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Reabertura tem ruas vazias - Quinta: Ponto facultativo


Reabertura tem ruas vazias

Um mês depois de as medidas restritivas para mitigar a disseminação da covid-19 entrarem em vigor no Distrito Federal, parte dos setores considerados não essenciais voltaram a funcionar, ontem. O dia ficou marcado por comerciantes animados, mas ruas vazias. Para empresários e representantes de entidades sindicais e associativas, o baixo movimento decorreu do medo da população de se contaminar. Mesmo assim, eles esperam melhora nos próximos dias. Enquanto isso, o DF soma 319.712 mil casos da doença e 5.818 mortes provocadas pelo novo coronavírus.


O Governo do Distrito Federal (GDF) aguarda, para esta semana, o recebimento de mais 40 mil doses de vacinas contra a covid-19. A expectativa, com a chegada de mais imunizantes, é ampliar a campanha para novos públicos (leia ao lado). Em coletiva, ontem, no Palácio do Buriti, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, reforçou que o governador Ibaneis Rocha (MDB) avalia diariamente os dados da pandemia e que, por enquanto, não pensa em suspender a reabertura de atividades não essenciais.


Dona de uma loja de roupas na Asa Sul, Lucinéia Nunes Martins, 62 anos, comentou a movimentação abaixo do esperado: “O que evita as vendas é, principalmente, o medo do contágio, principalmente pela alta dos casos e do número de mortes”, avalia. Para ela, a volta tem ocorrido de maneira desorganizada. “Os horários têm o intuito de evitar aglomeração nos ônibus, mas não é legal. Às 20h, no comércio de rua, não tem ninguém. Não vou ficar com a loja aberta nesse horário, sendo que não há movimento, correndo risco de sofrer assalto”, completa.


Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Aparecido da Costa, a alteração dos horários de funcionamento e o toque de recolher são importantes para a volta da economia. A expectativa, segundo ele, é de que estes primeiros dias impulsionem os comerciantes. “Semana que vem é o período de (fechamento da) folha de pagamento. Teremos faturamento de cinco dias cheios, o que gera algum alento para os empresários do DF. Aos poucos, a economia vai voltar ao normal”, acredita.

Medo do futuro: Com a venda de marmitas, o restaurante Café no Ponto da Asa Sul conseguiu sobreviver durante o período de restrições. No entanto a gerente Izaura Santiago, 45, diz que, apesar das adaptações, o estabelecimento teve pouca procura durante a pandemia e registrou muitas demissões. “Os donos têm o entendimento de que não há como (evitar). Sendo assim, ocorreram cortes no quadro de funcionários”, relata. Além da situação da loja, Izaura se preocupa com o futuro dela e da família. “Estou insegura. Não sei se esse fechamento vai acontecer de novo. Abrimos, mas não sabemos se vamos manter. Precisamos que o governo crie novas estratégias, outras logísticas para nos ajudar”, cobra a gerente.


Apesar do retorno, o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), Sebastião Abritta, afirma ser cedo para avaliar a situação do comércio. “Reabriram em fim de mês, quando não há muita procura, além de ser véspera de feriado santo. Não há grande expectativa nas vendas devido a isso”, considera. Além disso, o sindicato calcula que cerca de 150 lojas não retomarão as atividades, em razão do endividamento. O vice-presidente afirma que será necessário aguardar de sete a 10 dias para verificar os resultados. “Sem contar que há várias pessoas com medo de sair, no aguardo da vacina”, pondera.

 

Vacinação deve avançar: O governo do Distrito Federal espera receber, esta semana, 40 mil doses de vacinas contra a covid-19. Caso isso se concretize, a Secretaria de Saúde (SES-DF) deve ampliar a imunização, para incluir agentes de segurança pública que atuam na fiscalização e no acompanhamento da campanha. Enquanto as vacinas não chegam, esses profissionais são os únicos autorizados a receber doses da “xepa” — aquelas que sobram após o fim do expediente nos pontos de vacinação.


As informações partiram do Executivo local, durante coletiva no Palácio do Buriti, ontem. O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, afirmou que a intenção do Governo do Distrito Federal (GDF) é ampliar a vacinação para esses grupos de profissionais e, paralelamente, diminuir a faixa etária atendida. Também presente à coletiva, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, explicou quais serão as regras para as doses que sobrarem. “Elas precisam ser usadas depois de abertas, pelo risco de serem perdidas, e serão aplicadas no pessoal da segurança que atua diretamente na linha de frente contra a covid-19. Caso só haja uma dose, o mais velho dos policiais será vacinado”, detalhou o chefe da Saúde do DF.


Outra medida anunciada pelo GDF é destinar um voucher de R$ 20 para idosos com 67 anos ou mais que precisem se deslocar para tomar a vacina contra o coronavírus. A parceria, feita entre a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) com o aplicativo 99, visa facilitar a locomoção dos idosos. O secretário Gustavo Rocha declarou que haverá 10 mil tíquetes, para que esse público possa ir ao posto de saúde. “Basta que eles insiram no aplicativo o código recebido”, completou. Os idosos que precisam do voucher devem acessar o site suavidavalemuito.sejus.df.gov.br e se cadastrar.


Até ontem, 290,1 mil pessoas haviam se vacinado contra a covid-19 no DF, sendo 73.906 com a segunda dose. Das pessoas que tomaram a primeira, 29.106 são de fora do DF; entre as que receberam o reforço, esse total é de 10.922.

 

Maior média móvel de mortes, de novo: Pelo quarto dia consecutivo, a média móvel de mortes bateu recorde no Distrito Federal. O índice está em 53,8 — aumento de 126% em relação ao resultado de 14 dias atrás e, também, o maior desde o início da pandemia. No mais recente boletim, a Secretaria de Saúde (SES-DF) registrou 1.592 novas infecções pelo coronavírus e 61 mortes — das quais 10 ocorreram ontem. A média móvel de casos ficou em 1.571,70, crescimento de 3,45% em relação ao verificado há duas semanas.

 

Com as novas ocorrências, a capital federal chegou a 5.818 mortes e 319.712 casos da doença. Por volta das 19h de ontem, o site InfoSaúde, vinculado à SES-DF, marcava taxa de ocupação de 98,2% nos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) reservadas para pacientes adultos com covid-19. Na ala pediátrica, o indicador estava em 90%, e o neonatal, em 62,5%. A última atualização do painel mostrava apenas 11 leitos disponíveis na capital federal — seis para adultos, um para crianças e três neonatais.


Desse total, dois eram da rede particular e nove do Sistema Único de Saúde (SUS). No mesmo horário, a fila de espera por uma UTI pública tinha 388 pessoas, das quais 274 estavam com suspeita ou confirmação de infecção pela covid-19. O paciente mais antigo aguardava pela transferência desde o dia 9 de março.

 

Ponto facultativo: O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), estabeleceu que a quinta-feira será de ponto facultativo para servidores da administração pública. Decreto publicado em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF), ontem, exclui apenas as áreas de saúde, segurança, vigilância sanitária, comunicação, assistência social, os órgãos de fiscalização do consumidor, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) e a Receita do Distrito Federal. Cada um desses órgãos deverá seguir as instruções das respectivas chefias. As unidades responsáveis por atendimentos essenciais aos cidadãos vão manter escalas, de modo a garantir a prestação ininterrupta dos serviços.

 

40 mil nova remessa: Quantidade de vacinas que o Distrito Federal deve receber nesta semana

 

Ana Maria da Zilva » Edis Henrique Peres » Samara Schwingel » Fotos: Ed Alves/CB/D.A/Press - Walder Galvão-G1 -   Correio Braziliense



 

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