Calçadas novas e asfalto reformado. São essas as
estratégias do Governo do Distrito Federal (GDF) para revitalizar a W3 Sul até
o fim deste ano. Avenida de serviço para áreas residenciais e comerciais do
Plano Piloto, a W3 Sul já foi uma das áreas de maior potencial comercial da
capital federal. Apesar dos problemas, muitas lojas tradicionais resistem ao
tempo, ao desgaste e à estrutura já envelhecida. Com as obras, que custarão R$
4,3 milhões, a intenção do GDF é retomar a força do comércio local e facilitar
a vida de empresários, pedestres e motoristas que passam todos os dias pelo
local.
“Por muitos anos, pontos importantes do DF ficaram
esquecidos. A revitalização da W3 sul não é apenas um compromisso nosso com a
cidade; vai além da retomada histórica. A avenida é, ainda hoje, uma importante
artéria urbana do DF e faz parte do nosso projeto de recuperação de áreas
degradadas, como o Setor Hospitalar, o Setor Comercial Sul e o Setor de Rádio e
TV Sul. A W3 Sul voltará a ser um importante vetor do nosso comércio a partir
desta revitalização, que também está sendo feita na Avenida Hélio Prates, em
Ceilândia e Taguatinga, na Avenida dos Pioneiros, no Gama, e na Avenida
Paranoá”, destacou o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Ao Correio, o presidente da Companhia Imobiliária
de Brasília (Terracap), Izidio Santos, afirmou que as reformas tocadas em
parceria com a Secretaria de Obras do DF devem retomar a potência da avenida —
que é uma das mais movimentadas da região central de Brasília. “O objetivo é
realmente revitalizar a W3, que é uma importante via do Distrito Federal. Com
isso, acreditamos que novos comerciantes virão”, disse.
O representante da Terracap ressaltou o prazo de
finalização das obras. “O objetivo é devolver ainda neste ano toda a W3
revitalizada. Junto às obras, foram feitas outras adequações: toda a iluminação
da via é de led, foram recuperados pontos de ônibus e alguns estacionamentos. É
um conjunto de serviços para dar essa funcionalidade a W3 e W2”, afirmou.
Desde julho de 2020, o local está recebendo
melhorias nas vias urbanas e nas calçadas, com nivelamento por meio de piso
tátil e rampas a fim de garantir acessibilidade. As empresas contratadas para a
reforma são responsáveis por realizar obras nos estacionamentos e nos becos
entre os blocos, além de serviços de arborização, paisagismo, pintura,
sinalização horizontal e troca da iluminação. Segundo o GDF, mais de 200
empregos foram gerados com as obras.
Izidio Santos também afirmou que a empresa pretende expandir a revitalização para a W3 Norte. “Esses projetos urbanísticos são originados da Seduh (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação), que já está elaborando os projetos da W3 Norte. Os projetos demandam um tempo para ficarem prontos”, concluiu.
O empreendedor relembrou o passado glorioso da via
e como a situação mudou por ali. Na avaliação dele, a área está abandonada e
sem perspectiva. “Tinha tudo na W3 Sul. Hoje, não mais”, destaca. “Dá para
melhorar. Tinha de ter mais segurança. A W2, que é um complemento da W3,
deveria ser mais bem iluminada, e tínhamos de revitalizar as marquises. A W3
Sul está feia; ela era muito bonita, eu acho que pode voltar a ser. Depende do
governo e um pouco da iniciativa privada também”, ponderou.
O coordenador de vendas Luiz Galdino, 35, trabalha
na 503 Sul. Ele destaca os pontos positivos da área. “É uma região bastante
interessante, localizada próxima ao grande centro de Brasília e completamente
autossuficiente”, disse. Para ele, a W3 Sul carece de reformas estruturais.
“[Falta] revitalização e assessibilidade nas calçadas, aumento e revitalização
dos estacionamentos, das fachadas das lojas, incentivos para grandes empresas
se estabelecerem no local e aumento no policiamento”, destacou.
Desvalorização: Com o passar do tempo,
a W3 Sul tornou-se pouco atraente para os investidores do mercado imobiliário.
As principais queixas são baixa acessibilidade, falta de segurança, pouco
estacionamento e distância entre um comércio e outro.
O presidente Conselho Regional de Corretores de
Imóveis do Distrito Federal (Creci-DF), Geraldo Nascimento, explicou como a
região foi impactada negativamente. “Não há posto policial próximo. A população
não tem segurança alguma em transitar pela W3. Muitas lojas tradicionais
fecharam ou mudaram para shoppings. A gente já não procura mais nada na W3.
Aquelas casas tradicionais não existem mais”, lamentou.
Na avaliação do presidente do Creci-DF, o local
está abandonado e necessita de mais atenção do poder público. “O investimento
lá deixou de ser importante para o investidor do mercado imobiliário”, concluiu
Nascimento.
10 km: Extensão da Avenida W3 Sul
"Por muitos anos, pontos importantes do DF ficaram esquecidos. A revitalização da W3 Sul não é apenas um compromisso nosso com a cidade; vai além da retomada histórica” (Ibaneis Rocha, governador)