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Vitória da ciência

Vitória da ciência

A esperança tomou conta da cidade na última semana. O início da vacinação de idosos contra a covid-19 renovou o ânimo de quem está há meses dentro de casa tentando se proteger do vírus. Alegres e resilientes, eles deixaram suas casas para ir ao posto de saúde mais próximo e receber a primeira dose de uma vacina que promete ser libertadora.


A felicidade era tanta que a pedagoga aposentada Wilma Campos, 84 anos, dançou o funk Bum bum tam tam para celebrar. O hit grudou na cabeça dos brasileiros e virou hino da chegada da CoronaVac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac produzida, no Brasil, pelo Instituto Butantan, em São Paulo.


Devido a negociações mais avançadas, esse foi o primeiro imunizante viável para o início da vacinação no país, antes mesmo da chegada das doses do produto da AstraZeneca desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford, principal aposta do governo federal.


“É a realização de um sonho. Estou muito feliz”, celebrou Wilma, em entrevista à repórter Cibele Moreira. Depois de dançar a música na fila, ela ainda emendou: “Não vou virar jacaré”. Ao lado, a filha, emocionada, vibrava por poder sonhar em abraçar a mãe sem as preocupações que rondaram a família nos últimos meses.


Os idosos de Brasília deram uma lição sobre a importância da ciência. A cidade vacinou número superior desse público-alvo do que o previsto inicialmente, baseado em dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Foram aproximadamente 48 mil idosos com mais de 80 anos, incluindo os que vieram de outras unidades da Federação garantir a imunização, direito assegurado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).


As filas dos primeiros dias assustaram e suscitaram críticas com relação às escolhas feitas pelo poder público em relação à logística. Mas os agentes da saúde deram exemplo de profissionalismo e trataram a cada um com respeito, buscando estratégias para acelerar o processo de vacinação e aumentar o conforto dos que aguardavam a vez.


Com a tranquilidade de quem viveu 102 anos, Arnaldo Júlio Barbosa se apresentou na Praça dos Direitos, em Ceilândia, no quarto dia da campanha para o grupo dele no Distrito Federal. O local não poderia ser mais simbólico para o momento, nem a disposição deste cidadão que, emocionado ao receber a dose da vacina de Oxford, em vez de dançar um hit, resolveu compor outro. Autor de cordéis, fez um repente durante a entrevista ao repórter Pedro Marra.


“O conselho que dou é que todos devem tomar a dose da vacina porque é o que vai sustentar os dias felizes”, disse. E como sabedoria é o que não deve faltar nessa trajetória, quem somos nós para duvidar? Vitória da ciência e, por aqui, os aplausos ficam para as Wilmas e Arnaldos da nossa terra.


            Mariana Niederauer – Correio Braziliense – Fotos/Ilustração: Blog- Google.



 


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