Segundo o superintendente do
ArPDF, Adalberto Scigliano, a iniciativa trará notoriedade à história de
Brasília. “Queremos promover um resgate da história do DF, com curiosidades,
fatos inéditos, imagens e novas informações. E claro, também queremos sair das
dependências dos arquivos e promover o reconhecimento de figuras célebres e
anônimas que contribuíram para construir a capital. É perceptível que os
brasilienses possuem muito orgulho da cidade, e nós queremos manter essa chama
acesa”, explica Adalberto.
Até o fim deste ano, a direção do
Arquivo pretende digitalizar diversos documentos ainda desconhecidos do
público. “Postaremos esses novos arquivos assim que tiverem sido digitalizados,
pois temos a grande preocupação quanto à segurança desse acervo. Eles estão
armazenados nas condições corretas, mas queremos perpetuar essa história e
evitar que qualquer tragédia aconteça, como a do Museu Nacional. Para garantir
essa segurança, o mesmo arquivo será salvo em diversas armazenagens e
criptografados para evitar invasão desses dados”, pontua.
Adalberto ressalta que o arquivo
público é totalmente inclusivo. “Dispomos das ferramentas para ajudar as cinco
principais deficiências: auditiva, visual, mental, motora e múltipla. Nosso
desejo é que o arquivo seja totalmente inclusivo e ajude na cultura de
Brasília. Temos, por exemplo, 1,5 milhão de negativos para serem
digitalizados”. Além das imagens, cerca de 559 filmes esperam ser digitalizados
e, por isso, o Arquivo firmou parcerias com outras secretarias, como a de Turismo
e Cultura, além de contar com o apoio da Casa Civil, Secretaria de Economia e
do governador Ibaneis Rocha (MDB).
O Arquivo também recebeu emendas
parlamentares para realizar o projeto. O deputado distrital Robério Negreiros
(PSD) foi um dos colaboradores. “Eu acredito que a memória histórica de um povo
é o melhor alicerce para a construção de uma sociedade sólida. Digitalizar esse
acervo vai torná-lo mais acessível não apenas à população local, mas a todos
que necessitam de informações para entender parte do processo evolutivo do povo
brasileiro”, esclarece.
História do arquivo: O Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) completou 36 anos no último domingo (14). Criado em 1985 e vinculado à Casa Civil do DF, o órgão coordena e planeja o recolhimento de documentos produzidos e acumulados pelo Poder Executivo da capital brasileira, assim como documentos privados de interesse público. Ao todo, são oito milhões de documentos, 23 fundos privados e 21 fundos públicos.
O historiador Elias Manoel da
Silva, há 16 anos no arquivo público, explica que o registro surgiu dentro de
um movimento nacional de proteção dos acervos documentais no país. “Havia, no
fim da década de 1970, uma preocupação em se criar órgãos públicos diretamente
ligados a recolhimentos, proteção e difusão desses conteúdos. Vale lembrar que
esses documentos possuem duas fundações: são probatórios, ajudam na legislação,
mas também possuem um caráter histórico local, regional e nacional”, conta.
Elias destaca que, apesar do que
muitos pensam, o local onde foi construído Brasília não era um vazio cultural e
demográfico. “Tínhamos uma população pequena, mas havia fazendas, moradores e
toda uma tradição incrível. O ponto fundamental do ArPDF é conseguir criar uma
morada para as memórias históricas de Brasília que, até então, estavam
dispersas em diversas secretarias e locais”, destaca.
Alguns dos documentos presentes e
citados pelo historiador são a documentação anterior à própria construção de
Brasília. “Nós temos no acervo uma riqueza enorme. Possuímos 540 fotografias
aéreas de 55km do planalto central. Também estamos trabalhando no diário da
Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, chefiada pelo astrônomo
Luiz Cruls. Um manuscrito inédito da Comissão Exploradora que nunca foi
publicado. Ele narra toda a viagem desse grupo, as desavenças, a saudade de
casa, o encontro com os moradores daqui e como calculavam os locais, por
exemplo. A expectativa é de que publiquemos isso ano que vem”, finaliza.
Edis Henrique Peres – Fotos: Arquivo Público-DF – Jankiel Gonczarowska – Correio Braziliense.