Uma parte desse acervo
está em cartaz no Museu de Arte de Brasília (MAB), na exposição Sergio Rodrigues e o Mobiliário Moderno
da Universidade de Brasília, até 31 de março, com patrocínio do
Fundo de Apoio à Cultura (FAC). São quatro peças desenhadas e confeccionadas
para a inauguração da UnB, projeto afetivo para o criador, que virou a
madrugada para montar as poltronas do auditório, para a inauguração em 21 de
abril de 1962. Na sexta (18), o livro homônimo da exposição será lançado, às
17h, e distribuído gratuitamente.
“Somente uma poltrona
não ficou pronta a tempo, mas Sergio tratou de ficar em pé, escondendo o lugar
vazio”, relembra o idealizador e curador da exposição, o arquiteto e urbanista
José Airton Costa Junior. “Você não sabe o que é Brasília, Brasília se faz tudo
na hora”, comentou Rodrigues à época.
“A presença de Sérgio
Rodrigues é indissociável da história de Brasília como cidade modernista. Por
isso, cada vez mais, se faz necessário todo o esforço para a preservação da
memória desses nomes pioneiros e suas obras”, diz o curador José Airton Costa
Junior
As peças em exposição
no MAB são as poltronas Lia e Kiko e as cadeiras Lúcio Costa e UnB. Em comum,
os materiais utilizados são de madeiras brasileiras, couros e palhas naturais,
num design que buscava inovações dos meios de produção
(*) ~~~~ Acesse aqui o catálogo oficial de Sergio
Rodrigues.
José Airton destaca
que, do ponto de vista conceitual, os móveis que Sergio Rodrigues desenhou para
Brasília atenderam completamente ao que foi exigido à época. Não poderiam ser
móveis com características clássicas, rebuscados e cheios de ornamentos.
Embora as primeiras
peças de Sergio tivessem como características formas mais leves e delicadas,
foi a robustez de algumas de suas criações que acabou por tornar sua obra
reconhecida internacionalmente como representativa de brasilidade. Mesmo essa
característica de robustez se adequou perfeitamente aos novos espaços brancos e
vazios de Brasília – basta citar os imensos e pesados bancos Eleh, em madeira
jacarandá, que ainda hoje compõem o terraço do Palácio Itamaraty”, destaca.
Cidade-acervo: Brasília
é o território representativo do acervo de Sergio Rodrigues. Além do
quantitativo, a construção da cidade o fez redimensionar a escala de criação e
fabricação e, consequentemente, acelerar o ritmo de seu trabalho. Ele saiu de
uma produção artesanal para uma industrial de móveis em larga escala. ( Poltronas Lia
e Kiko, em exposição no Museu de Arte de Brasília)
“Os anos de 1960 eram
marcados por poucos recursos tecnológicos direcionados ao design, e foi esse
momento que o fez partir para experimentações como a utilização do metal,
principalmente o aço cromado, combinado à madeira, ao couro e às fibras
naturais”, pontua José Airton.
“A presença de Sérgio
Rodrigues, e de tantos outros artistas, arquitetos e designers que participaram
da implementação da cidade, é indissociável da história de Brasília como cidade
modernista. Por isso, cada vez mais, se faz necessário todo o esforço para a
preservação da memória desses nomes pioneiros e suas obras”, aposta.
Sergio Rodrigues em Brasília: – Teatro Nacional Cláudio Santoro: as poltronas originais amarelas na Sala Martins Pena, de 1966, e as poltronas verdes da Sala Villa-Lobos, de 1981. – Palácio do Planalto (salões nobres, mezanino, salas de espera, gabinete presidencial e salas de trabalho da Presidência da República): poltronas e bancos Vronka, de 1962; poltronas Beto, de 1958; cadeiras Tião, de 1959, poltronas Navona, de 1960, e cadeiras Kiko, de 1964. *– Brasília Palace Hotel (móveis que existiam antes do incêndio de 1978 ou atualmente locados no Museu Vivo da Memória Candanga): mesas para os salões e poltrona Stella, de 1956. *– Palácio Itamaraty (saguões dos gabinetes, gabinetes de ministros e terraço): mesas e bancos Eleh, 1965; mesa Itamaraty, de 1960; cadeiras Kiko, de 1964; poltrona Oscar, de 1956; e grandes expositores em jacarandá e vidro, de 1962. *– Palácio da Alvorada (salas de reuniões): uma variação, feita pela OCA de Sergio Rodrigues, da cadeira Cantu, de 1959. *– Câmara dos Deputados: sofás e poltronas Beto, de 1958; poltrona Oscar, de 1956; cadeiras Tião, de 1959; mesa Rangel, de 1965; mesas Vitrines, de 1958, e estantes variadas.*– Cine Brasília: as poltronas originais. – Há ainda mobiliário espalhado por ministérios e até residências da cidade. *– Mobiliário de Sergio Rodrigues para a Universidade de Brasília
Serviço: Exposição
Sergio Rodrigues e o Mobiliário Moderno da Universidade de Brasília - Museu de Arte de Brasília (SHTN, trecho 01, Vila
Planalto polo 03, Lote 05) - Em cartaz até 31 de março, com entrada franca
Visitação de quarta a segunda, das 10h às 19h - Sexta-feira (18), às 17h, lançamento do livro da
mostra – distribuição gratuita - ~~~ (acesse a leitura online aqui)
Galeria de Fotos: - ( https://bit.ly/3qhNNtr )