiscalização rígida que adequasse o uso de terras de acordo com o nicho de pacientes e não permitisse que a coisa se expandisse para forçar o lobby da legalização irrestrita que a meu ver sepultaria de vez o resquício de decência que ainda temos. Isso acontecerá? Claro que não.

A politização indevida, conforme trato com recorrência nesta coluna, começa sempre com discursos belos e nobres, cheios de boas intenções, com uso de crianças, com mobilização de minorias, dentre outros. O intento verdadeiro? Estabelecer um negócio bilionário as custas da liberdade das pessoas, ou seja, assim como no mote do aborto, convencer a massa de que a liberdade de escolha irrestrita não é a pior das prisões. Ao contrário, seria a liberdade do indivíduo!

Pura balela!

Nossa natureza é gregária, de modo que o liberalismo não deve ser confundido com fábulas individualistas. Tudo que fazemos no íntimo ecoa no social. Quem paga a conta de um sistema de saúde público capaz de suportar milhares ou milhões de entorpecidos é a sociedade e não o indivíduo. Produtos como a maconha servem de porta de entrada para outros tantos que tiram do indivíduo a lucidez mínima para discernir. O indivíduo tem direito de fazer aquilo que bem entende, inclusive o de se drogar? Sim, desde que isso não afete o direito alheio e no caso, conforme visto, aquele que se perde na droga não se trata sozinho.

Conforme já explicado noutros artigos, a militância pela liberação das drogas usa também o argumento de que foi a política de repressão que criou o tráfico. Criou aonde? Na Noruega? Não, no Brasil que é rota de tráfico internacional. Ou nos Estados Unidos também. O fato é óbvio para quem quiser enxergar o poderio político e de dominação nefastas de instituições bilionárias que aparelham todo tipo de meio de influência para propiciar seus interesses.

A arma que temos é o debate, ou a cultura, contudo, a voz majoritária é sempre movida por quem dispõe de mais bala disponível, ou seja, mais dinheiro e alcance.
A ideia deste PL é implantar o pasto para abrir a boiada. 

Tudo pela lide medicinal, é claro.... $$$$$$$$$$$$.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.

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