Morre Roberto
Stuckert, aos 78 anos. Com passagens por veículos como
Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Manchete e Associated Press, repórter
fotográfico paraibano fez história em Brasília. Ele atuou como fotógrafo
oficial da presidência da República, nos últimos anos da ditadura militar
Uma das figuras mais importantes do fotojornalismo
brasileiro é como Roberto Stuckert ficou conhecido entre colegas de profissão,
amigos e familiares. O repórter fotográfico morreu na madrugada de ontem, aos
78 anos, vítima de uma insuficiência cardíaca que levou a um infarto
fulminante. A despedida de Stuckão, como era carinhosamente chamado, será hoje,
das 8h às 10h, na Capela 7 do Cemitério Campo da Esperança. Às 11h30, o corpo
dele será cremado, em Valparaíso (GO).
No mês passado, Roberto ficou internado por cerca
de três semanas, fase em que a família descobriu o quadro de insuficiência
cardíaca. Contudo, ao longo da vida, Roberto Stuckert acumulou experiências
profissionais. Passou por diversos veículos de comunicação do país e do mundo:
trabalhou na sucursal da Folha de S. Paulo em Brasília, no Jornal do Brasil, na
agência de notícias Associated Press, na revista Manchete e no Jornal de
Brasília. Também foi fotógrafo oficial da presidência da República durante a
gestão de João Figueiredo, último militar a comandar o país, entre 1979 e 1985.
Nascido em 24 de maio de 1943, em João Pessoa,
Stuckão começou a cobrir esportes aos 16 anos, no Diário Carioca, no qual o pai
dele, Eduardo Stuckert, trabalhava. Em abril de 1960, Eduardo indicou o filho
para ser fotógrafo na sucursal da Folha do Diário, em Brasília. Em seguida,
Roberto partiu para a Folha de S. Paulo, também na capital federal. Lá, ficou
por mais de 13 anos, de abril de 1965 a janeiro de 1979.
Em seguida, virou fotógrafo oficial do presidente
João Figueiredo, até 1985. Em 1966, Stuckert registrou o marechal Arthur da
Costa e Silva em visita oficial ao Congresso Nacional. Dois anos depois, quando
o militar se tornou presidente do Brasil, a imagem ganhou a capa da revista
Veja. No entanto, a edição saiu de circulação, devido ao Ato Institucional nº 5
(AI-5). A publicação do documento representou um dos períodos mais repressivos
da ditadura que começou em 1964 no país. À época, o Congresso Nacional foi
fechado, e os fotógrafos tiveram de deixar o comitê de imprensa do edifício.
Legado: Neta do fotógrafo, Roberta Stuckert,
26 anos, publicou uma homenagem ao avô na internet. Ela postou uma foto e um
texto em memória de Stuckão. “É assim que sempre lembraremos de você, com o
brilho nos olhos e o sorriso no rosto. A oportunidade de conviver com você é
única, e sorte de quem pode ter isso”, escreveu.
Sobre os momentos mais marcantes ao lado do avô, a
jovem se emocionou ao lembrar de uma das últimas vezes em que conversou com
Roberto. “Ele falava assim: ‘Leve sempre a família em primeiro lugar. O resto
todo se ajeita’. Meu avô viveu muito bem, conheceu diversos países, participou
de copas do mundo como fotógrafo e fez a história dele. Morro de orgulho de
falar que sou Roberta Stuckert, neta do incrível Stuckão, um homem nada menos
que impressionante”, afirmou ao Correio.
Um dos filhos do fotógrafo, o consultor de imagem e
também fotógrafo Roberto Franca Stuckert, 54, citou uma conversa que teve com o
pai na juventude. “Ele é tudo em minha vida, principalmente porque me ensinou a
profissão dele, a coisa mais linda do mundo. Uma vez, falou para mim: ‘Filho,
se um dia você for trabalhar com essa máquina, seu pai estará aqui te ensinando
a fotografar. Você vem se quiser. Se não quiser, você não vem’. E eu disse que
sim”, relata.
Com o mesmo nome do pai, Roberto ganhou o apelido
de Stuca. Na trajetória profissional, recebeu conselhos de perto do antecessor.
“Filho, já que você quer ir comigo, você está vendo essa máquina fotográfica e
essa bolsa com esse peso todo? Com essa máquina e com essa bolsa, vai você vai
rodar o mundo. Ela vai te dar oportunidades que nem uma pessoa rica vai poder
conhecer”, disse Stuckão. “O ensinamento que mais guardo na vida é o respeito
que ele tinha por nós, pelos colegas de trabalho, pela família, além do amor
que tinha pela profissão”, completou o filho.
Atualmente, a família de Stuckão tem 33 fotógrafos,
incluindo o pai e o avô dele, além de sete tios e dos filhos: Ricardo, o
Stuquinha, e Roberto. Esses dois últimos também atuaram como fotógrafos
oficiais da presidência da República, nos governos Lula, de 2003 a 2010, e
Dilma, de 2011 a 2016. Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Distrito Federal lamentou a morte do fotógrafo e prestou condolências e
solidariedade à família Stuckert, bem como aos amigos próximos.