A arte, nas mais diversas manifestações, provou ser
companheira fiel durante a crise sanitária da covid-19. Seja na melodia da
música, nos traços do desenho ou na beleza da poesia, ela se tornou refúgio
para uma população isolada dentro de casa. A fim de engajar a comunidade, as
famílias e os estudantes em torno dessas atividades, o Polo de Altas
Habilidades e Superdotação do Recanto das Emas desenvolveu um concurso
criativo.
Na categoria de texto, participaram estudantes a
partir do 6º ano de qualquer unidade de ensino da região administrativa. A
inscrição de desenhos valia para todos os alunos dos ensinos regular, especial
e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O resultado saiu na quinta-feira, no
canal oficial do YouTube da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Recanto das
Emas, durante uma transmissão em formato de talk show.
O primeiro colocado da categoria desenho — com tema
Meu clima, minha terra inabitável, meu papel e meu desenho — foi o estudante
Jonatas Soares, 17 anos, do Centro de Ensino Médio (CEM) 804. Desde que soube
do concurso, ele se empenhou no projeto e, ao acompanhar a transmissão ao vivo,
não conteve a ansiedade. “Mesmo sabendo que poderia haver pessoas melhores, eu
me esforcei. Ser contemplado com o primeiro lugar foi uma conquista. Isso me
incentivou a seguir a carreira da arte”, relata. “No momento do último anúncio,
fiquei muito nervoso, porque queria muito o prêmio. Estou muito contente por
recebê-lo.”
O objetivo da iniciativa, segundo a professora de
altas habilidades Flávia Santos Espíndula, foi encontrar novos talentos para a
unidade educacional que recebe superdotados. “Resolvemos fazer a premiação para
incentivar os alunos a participar. Todo o projeto contou com a atuação deles, e
aproveitamos para divulgar o trabalho que realizamos no polo. O programa (talk
show) foi dividido em quatro blocos. Em cada um deles, houve exibição de uma
propaganda feita pelos alunos do polo, que explicaram a experiência de estudar
na unidade”, pontua.
Atualmente, o polo atende cerca de 100 estudantes,
que passar por um processo seletivo. “É bem específico. Antes de levar para as
altas habilidades, recebemos indicações dos professores, da família ou dos
próprios alunos que se considerem dentro do perfil. Nossas aulas são no
contraturno da escola, e buscamos um olhar diferenciado ao estudante, o que
dificilmente seria possível no ensino regular, devido às outras demandas”,
observa Flávia.
Orgulho: Um dos educadores que indicou alunos
para o concurso foi Edmar de Oliveira, professor de artes do Centro de Ensino
Fundamental (CEF) 602, no Recanto das Emas. “Essa interação entre os estudantes
e a possibilidade de mapear os que podem fazer parte das salas de altas
habilidades é muito importante. Sou docente de dois dos premiados: dei aula
para o Jonatas Soares, que mudou de escola, e da Amanda, que ganhou em segundo
lugar no prêmio de desenho”, conta.
Edmar não nega o orgulho que sentiu dos estudantes
que receberam as homenagens: “Foi uma alegria imensa. A escola inteira está em
festa. Eles são superartistas e, para mim, como professor, isso é uma forma de
reforçar o quão importante investir nesses talentos. Esses alunos têm
características muito diferenciadas em relação à produção audiovisual, e isso
demonstra como o ensino da arte é importante”, reforça Edmar.
A família de Amanda Ferreira da Silva, 14,
estudante do 9° ano do CEF 602, recebeu a notícia do prêmio de segundo lugar
com emoção. “Soube do concurso pelo professor Edmar. Ele me perguntou se eu
queria participar e fiquei interessada. É um tema novo. No começo, achei
complicado, mas, rabiscando no papel, comecei a ter ideias. Até que consegui
fazer o desenho”, conta Amanda. “Penso em estudar arquitetura ou engenharia (na
faculdade), porque gosto muito dos esboços de casas. Mas posso seguir em outra
profissão que tenha desenho também. Desde pequena, sou apaixonada por desenhar.
O caminho é deixar a arte entrar na nossa mente e fazer com que ela se expresse
de alguma forma”, completa.
Talentos: Para a terceira colocada do
concurso, Júlia Alves de Almeida, 17, e outros estudantes do CEM 804, o polo de
altas habilidades tem sido importante para o autodesenvolvimento e
aprimoramento. “Estou há cerca de cinco anos lá, e tem havido uma aprendizagem
muito grande. Temos trabalhos livres ou participamos das atividades que o
professor oferece. Os exercícios ajudam muito nossa criatividade. Também achei
o tema do desenho muito importante, um assunto que tem de ser debatido.
Enfrentamos diversos problemas na natureza, e precisamos conversar sobre isso”,
alerta.
Outra aluna vencedora, mas na categoria de redação,
foi Liz Cristina Ferreira, 14, estudante do 9º ano do CEF 113. Há cerca de
quatro anos, ela frequenta o polo de altas habilidades e tem grande interesse
pela linguagem. “Desde que entrei, a escola me incentivou com exercícios que me
ajudaram a desenvolver e aumentaram a criatividade. O tema definido para a
redação do concurso foi empatia em tempos de pandemia, algo importante e com
muitas possibilidades de ser abordado”, opina a adolescente.
A mãe de Liz, Martha Gomes da Silva Ferreira, 32,
conta que, desde criança, a filha apresentava afinidade com o português. “Aos
dois anos, ela lia palavras simples e conseguia falar algumas mais complexas.
No 3º ano do fundamental, ela foi indicada pela professora a um centro de altas
habilidades. Ontem (quinta-feira), assistimos a premiação on-line e ficamos
muito felizes com o resultado. Vejo isso como um incentivo a mais no ensino
regular, principalmente da escola pública, que, geralmente, salvo nos locais
com salas de altas habilidades, não consegue explorar tanto os talentos dos
alunos. É uma forma de eles serem motivados a seguir os sonhos”, comenta a
empreendedora.
Recompensas: Redação, Prêmios por
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habilidades — Tablet » Ensino Fundamental — Mesa digitalizadora
- Desenho » Mesa digitalizadora, moldura para desenho vencedor e
pen-drive aos três primeiros colocados