Em uma das paredes da casa da
judoca Bianca Reis, no Jardim Botânico, há uma coleção de medalhas e de
troféus. Fruto de uma trajetória no judô iniciada quando ela ainda tinha 7
anos. Hoje, aos 16, a brasiliense almeja mais vitórias para a coleção e está
perto de conseguir. Em março, ela participa do Meeting Nacional, em Porto
Alegre, e em abril compete nos Jogos Sul-Americanos da Juventude, em Rosário
(Argentina).
Essa rotina de viagens só é
possível graças ao programa do Governo do Distrito Federal Compete Brasília,
que incentiva a participação dos esportistas em competições, patrocinando
passagens aéreas e terrestres. Bianca já utilizou o auxílio em sete
oportunidades desde 2017 para competir em Lima (Peru), Guaiaquil (Equador),
Santiago (Chile), Guadalajara (México), Pindamonhangaba (SP) e São Paulo. Em
todas as oportunidades, voltou com 11 medalhas – nove de ouro, uma de prata e
uma de bronze.
“O Compete Brasília tem me ajudado
muito nas minhas últimas competições, tanto nacionais quanto internacionais”,
conta a jovem. “Consegui passagens para mim, para o meu pai e para o meu sensei
[professor, orientador]. Na maioria das vezes a gente vai de avião, mas já fui
de ônibus também. Independentemente do meio de transporte, já é uma ajuda.”
Incentivo: Além do Compete Brasília, que só em 2021 investiu R$ 3,3 milhões e beneficiou 1.233 atletas, Bianca Reis, desde 2018, conta com recursos de outro programa, o Bolsa Atleta. Concedido pela Secretaria de Esporte e Lazer (SEL), o benefício consiste em patrocínio mensal para atletas de alto rendimento com bons resultados em competições. No ano passado, foram investidos R$ 2,2 milhões para custear 230 desportistas.
Por causa do Bolsa Atleta, o
esporte se banca sozinho. Antes, os custos para treinamento, competições,
equipamentos e quimonos eram bancados pela a família ou por meio de almoços e
rifas. “A gente não tem que mais tirar do bolso”, lembra o pai de Bianca,
Marcos Rosa Reis. “No início, era pesado. Quando ela foi para a primeira
competição internacional, conseguimos as passagens com o Compete Brasília, mas
tínhamos que pagar a inscrição, o hotel, comprar dólar. Fizemos rifa e
almoços”.
“Tanto o Compete Brasília quanto o
Bolsa Atleta incentivam esportistas de diversas modalidades”, reforça a
secretária de Esporte e Lazer, Giselle Ferreira. “Conceder esses traslados é
uma contribuição do Estado, porque a gente sabe que essas despesas oneram
muito. Poder contribuir com essas alegrias não em preço. Não é um gasto, mas um
investimento.”
A gestora ressalta que o Compete
Brasília é um “grande orgulho”, inclusive por se tratar do único programa desse
tipo entre as todas unidades da Federação. “Estamos tendo muitos resultados
positivos”, aponta. “Não vamos medir esforços e, para este ano, já aumentamos
os recursos. Queremos cada vez mais levar os nossos atletas para participar de
competições”. Em 2022, anuncia a secretária, serão destinados aproximadamente
R$ 6 milhões para o programa.
Outra novidade é a digitalização
do programa. Os procedimentos de cadastro e requerimento do Compete Brasília
agora são feitos online pelo site. O pedido deve ser protocolado no prazo
máximo de 40 dias, para viagens nacionais, e de 60 dias, para as
internacionais, antes do início competição .
Já o Bolsa Atleta terá uma
atualização com a apresentação de um projeto de lei que ainda está na fase
técnica. “Estamos trabalhando para incrementar o programa porque algumas
modalidades do paradesporto não estão inclusas; queremos modernizar e incluir
modalidades como a paracanoagem, que está crescendo muito em Brasília”, informa
a secretária.
“Não vamos medir
esforços. Queremos cada vez mais levar os nossos atletas para participar de
competições” - Giselle Ferreira, secretária de Esporte e Lazer
Atualmente, Bianca treina todos os
dias na Academia Corpo Arte, no Guará, com o orientador Oswaldo Navarro. “Ela
está com a gente desde os dez anos”, conta o professor. “É muito gratificante
vê-la, porque a gente sempre tenta despertar os alunos, fazer com que eles
gostem do esporte”. Foi Navarro quem incentivou a menina a entrar no mundo das
competições. “Ela foi se destacando, porque é superdisciplinada, aguerrida e
bem competitiva”, avalia. “Fico feliz de termos conseguido despertar isso na
Bianca”.
A primeira competição oficial de
Bianca foi o Campeonato Brasileiro de Judô, em 2016. Ela perdeu na primeira
luta, mas não desistiu. No ano seguinte, conquistou o primeiro lugar na Copa
São Paulo. Voltou ao Brasileiro e ficou na segunda colocação. No mesmo ano,
garantiu o ouro no Pan-Americano e no Sul-Americano no sub 13. “Foi quando
despertou de vez a minha paixão pelo esporte. Comecei a levar mais a sério do
que antes. Os treinos começaram a se intensificar”, afirma a judoca.
A partir daí, Bianca foi premiada
duas vezes no Pan-Americano (2018 e 2019) com prata e ouro, duas vezes no
Sul-Americano (2018 e 2019) – quando ganhou duas medalhas de ouro –, no
Campeonato Brasileiro sub 21 e sênior (2021) – ouro e bronze – e nas seletivas
Nacional (sub 18 e sub 21) e Sul-Americana, em 2022, conquistando três ouros.
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