As voltas que o mundo
dá. O dito popular se aplica a dois momentos da trajetória do maior ídolo da
música popular brasileira. Em 19 de abril de 1981, Roberto Carlos comemorou os
40 anos em Brasília, apresentando-se na Esplanada dos Ministérios, sendo
reverenciado por 200 mil pessoas. Amanhã, quando completa 80 anos, o Rei só
poderá receber o carinho dos fãs de longe — da janela do seu apartamento no
bairro da Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Isso, por conta do
distanciamento social por causa da pandemia.
Desde o início da
crise sanitária, em meados de março de 2019, Roberto tem se mantido em casa,
onde vem compondo músicas e assistindo a tevê. Aguardando a segunda dose da
vacina, ele está na expectativa de que haja imunização em massa em todo o país,
para que as atividades artísticas sejam retomadas. Fazendo planos para 2022, o
Rei elaborou uma agenda a qual constam, por exemplo, a apresentação de shows no
Brasil, nos Estados Unidos e na Europa; e o início das filmagens do
longa-metragem sobre sua vida, com direção do cineasta Breno Silveira.
Enquanto isso não
ocorre, estão à disposição no mercado editorial quatro livros sobre o ídolo:
Roberto Carlos em detalhes e Roberto Carlos outra vez, de Paulo César de
Araújo; Por isso essa voz tamanha, de Jotabê Medeiros; e o recém-lançado Querem
Acabar comigo — Da Jovem Guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na
visão da crítica musical, do jovem autor fluminense Tito Guedes.
O cantor iniciou a
carreira artística em casas noturnas de Copacabana, na Zona Sul carioca, como
intérprete de bossa nova — é um apaixonado confesso por João Gilberto. A fama e
o sucesso vieram a partir de 1965, quando passou a comandar o programa Jovem
Guarda, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa, na TV Record. Autor de canções
românticas clássicas, ele viu a popularidade aumentar a partir da década de
1970. Ostentando o cetro de Rei, lançou 40 discos e incontáveis hits e vendeu
milhões de discos.
Na capital do
país: É antiga a relação de Roberto Carlos com Brasília. A primeira vez
que ele veio à capital foi na época da Jovem Guarda, para apresentação no ainda
inacabado Teatro Nacional. Em 1981, ele fez o histórico show para 200 mil
pessoas na Esplanada dos Ministérios, em comemoração dos 40 anos e dos 21 anos
da cidade. Para o evento, coordenado pelo publicitário Marcus Vinicius Bucar
Nunes, foi formado um coral de crianças que acompanhou o cantor na
interpretação de Guerra dos meninos — o ponto alto do espetáculo. O repertório
trazia sucessos como Detalhes, Proposta, Sua estupidez, Café da manhã e Como é
grande o meu amor por você.
Dois anos depois, em
18 de maio, o Rei voltaria ao Distrito Federal, desta vez para show no Estádio
Serejão em Taguatinga, onde houve a estreia do projeto Emoções, que o levaria a
várias capitais do país e cidades do interior a bordo de um boeing da Vasp,
extinta empresa aérea. Em sua companhia viajavam a banda RC7, orquestra e
coral. Era a primeira turnê nacional do cantor, que, em entrevista ao Correio,
disse ter se inspirado no que já vinham fazendo Elton John e os Rolling Stones.
Mas foi a partir de
meados da década de 1990 que Roberto passou a se apresentar com maior
frequência na cidade, tendo como palco o Ginásio Nilson Nelson, que já ocupou
em mais de 10 oportunidades, cantando sempre para grandes plateias. O show mais
recente, porém, ocorreu no Estádio Nacional Mané Garrincha, em 11 de agosto de
2018, onde foi aplaudido por mais de 20 mil espectadores.
Irlam Rocha Lima – Foto Olavo Rufino/CB/D.A.Press – Correio Braziliense