Há quase três anos, o planeta
enfrenta a luta contra a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Desde 2020,
em todo o mundo, a covid-19 matou 6,3 milhões de pessoas, sendo 668 mil no
Brasil. As perdas foram amenizadas devido ao notável trabalho de cientistas
que, em tempo recorde, produziram a vacina contra a doença. O perigo ainda não
foi totalmente superado. O Sars-Cov-2 está em circulação e, ante sua capacidade
de mutação, continua fazendo vítimas.
Hoje, as doenças transmitidas por
animais aos humanos são vistas como fontes potenciais de novas crises
sanitárias globais, segundo o alerta emitido, ontem, por especialistas da Organização
Mundial da Saúde (OMS). No momento, a varíola do macaco (monkeypox), provocada
por um vírus transmitido por roedores e animais de pequeno porte, domina a
atenção dos cientistas, embora a sua forma seja mais branda do que a humana.
Hoje, a região endêmica é a África. Mas há casos registrados em 29 países.
Entre eles, o Brasil, com um paciente em São Paulo.
As zoonoses não são nenhuma
novidade. Elas existem desde que as pessoas passaram a interagir com os bichos,
seja pela domesticação, seja pelo avanço em áreas verdes, impactando o habitat
de diferentes espécies. Além do monkeypox, compõem a lista o ebola e o próprio
coronavírus. Um novo coronavírus foi identificado em uma ratazana e recebeu o
nome de Grimsö, dado por cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia.
Os casos de doenças transmitidas
por animais ganharam maior dimensão nos últimos 20 ou 30 anos, avaliam os
especialistas. O período coincide com a intensificação das ações antrópicas nos
mais diferentes biomas, tanto no Brasil, quanto em outras nações.
Segundo especialistas, essa
invasão das áreas de florestas favorecem a disseminação de novas e velhas
doenças, também chamadas de ameaças invisíveis. Os deslocamentos de pessoas
pelo mundo “permite que as doenças se espalhem mais rapidamente e de maneira
descontrolada”, ressaltou a chefe do laboratório de descoberta do patógeno do
Instituto Pasteur, Marc Eliot, em entrevista à Agência France-Press.
As relações da humanidade com a
natureza, por mais que economicamente sejam interessantes e lucrativas, têm um
preço. Hoje, há uma tendência, entre as grandes nações, de que é preciso rever
o comportamento humano ante o meio ambiente. Não são só as mudanças climáticas,
decorrentes do aquecimento global, que colocam em risco o planeta.
As alterações interferem em
diferentes formas de vida. Na busca da sobrevivência, esses seres se deslocam,
se envolvem com outras espécies, o que pode facilitar a disseminação de vírus
ou patógenos causadores de doenças nos humanos. Se as moléstias são entendidas
como um desequilíbrio no organismo das pessoas, o mesmo ocorre na natureza pela
interferência inadequada nos ecossistemas. Ambiente doente, humanidade em risco
por novas pandemias.