Com o tempo, as edificações se tornaram pontos de atendimento à comunidade. No
entanto, ao longo dos últimos 15 anos, três casas ficaram abandonadas e foram
consumidas pelo tempo. O comprometimento da estrutura alertava para o fim das
poucas construções originais da época de inauguração da capital federal. Para
preservar esse patrimônio histórico e evitar mais danos às casas, a Secretaria
de Cultura e Economia Criativa iniciou ações emergenciais na região, em 29 de
março.
O trabalho envolve retirada de madeiras soltas ou podres, escoramento de
estruturas, limpeza da área externa, além da poda e da retirada de uma árvore que
compromete as casas. O período para concluir essa etapa é de 30 dias, segundo a
pasta. Depois, terá início um processo licitatório para contratação de uma
empresa especializada na revitalização de construções antigas em madeira. Após
a finalização, o espaço será devolvido à comunidade local.
Para o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, a Fazendinha da Vila
Planalto poderá servir como polo turístico e cultural. “A recuperação dela é
mais do que uma necessidade. Ela é um sítio histórico importante de Brasília”,
ressaltou o chefe da pasta, que acompanha de perto as obras no local. “Estamos
fazendo o trabalho de limpeza. Até enxame de abelhas e ninho de escorpião havia
lá. Tivemos de parar um momento para fazer a dedetização e proteger a equipe
que trabalha lá”, completou.
Futuro: Arquiteto da Secretaria de Cultura, Antônio
Menezes Júnior afirma que essa etapa visa conter a deterioração das casas.
“Três das edificações estavam em situação de pré-ruína. Estamos focando na
eliminação dos fatores de risco”, pontua. Além da limpeza e do escoramento das
estruturas danificadas, a Casa Lar Ampare — que não apresenta riscos
estruturais — receberá serviços de revisão da parte elétrica e instalação de
sistema para prevenção de descargas atmosféricas. “Com essa iniciativa, o
governo cria vários meios para tornar essa área útil e recuperar um patrimônio
tombado que faz parte da história de Brasília”, afirma.
O grupo de trabalho — formado pelas secretarias de Cultura e Economia Criativa,
de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), de Governo e pela Administração
Regional do Plano Piloto — tem se reunido para definir o futuro das edificações
recuperadas. “Vamos discutir com a comunidade da Vila Planalto, que é muito
ativa, qual o melhor uso desses espaços. Mas, provavelmente, teremos um centro
de cultura”, ressalta Bartolomeu Rodrigues. Ele acrescenta que toda a ação faz
parte de um projeto maior, para melhora da Vila Planalto como um todo. “Nossa
expectativa é de que, até o fim do ano, a cidade esteja de cara nova”,
completa.
Para saber mais: Legado ... O
nome da Fazendinha homenageia Pacheco Fernandes Dantas, engenheiro sócio de uma
empreiteira com trabalhos-chave na construção da capital federal. A firma é
responsável pela estrutura do Brasília Palace Hotel, inaugurado em 1958 — à
época, conhecido como Hotel de Turismo. A Pacheco Fernandes deixou Brasília em
1963, com legado de obras no Palácio do Planalto e na edificação do Hotel
Nacional. Em 1959, o acampamento de operários da empresa passou por um nebuloso
episódio, que terminou com mortos e feridos após um tiroteio no local. Um grupo
de policiais da Guarda Especial de Brasília (GEB) foi destacado para atuar no
acampamento e tentar controlar a confusão. Após o ocorrido, porém, eles
acabaram expulsos da corporação.
Cibele Moreira - Ricardo Daehn – Fotos Marina Gadelha – Correio Braziliense.