Com a liberação de eventos em salões e casas de festas pelo GDF, o setor
está animado e acredita em movimento de recuperação econômica. Apesar das
restrições, como o número máximo de público reduzido para 50%, após mais de um
ano sem eventos com público, o retorno das atividades foi recebido com otimismo
pelas empresas de eventos e por clientes. Isso porque o cenário de incertezas
que surgiu com a pandemia da covid-19 atrapalhou os planos de muitos
brasilienses que planejaram celebrar momentos especiais.
O empresário Leonardo Veigan Avaloni, 55 anos, é proprietário do espaço Recanto
dos Buritis, na QI 25 do Lago Sul, e conta que o último ano foi difícil: “O
grande problema que tivemos foi a insegurança dos nossos clientes, porque eles
ficaram sem saber se ia haver liberação ou não. Então, muitos quiseram
desistir, porque protelaram, uma, duas, três vezes. Estava um caos”, pontua.
Com capacidade para 300 pessoas na casa, Leonardo diz que a liberação deve
ajudar o espaço. “Quanto a questão do 50%, qualquer coisa que tiver entrando,
já é um alívio. Mas as pessoas estão inseguras, tanto por ficar sem saber se
podem marcar ou não o evento, quanto pela questão do vírus, se é seguro ou
não”, explica. “Está muito difícil para o nosso ramo, é o que está sendo mais
prejudicado”, completa.
De acordo com a presidente da Associação Brasiliense das Empresas de Eventos e
Afins (Abraeventos), Karla Vinhae, a liberação é uma vitória. “Depois de muita
luta, articulação com o governo, conseguimos uma abertura para explicar como
funciona o nosso trabalho. Prestamos um serviço para o setor família, em que é
possível cumprir todo o protocolo de segurança e garantir que não há
disseminação do vírus. Quando se fala em eventos, imaginam grandes shows, com
promoters, e não é o nosso caso”, afirma.
Agora, a expectativa é reerguer as empresas que foram afetadas financeiramente,
além de resgatar os clientes. “Nosso setor trabalha com previsibilidade. Então,
muitas pessoas estavam procurando os fornecedores para fazer orçamentos, mas
não fechavam. A partir de hoje, já houve uma procura maior, com pessoas em
busca de fechar o negócio”, ressalta Karla. (Festa de 15 anos de Dafne foi em casa com a mãe Rosany e a irmã Deborah)
De acordo com Deborah, a festa foi adiada duas vezes. A previsão era de fazer a
celebração só em 2022. “É um momento importante para a família, porque eu tive
a minha festa de 15 anos. Pensamos em realizar para ela também, porque era um
desejo do nosso pai, que faleceu em 2016. É uma forma de suprir a falta que ele
nos faz”, explica. Para não passar a data em branco, Deborah e sua mãe, a
funcionária pública Rosany Lopes Nunes, 56, cantaram os parabéns para a caçula
em casa. “Para a Dafne ter o adiamento da festa foi triste, é o sonho de
qualquer adolescente e toda aquela expectativa foi por água abaixo”,
acrescenta.
Apesar de a liberação de eventos ser somente de 50% da capacidade do local, a
secretária diz que a família ainda pensa em aguardar mais e manter a data.
“Como fazer festa de 15 anos com adolescentes e sem dança? Não é possível, uma
vez que cuidar de jovens e pedir que sigam as regras é mais complicado. Optamos
em manter o adiamento pois o evento está planejado para 250 pessoas e nem todos
estão vacinados. Não queremos arriscar a saúde da família que tanto amamos”,
acrescenta.
Risco: De acordo com o decreto nº 42.087, podem ser
realizados “eventos presenciais, de qualquer natureza, que exijam licença
eventual do Poder Público, incluindo eventos corporativos como congressos,
convenções, seminários, simpósios, feiras e palestras”. Em nota, a Casa Civil
ressaltou que os locais de festa poderão receber eventos de qualquer natureza,
como casamentos, batizados, aniversários, formaturas “desde que se enquadrem
nos protocolos e medidas de segurança constantes no referido decreto”,
acrescentou.
Apesar das precauções, a professora de imunologia da Universidade de Brasília
(UnB) Andréa Maranhão afirma que qualquer liberação que implique aglomeração
pode gerar disseminação do vírus. “Tudo isso tem de ser muito bem monitorado.
Não é o fato de, eventualmente, terem diminuído os níveis de transmissão que
nos dá esse salvo conduto para fazer esse tipo de evento”, pontua a
especialista. “Se nós tivéssemos um índice de vacinação populacional que
nos asseguresse resistência para a multiplicação desse vírus, poderíamos
liberar. Mas não é o que temos hoje. Não chegamos a 17% das pessoas do DF
vacinadas. É óbvio que fazer eventos hoje, por mais que tomemos medidas de
segurança, vai, sim, contribuir para o aumento da disseminação do vírus”,
acredita.
Dentre as soluções possíveis, a imunologista diz que o governo precisa firmar
parcerias, no sentido de assegurar a testagem e o controle do efeito dessas
medidas em relação à transmissão do vírus e aumento ou redução dos casos de
covid-19. “Para isso, poderia tentar fazer uma colaboração em que pessoas
seriam testadas antes e depois dos eventos e veríamos qual a diferença disso.
Infelizmente, isso não será feito”, acrescenta. “Se eu tivesse que dar uma
orientação ao governo e a empresas que estão organizando eventos, eu diria,
para monitorarem o antes ou depois, para ver se essas medidas são suficientes.
Pode ter, inclusive, um resultado positivo. Caso negativo, outras medidas terão
de ser tomadas”, acrescenta Andréa.
Rali da vice-governador: O
vice-governador Paco Britto (Avante) disse numa reunião nesta semana que
liderou a mobilização de motoqueiros com o presidente Jair Bolsonaro. Para quem
ouviu, foi uma forma de mostrar ao governador Ibaneis Rocha que tem força pra
continuar como vice num eventual segundo mandato.