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Os homens que plantam árvores


Os homens que plantam árvores

*Por Circe Cunha e Mamfil 

Da África, talvez o continente mais economicamente sofrido e espoliado na história da humanidade, vem um dos muitos e bons exemplos que precisamos para nossa salvação futura. Na Etiópia, um dos países mais populosos e pobres daquele continente, o governo empreendeu uma jornada em que, em apenas 12 horas, uma força-tarefa, atuando em mais de mil áreas daquele país, conseguiu a façanha de plantar mais de 350 milhões de árvores. Um recorde mundial.

Também a Índia, castigada pelos desflorestamentos vem empreendendo um grande esforço para recuperar, ao menos algumas de suas florestas. Na última empreitada, 800 mil voluntários plantaram mais de 50 milhões de árvores em 2016, e prosseguem plantando. Na China, parte ociosa do que seria o maior exército do planeta, tem sido deslocada para a mesma tarefa no norte do país. São mais de 60 mil soldados empenhados nessa tarefa. Os fuzis cedem lugar às ferramentas agrícolas. A intenção do governo é criar uma floresta na região de Hebei, numa área de mais de 84 mil quilômetros quadrados. Para todo o país, a meta é atingir uma cobertura de mais de 23% daquele grande continente até o final deste ano.

São esforços pontuais e que podem fazer a diferença num futuro não muito distante. Cientistas acreditam que, pelo estágio atual de degradação do planeta, será preciso, ao menos, o plantio de mais de 1,2 trilhão de novas árvores, apenas para arrefecer a Terra e livrá-la dos efeitos maléficos do aquecimento global, que já está atuando entre nós.
A situação, que é bem do conhecimento dos técnicos das Nações Unidas, tem estimulado ações dessa Organização, com vistas a um projeto, já em andamento, cuja a meta é plantar 4 bilhões de novas árvores nos próximos anos.

Por todo o mundo, projetos semelhantes estão em andamento, uns ambiciosos e outros mais modestos, mas são de grande valia em seu conjunto. Entre todos, os mais ambiciosos são os que vêm sendo erguidos nas bordas do grande deserto do Saara, também na África. Em nenhum lugar do planeta as mudanças climáticas são mais impactantes do que as que ocorrem nos países margeados por esse grande deserto. O deserto vem aumentando de área num ritmo assustador nos últimos anos. Com ele, vem o clima cada vez mais inóspito à vida. Com temperaturas que ficam numa média próxima aos 50 graus centígrados.

Com esse fenômeno vem, também, a escassez de água, cada vez mais assustadora e já motivo de conflitos permanentes na região. Financiado pelo Banco Mundial, a União Europeia e as Nações Unidas, projeto unindo vários países locais, visa erguer uma gigantesca barreira verde, de árvores, que irá cobrir uma área de mais de 8 mil quilômetros, atravessando todo o continente africano na parte sul do deserto do Saara, formando uma enorme muralha para conter o avanço da areia. A meta é erguer essa Grande Muralha Verde até 2030, cobrindo com reflorestamento uma área de 247 milhões de acres ou aproximadamente 100 milhões de hectares.

Em nosso mundo, em todo o tempo e lugar, sempre existiram homens movidos pela paixão de plantar árvores, como se recebessem essa missão diretamente das mãos de Deus. Não precisamos ir muito longe para descobrir alguns desses personagens raros e muito caros a todos nós. Aqui mesmo, na capital, entre tantos anônimos que contribuem para uma Brasília mais verde, um nome vem à memória sempre que paramos para apreciar a beleza dos ipês multicoloridos e de outras muitas espécies de árvores que foram plantadas ao longo de décadas.

Trata-se do saudoso agrônomo cearense Ozanan Coelho (Foto acima)
, um personagem que o Correio Braziliense já nomeou como sendo o homem que durante mais de 30 anos foi o responsável por ter plantado grande parte dos belos jardins da capital e que hoje fazem de uma cidade bucólica como pretendida por seu idealizador Lúcio Costa
A frase que foi pronunciada: “Se não erro ao decifrar a voz dos vegetais, eis que suspira a muda de pau-ferro no silêncio do ser: — Eu sei que fui plantada com música, discurso e tudo mais, para alguém no futuro, oferecer sem discurso e sem música o prazer da derrubada.” Carlos Drummond de Andrade, um dos mais influentes poetas brasileiros
Programa » Veja, no link ( https://bit.ly/3kjOWvj ) o encontro no Sofá Amarelo com Tânia Fontenele sobre a vida das mulheres durante a construção de Brasília. Vale a pena.
Exemplo » Importante divulgar o trabalho da UnB em relação a um grupo de profissionais que oferta apoio psicológico à comunidade universitária durante a pandemia. Nos próximos dois meses, o projeto Laços na Saúde irá organizar um cine debate sobre o documentário Silêncio dos Homens e mesas com os temas: Alimentação e ansiedade; Finanças e emoções; Trabalho remoto: desafios e avanços e Resiliência: vamos pôr em prática?
(*) Circe Cunha e Mamfil - Fotos: Ozanan Correia Coelho de Alencar. Divulgação/Novacap - Carlos Drummond de Andrade. Foto: Arquivo Nacional - Ações de saúde mental desenvolvidas pela Dasu no período de pandemia. Imagem: Dasu/UnB. - Coluna "Visto, lido e ouvido" - Ari Cunha - Correio Braziliense


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