Com a perspectiva de voltar à normalidade, em
futuro próximo, o secretário de Cultura e Economia Criativa Bartolomeu
Rodrigues tem atendido ao pedido de socorro dos equipamentos culturais da
cidade, relegados a desuso ou abandono. Revitalizar tem sido o lema, e o
próximo alvo é a Sala Plínio Marcos. Encerrar o Termo de Cessão do espaço com o
governo federal partiu de iniciativa da Secretaria, e dadas como situação
emergencial, as obras de recuperação do local terão execução em 60 dias,
garantido o aporte de R$ 485 mil. “Importante lembrar que como se trata de um
equipamento tombado, basicamente lidaremos na manutenção da fachada, na impermeabilização
da cobertura, na pintura externa, recuperação das calçadas, manutenção das
esquadrias de vidros e na recuperação de captação de águas pluviais”, atenta
Rodrigues.
O secretário diz que, à primeira vista, chegando ao
teatro, tem-se a impressão de que um show ou peça começará em
minutos. “Mas, se reparar direito, verá que precisa de reformas, e as chuvas
que já estão caindo nos ajudarão a identificar infiltrações e danos nos
telhados”, completa. O antigo Complexo Cultural da Funarte (integrado ainda
pela Sala Cássia Eller), há 20 anos viu reformas profundas na Sala Plínio
Marcos, com pintura, adesão de carpete novo e incorporação de cadeiras
plásticas (542 delas), além do ganho de reparos elétricos.
“Trazemos de volta para o naipe de equipamentos do
GDF um espaço multicultural histórico, fundado como Casa do Teatro Amador e que
está no DNA da formação cultural da cidade. Isso não significa que rompemos
todos os vínculos com a Funarte. Ao contrário, firmamos termos de colaboração
para que a entidade seja nossa parceira em projetos culturais de abrangência
nacional. Como fizemos recentemente, cedendo a Concha Acústica para execução de
um projeto alusivo ao bicentenário da Independência. A própria Funarte nos
cedeu, também, um projeto de restauração completa do setor, sobre o qual
podemos trabalhar em breve”, comenta Bartolomeu Rodrigues.
Numa situação complicada, a Sala Cássia Eller
carece de reforma mais profunda. “Temos projeto específico para aquela área,
ainda em fase de estudos, que devolverão ao complexo toda a importância que
teve no passado”, reforça o secretário. Uma consulta pública para renomear o
complexo começa a ganhar corpo. Bartolomeu até arrisca um palpite: Centro
Monumental de Cultura. Remexer na infraestrutura do complexo cultural, reativa
as memórias do secretário, em fins dos anos de 1970, quando, estudante “e sem
um tostão”, tinha gana por lazer. “Naquela época, os projetos Pixinguinha e
Seis e Meia lotavam salas e a gente podia ver Clementina de Jesus, Dona Ivone
Lara. Esse complexo era parada obrigatória para se ligar ao mundo cultural sem
pagar nada”, relembra Bartolomeu.
Projeto de Oscar Niemeyer, no Setor de Difusão
Cultural (perto da Torre de TV e do Centro de Convenções), a Casa do Teatro
Amador teve inauguração em 1991, uma década antes da retomada da programação
alternativa no Teatro Sesc Garagem. Com agenda sistemática norteada por
pesquisas estéticas e convidativos preços populares, o local propiciou cursos e
oficinas culturais, além de atrações norteadas por federações de teatro amador.
O embrião das atividades residia em fins dos anos de 1970, com a atual Sala
Cássia Eller a todo vapor.
“Os artistas locais
estavam na fase pré-profissionalização, daí surgindo nomes como Oswaldo
Montenegro, com seu grupo Os Menestréis. Foi lá também onde surgiu, com força,
Robson Graia, um fenômeno de público na área do teatro, ao lado de Aloisio
Batata. Depois, vieram os festivais de palhaços que iam além do palco, ocupando
os gramados. Os artistas da cidade estão aí, em busca de um espaço. E nós
estamos aqui, loucos para dar esse incentivo”, comenta o secretário.