Camisa canarinho, rosto pintado de
verde e amarelo, sorriso no rosto e olhos marejados transbordando emoções. Essa
cena se repete a cada quatro anos durante o maior evento esportivo do mundo.
Com um ano de atraso e sem o coro da torcida, as Olimpíadas de Tóquio-2020
começam oficialmente nesta sexta-feira, na cerimônia de abertura em que a
brasiliense Ketleyn Quadros será a porta-bandeira do Brasil com o levantador
Bruninho.
Depois de 13 anos da Olimpíada de
Pequim-2008, a primeira da judoca, os cabeleireiros Rosemary de Oliveira Lima e
Kleber de Souza Quadros voltarão a ver a filha realizando o maior sonho de
participar novamente do torneio. Agora, com mais uma responsabilidade na
bagagem.
“Me senti honrado em saber que
minha filha vai representar o nosso país. Ser reconhecida, uma pessoa que veio
de baixo. Com esforço e coragem, conseguiu chegar aonde ela chegou”,
emociona-se o pai. “Se tem uma pessoa para representar a delegação e o judô brasileiro
desta forma, com certeza é a minha filha. Não que eu seja coruja, mas por ela
ser uma pessoa que está correndo atrás há mais de 10 anos e nunca desistiu”,
enaltece a mãe.
No torneio de 2008, o pai não
conseguiu ir para a capital chinesa e assistiu aos combates da filha pela
televisão. A mãe acompanhou, na arquibancada, desde as lutas até a subida da
atleta ao pódio com a medalha de bronze pendurada no peito. Para a de
Tóquio-2020, as famílias chegaram a se organizar para viajar à capital japonesa,
mas, em razão da pandemia e as restrições na cidade, terão de ver a judoca do
sofá de casa.
Mesmo com o fuso de 12h e os
17.670km que separam Ceilândia de Tóquio, Rosemary, as irmãs mais novas, a avó
e alguns tios da lutadora torcerão como se estivessem na arena Nippon Budokan
(sala das artes marciais, na tradução). Com direito a casa enfeitada com balões
e bandeiras do Brasil.
Além das camisetas personalizadas,
que estarão prontas para o primeiro confronto da lutadora em 27 de julho.
Preocupada em não promover aglomeração, com o restante da família, fará
chamadas de vídeo para vibrarem a cada conquista da judoca em busca do ouro
olímpico.
Na casa de Kleber, também haverá
muita celebração e torcida uniformizada. “Ketleyn é uma menina muito batalhadora,
eu creio que vai trazer uma medalha, nos resta torcer pela minha filha. Só de
estar ali, ela já é uma vencedora”.
“Ela começou a faltar
às aulas de natação para ir às de judô. Eu ia à escola e estava sentada no
canto da sala assistindo ao treino. Até que falei: se gosta tanto, fica nele” (Dona Rosemary, mãe de Ketleyn)