Reescreva a própria história
Existe um lugar em nós que é sempre quentinho. Como colo de mãe, abraço de amigo ou cama macia com edredom. Chama-se zona de conforto. Se você pode passar dias e noites morando nesse espaço aconchegante, por que mesmo haveria de querer mudar? Eu te digo: porque é necessário, sempre é necessário sair e ver o mundo. Ainda que ele, muitas vezes, pareça feio, difícil, frio e escuro.
Se a pandemia não tirou você da zona de conforto, há algo errado por aí.
Desconfie se a tristeza não bateu na porta, se a angústia não pediu abrigo, se
o desespero não gritou em algum momento. Pede pra sair. Há um mundo lá fora e
você precisa olhar para ele. É preciso enxergar mais na frente, ao lado, atrás.
Ver por todos os ângulos e, ainda assim, perceber o quanto muitos de nós somos
privilegiados. Aí a gente se dá conta de que há muito a ser feito, mesmo
confinados, isolados, desmotivados e pouco esperançosos.
Para mim, a zona de conforto é como uma trincheira de guerra. É difícil sair
dela quando tem tiro para todo lado. Ao mesmo tempo, sei que não é um lugar
seguro de estar neste momento. O que nos traz segurança é paz de espírito, e
ela inclui enfrentar os temores mais profundos, estender a mão para ajudar o
próximo, cuidar da família e dos amigos, buscar soluções diferentes para
problemas contínuos.
Há inimigos lá fora. Gente de todo tipo, que nega a pandemia, que negligencia
cuidados básicos, que celebra a escalada de mortes. No poder, há quem atente
contra a vida de tantos, colocando a ciência debaixo da lupa dos ignorantes e
postergando nosso encontro com a vacina que salva vidas. É preciso enfrentá-los
o quanto antes. Para isso, se fortaleça.
Também há inimigos dentro de nós. Assim é a mente, serpente que não perde uma
oportunidade de dar o bote. Acalmá-la é essencial. Eu, que já tive uma
experiência sublime com a prática de meditação, sugiro o curso da Sociedade
Vipassana. Acesse a página da entidade >>>(https://bit.ly/2OGzRK4) e
entenda o que o Programa de Redução do Estresse, que começa ainda em abril,
pode fazer pela sua saúde física e emocional.
Existem outros remédios para sair da zona de conforto. Um hobby, uma prática
manual, um talento escondido que pode aflorar. Dona Valeriana, mãe de um amigo,
nunca teve e-mail, celular ou redes sociais, mas tinha o bordado como
passatempo. Na pandemia, trabalhou como nunca. Para surpresa do filho, ela
criou uma loja no Instagram e pôs o ofício no mundo. Segue lá:
@ponto.a.ponto17.
Quantos de nós são capazes de sair do lugar e tentar algo novo? Sempre é tempo.
E essa é a melhor forma de lidar com a pandemia. Não dá mais pra ser igualzinho
a antes. A inércia hoje é estupidez. Aprenda qualquer coisa nova, mexa o corpo,
saia da casinha e mostre ao próximo que ele também é capaz.
Ana Dubeux – Editora-Chefe do Correio Braziliense – fotos/ilustração: Blog-Google.