Imagine que você precisa marcar uma consulta
médica. Você abre um aplicativo no celular e digita ortopedista. Em seguida,
recebe indicação de profissionais que estão no caminho entre sua casa e o seu
trabalho, em horário antes ou depois do seu expediente, que atende a
especialidade procurada, está em linha com os seus outros médicos e, além
disso, tem perfil semelhante ao seu, como o mesmo hobby ou gosto musical.
É a Inteligência Artificial trabalhando para oferecer um profissional que se
encaixa perfeitamente para atender às suas necessidades. Quase um Tinder da
saúde, no qual o match é entre paciente e médico. Utopia? Talvez precise rever
os seus conceitos.
A jornada tecnológica do paciente é uma tendência que veio para ficar,
especialmente em tempos de pandemia, quando o virtual se sobrepôs ao presencial
em diversas áreas. No último ano, houve o surgimento de planos de saúde
digitais no mercado brasileiro focados na experiência do usuário e revendo
modelos tradicionais, aproveitando seus benefícios e expertise em assistência e
resolvendo alguns de seus entraves e burocracias.
O credenciamento de novos fornecedores é algo que envolve bastante papelada,
por exemplo. Num plano de saúde analógico, você tem de pegar os
dados do profissional, incluir na sua lista, jogar as informações em um
formulário no computador, depois em algum programa para reconhecer o endereço e
incluí-lo nos filtros que serão disponibilizados ao seu beneficiário.
Os planos com DNA digital têm uma plataforma amigável e geolocalização quase
que instantânea para selecionar com rapidez e assertividade o prestador ideal
para o seu beneficiário. Nascer já tecnológico faz a diferença porque a lógica
do serviço prestado é executada de maneira completamente diferente. Os planos
de saúde digitais, ao contrário dos tradicionais, não se digitalizaram para
atender a uma necessidade do mercado, eles nasceram tecnológicos.
A pandemia causou efeitos devastadores ao redor do mundo, mas é inegável a
aceleração digital que provocou no setor a telessaúde foi um exemplo.
Nós das autogestões agimos rápido para oferecer às nossas operadoras de saúde
filiadas este serviço, que, é bom ressaltar, era uma demanda antiga que teve de
ser priorizada pelo cenário atual. Ganhou o paciente, que não deixou de ser
atendido mesmo com lockdown, ganharam os planos, que perceberam o quanto esta
tecnologia pode ser usada em favor da saúde.
De um ano para cá, as pessoas ficaram, por necessidade, muito mais conectadas,
e isso é um ponto importante ao qual essas operadoras têm de estar atentas. O
atendimento virtual é um diferencial na experiência do usuário e já é algo
natural nos planos digitais. Em relação ao beneficiário, o quanto ele está
preparado? E os fornecedores? Eles também estão em sintonia com esta nova
realidade?
O fato é que a inteligência artificial não vai substituir o profissional. Mas
com certeza, quem a utilizar sairá na frente. É algo que não tem retorno. Vai
atingir toda a cadeia da assistência à saúde e ajudar a rever, inclusive, o
atual modelo de remuneração, que hoje é um desafio para a saúde como um todo e
pode torná-la insustentável dentro de médio prazo.
Um ponto para nós de autogestão é o modelo que adotamos de assistência integral
à saúde: focando na prevenção e não na doença. A tecnologia pode nos aproximar
ainda mais das pessoas, facilitar a coordenação de cuidados, o engajamento do
paciente nas ações de promoção à saúde. Smartphones, wearables e devices como
medidores de insulina conectam em tempo real o paciente ao seu gatekeeper,
somado aos dados de consumo, comportamento e hábitos de vida, se tornam uma
ferramenta fundamental para melhor entrega de valor aos beneficiários.