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A ERA DO POLÍTICO DIGITAL ACABOU? (Coluna Geopolítica Victor Dornas)

Por Victor Dornas 

Por mais eficiente que seja qualquer organização estatal, precisa-se lidar com certas anomalias em termos de produção ou trabalho humano. No funcionalismo público, onde o sujeito tem salário garantido antes de saber acerca de seu próprio rendimento, sobretudo o político, que, em muitos casos, nunca teve rendimento nenhum, a auditoria é das tarefas mais complexas. Auditar o rendimento de um político é mais complicado do que a física quântica explicar como o universo saiu de dentro de um peculiar buraco negro. É muito complexo!

Com os resultados das eleições municipais brasileiras, numa suposta antevisão daquilo que nos espera para o circo de 2022, muitos palpiteiros e autoridades relacionam o resultado de alguns pleitos com uma suposta mudança de comportamento da sociedade, como se o revanchismo entre espectros políticos fantasiosos, ditos “direita ou esquerda”, tenham queimado a maior parte de seu combustível político, ou seja, que a sociedade estaria de saco cheio de tudo isso.

Muito cedo e pouco dado, haja vista que podemos muito bem presenciar o pleito presidencial brasileiro de 2022 entre os partidos que mais perderam nessas eleições, ou seja, o PT e o PSL. E se não for o PSL ou o PT, será alguma outra porcaria análoga. E por que digo ”porcaria”? Pois todo partido ou político que se sente a vontade para usar os fundos milionários eleitorais são somente isso mesmo, uma agremiação de porcos inúteis. Fundo eleitoral num país que gira suas despesas correntes em regime deficitário é sintoma de extinção consentida.

O brasileiro é o grande perdedor disso tudo, pois legitima o ilegitimável e deixa que partidos como esses dois torrem 6, 10, 50, 100, 500 milhões!... com candidaturas que na maior parte das vezes sequer alcançam a margem de erro. Tudo custeado com dinheiro público, mantendo figuras inúteis ganhando fortunas neste esquema. Repare, querido leitor, como há sempre aquelas figurinhas lá nos zero vírgula alguma coisa que fazem da derrota cíclica o seu ofício.

E lá nos EUA....

Quando o líder americano, irresignado diante da sova que levou do partido rival, inclusive em estados republicanos, tem quase 90 milhões de pessoas em sua conta no Twitter e passa o dia confabulando intrigas de internet, é difícil aceitar que essa modinha de político palpiteiro em rede de fato passou, unicamente em virtude dos números das eleições municipais brasileiras. Ao contrário, as figuras mais famosas desse esgoto virtual já teorizam sobre fraudes ocorridas também aqui no Brasil, arquitetadas pelos terríveis comunistas, ou seja, aquele “déjà vu”...

O fato é que o político inútil encontra nas redes o seu habitat perfeito.

Se isso funciona numa democracia madura como a americana, imagine aqui no Brasil. Na rede, o político não precisa nem fingir que trabalha. Pode ficar ali o dia inteiro escrevendo anedotas para seus aduladores e pronto. Não precisa sequer ter domicílio no lugar onde foi eleito, ainda mais se for filho de presidente. Basta a presença virtual! Não se sabe, ainda, quanto tempo durará essa coisa toda, pois na internet, até então, tudo que surgiu também se foi com a mesma velocidade. As redes passam uma ideia falsa de democracia, onde qualquer um pode falar, porém, tudo isso em tese, já que na prática, o resultado nada tem a ver com democracia.

Vejam o caso da direta brasileira. Substitui-se Roberto Campos, Paulo Francis, dentre outros, por Olavo de Carvalho e seu pupilos que chegam a militar por causas “antimasturbação”, “nova ordem mundial” e “terraplanismo”. 

Isso não é democracia e sim a absoluta falta de critério na disseminação de informações. Um espetáculo da vulgaridade, da burrice. As redes de televisão, demonizadas por exercerem um oligopólio naquele estilo sórdido que só o Brasil sabe fazer, por piores que fossem antigamente, eram infinitamente superiores a essa barbárie vista nas redes de hoje. O quê nos espera em 2022? Algo diferente? 

Quem sabe... As modas sempre passam. Ainda bem!





(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas, fotos ilustração: Blog-Google. 

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