Paula Belmonte - (Cidadania-DF), deputada federal
Um projeto da senhora
que coloca a educação como essencial durante a pandemia está
na pauta da Câmara. Qual a importância dessa iniciativa? É importante para garantir o mínimo de qualidade de
vida para as crianças. Uma em cada três crianças vive em situação de pobreza.
Elas dependem da escola para se alimentar, para serem protegidas da violência
doméstica e de agressões sexuais, para ter uma mínima chance de futuro na vida.
O abismo entre educação privada e pública só aumenta. O Brasil está no grupo de
países que deixou as crianças fora da escola por mais tempo em 2020. Vamos
passar mais um ano sem atividades escolares? Aumentou a evasão escolar e
milhares de crianças não foram alfabetizadas. Alguns setores tentaram politizar
uma questão onde não cabe ideologia. Até mesmo OMS, Unicef e Unesco já
recomendaram que o retorno às aulas seja prioridade.
Não há riscos de expor professores
e familiares ao contágio? Foram incluídos no projeto dispositivos que asseguram a adoção de todos
os critérios de segurança exigidos pelas autoridades para que tanto professor
quanto aluno se sintam seguros. E já há experiências bem-sucedidas. Um estudo
financiado pelo BID e desenvolvido pela Universidade de Zurique, na Suíça,
apontou que a reabertura das escolas em São Paulo, no ano passado, não aumentou
o número de casos, nem de mortes pela covid-19. E a maior parte dos países já
reabriu as escolas. Defendo um retorno com responsabilidade, com professores e
funcionários vacinados e adoção de todos os protocolos de segurança.
A senhora defendeu, aqui no
DF, a instalação de uma CPI para investigar ações do GDF durante a pandemia.
Qual a sua posição sobre a CPI instalada no Senado? Sou a favor da transparência. É dever do
parlamentar e do cidadão exigir transparência. Defendo que a Câmara Legislativa
instale a CPI para investigar o GDF. E sou a favor da CPI instalada no Senado.
Quem não deve, não teme. Que se investigue o governo federal. E se houve erros,
que os culpados paguem. O mesmo vale para estados e municípios. Sou relatora da
Comissão da Covid-DF na Câmara, que apesar de não ter os mesmos poderes de uma
CPI, já descobriu várias irregularidades na Secretaria de Saúde, como o pagamento
por 200 UTIs no hospital de campanha do Mané Garrincha que na verdade eram
leitos de enfermaria. Investigar é essencial e digo isso por experiência
própria.
Como avalia a condução
do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia? Houve um erro na questão das vacinas. O governo
federal foi lento neste aspecto, mas me parece que agora o novo ministro da
Saúde está empenhado em obter mais vacinas. Torço para que ele consiga. Só
vamos vencer a pandemia e retomar o crescimento econômico com vacinação em
massa.
E do governador Ibaneis
Rocha? O governador tem deixado a
desejar. Em janeiro, disse que não entraria na corrida com outros estados para
comprar vacina e que seguiria o plano nacional de imunização. No final de
março, voltou atrás e passou a negociar diretamente com os fabricantes. Dois
meses foram perdidos. Enquanto isso, a vacinação segue em ritmo lento no DF.
Aos professores foi prometida a vacina em 9 de abril. Até hoje seguem
esperando. Outra grave falha do governador foi ter desativado os hospitais de
campanha sem avaliar as consequências. Estamos agora com hospitais lotados e
centenas de pessoas sem atendimento à espera de uma UTI.
O nome da senhora é
sempre lembrado nos bastidores como uma possível candidata ao GDF em 2022.
Isso está nos planos? Converso muito com todos os setores. E nessas conversas percebo uma
grande insatisfação da população em relação ao governador. A conjuntura no DF
aponta para uma renovação em 2022. Ninguém é candidato de si mesmo. Fico feliz
pelo reconhecimento ao meu trabalho, mas meu papel agora é contribuir para
viabilizar a formação de um grupo político e apoiar uma liderança que traga
melhores tempos para Brasília.
A senhora tem falado
sobre construir uma frente ampla de oposição ao governo
atual do DF para 2022. Como isso está acontecendo? Houve algum
avanço? Há conversas em andamento. Mas
creio que as definições vão ficar para mais adiante. Brasília tem excelentes
quadros para compor uma frente de oposição. Quero dar minha contribuição e
fazer parte de um grupo que represente um novo momento para Brasília.
Alexandre de Paula – Coluna “Eixo Capital” – Correio Braziliense