Revitalização do Setor Comercial Sul - Revitalização urbana é assunto sério demais para ficar nas mãos de políticos
Com relação ao que seria o
estabelecimento de um amplo plano de revitalização do Setor Comercial Sul
(SCS), a prudência manda que, antes de tudo, seja necessário a convocação de
uma junta de arquitetos e urbanistas e outros técnicos gabaritados na delicada
questão de soerguimento de áreas decadentes para, numa primeira etapa, elaborar
o que seria apenas um pré-projeto para esse endereço.
Nesse caso, não basta atacar,
especificamente, o problema da decadência do setor, com uma visão parcial da
questão, uma vez que até um aluno do primeiro ano de urbanismo sabe muito bem
que, dentro da macroestrutura que compõe a cidade, esse setor representa apenas
uma ponta, não isolada, no intricado e orgânico projeto elaborado por Lucio
Costa para a capital.
Cuidar do que seria a revitalização
do SCS, desconsiderando as artérias que ligam esse ponto às extremidades do
Plano Piloto, tanto Sul quanto Norte, será um desperdício enorme de tempo e de
dinheiro. E o que é pior: poderá acarretar ainda mais problemas para a cidade,
com reflexos, inclusive, no tombamento da capital, reconhecido pela Unesco em
dezembro de 1987.
Tanto o Setor Comercial Sul, seu
espelho, quanto o Setor Comercial Norte, do outro lado do Eixo Monumental, e
área central do Plano Piloto entraram num processo paulatino de decadência a
partir do fim do século passado, em decorrência e por contágio do que acontecia
com suas artérias comerciais de ligação, representadas aqui pelas avenidas W3
Sul e Norte. Foi justamente o abandono, por décadas, dessas vias de comércio
que acabou por contaminar as áreas centrais da capital.
Para quem percebe a questão crucial
dos eixos que perpassam todo o desenho do Plano Piloto, fica claro que o que
acontece numa parte acaba irradiando para outra ponta e vice-versa. Dessa
forma, de nada adiantam esforços isolados para um rezoneamento do SCS, visando
a sua revitalização urbana, sem atentar para a questão maior que é o
soerguimento de todo eixo que compõe as avenidas W3 Sul e Norte.
Somente após a realização de obras de
modernização e limpezas dessas avenidas é que se pode partir para a
revitalização de outras áreas centrais ligadas a esses eixos. Sem isso,
qualquer projeto é falho e vai representar apenas mais um puxadinho do tipo
político empresarial, com objetivos distantes dos necessários.
Trata-se, aqui, de questão
fundamental que precisa ser resolvida o mais rapidamente possível, porém , sem
açodamentos e medidas paliativas, sob pena de irradiação dessa decadência
urbana para outras partes, contaminando igualmente todo o conjunto urbanístico
de Brasília, tornando esse problema de resolução cada vez mais difícil e com
prejuízos para todos igualmente.
Por Circe Cunha e Mamfil – Coluna “Visto, Lido e ouvido” – Correio Braziliense – Fotos/Ilustração: Blog-Google.
Eu imagino se Lucio Costa desse respaldo a isso, se a imprensa seria tão benevolente quanto fora com Oscar Niemeyer que projetou a Praça da Democracia em frente da Rodoviária... Todos, todos mesmos, defenestraram o arquiteto, principalmente UNB, CREA, CAU, políticos e claro a imprensa marrom.
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