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Quando o peixe não morre pela boca: pesca esportiva ganha adeptos

Aqui, o peixe não morre pela boca. Diferentemente dos demais pescadores, os praticantes da pesca esportiva sempre devolvem os animais fisgados vivos para a água, a fim de evitar impactar o meio ambiente e a reprodução


Relaxar, entrar em contato com a natureza e aproveitar momentos entre amigos. Esses são alguns dos atrativos que fazem os brasilienses se apaixonarem pela pesca esportiva. O universo de rios, varas, linhas e iscas tem conquistado, cada vez mais, pessoas de todas as idades, tornando esta prática uma das mais crescentes no Brasil.


O aposentado Luís Fumio, 58 anos, foi fisgado pela atividade na adolescência. “Naquela época, eu reunia uns amigos, e nós íamos ao Lago Paranoá para pescar, só que era aquela coisa de menino. A gente não tinha nem equipamento”, relembra. Em 1993, aos 29 anos, houve o primeiro contato de Fumio com os instrumentos adequados para a atividade, durante uma viagem ao Rio Araguaia.

No início da trajetória, o pescador admite que não havia preocupação com a fauna e a preservação dos peixes, como existe atualmente. “A gente ia para a pescaria no Rio Araguaia e soltava os peixes pequenos, mas aqueles que davam tamanho a gente trazia. Aí, a gente acabava enchendo a geladeira com peixe para consumo próprio, para dar para os vizinhos e os amigos, e não era muito legal”, reconhece.


Não demorou para o aposentado conhecer e adotar os benefícios da pesca esportiva, que diferentemente das demais, essa modalidade não tem como objetivo o consumo ou venda dos peixes, portanto a ideia é que os animais sejam sempre devolvidos à água. “Essa conscientização foi se apossando da gente, não só de nós pescadores, mas também dos profissionais da área, dos guias de pescas. Começamos, então, com a prática”, explica Luís Fumio. 


O aposentado percebeu que, no fim das contas, o que importa é a confraternização com os amigos e a emoção de fisgar um peixe. “O que fica são as lembranças e as fotos, as imagens tiradas dos troféus, dos pescados que estão acima da medida. Esses momentos de alegrias que a gente convive nessas pescarias”, ressalta.

Desde criança, o produtor audiovisual Gustavo Giani costuma pescar. Ao longo dos anos e após diversas pescarias em diferentes locais do Brasil, em 2009, ele optou por mudar para a atividade não predatória. “Eu ia para um lugar pescar e pegava muito peixe. Aí, eu voltava cinco anos depois e pegava muito pouco. Foi isso que me fez começar com o movimento da migração para a modalidade, eu pensei: ‘Vou começar a pescar e soltar, porque, dessa forma, o peixe vai continuar ali e vai continuar reproduzindo, deixando a fauna mais intacta’”, recorda-se. 


O interesse pela prática evoluiu e três anos depois, em 2012, o produtor criou o perfil no Instagram @pescaesportiva, que, hoje, tem mais de 100 mil seguidores. “A ideia da página veio exatamente pela minha paixão e pela minha vontade de tentar preservar a natureza e minimizar os danos que os pescadores causam nela. Compartilhar todo o estilo de vida do pescador esportivo e fazer uma tipo de fórum para as pessoas conseguirem entrar em contato umas com as outras, compartilharem dicas, sempre com o intuito de pescar e soltar os peixes e preservar a natureza em volta de onde você pratica a pesca”, detalha.


Pesque-pague: Gustavo aconselha a aqueles que pretendem começar a pescar frequentar pesque-pague, principalmente pela facilidade que os locais oferecem. “Lá, você não precisa de nenhum tipo de equipamento, porque pode alugar todo o material no próprio estabelecimento. O que eu aconselho é começar a ir pra pesque-pague e fazer amizade. A partir daí, você pode entrar em grupos e blogs para a ter a sua equipe”, orienta.

Um dos mais tradicionais locais voltados para pesca esportiva do DF é o Pesque-Pague Taguatinga, inaugurado em 1998. O ambiente, que começou apenas com um tanque para a pesca, hoje, conta com sete, além de piscinas, bares e restaurantes. “A prática vem crescendo bastante no Centro-Oeste, e ficamos muito felizes em poder ajudar e fazer parte disso. A pesca esportiva é muito importante para a preservação das espécies. Com essa prática, você pode pescar diferentes espécies sem prejudicar a população”, afirma Alex Jun Kaya, auxiliar-administrativo do local.


Isabela Berrogain – Fotos: Ed Alves/C.B- Correio Braziliense


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