Não é só na política que as fake
news provocam grandes estragos, induzem eleitores a equívocos, embaçam o
verdadeiro comportamento de vários atores que desejam um cargo eletivo. A
falsa notícia tem impacto direto na vida das pessoas. Tem sido responsável pela
morte de crianças e adultos, que desprezam os avanços da ciência e acreditam
que vacina faz mal. Isso ficou muito evidente nos piores momentos da pandemia
de covid-19. Milhares de pessoas foram abatidas pelo novo coronavírus, por se
deixarem levar pelas informações mentirosas e recusarem a vacina. Ainda hoje
muitos óbitos ocorrem pela rejeição aos aconselhamentos dos médicos.
A situação é bem grave na
infância. Há alguns anos, o movimento antivacina atua em todo o mundo,
espalhando inverdades e convencendo os tolos. O Brasil, que um dia teve um
sistema de imunização em massa exemplar e copiado por várias nações, está entre
os 10 países com o maior número de crianças com carteira de vacinação
atrasada.
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimam que 25
milhões de crianças não receberam sequer a primeira dose da DTP, que as
defendem das bactérias que causam difteria, tétano e coqueluche. A situação
brasileira também é caótica. No ano passado, caiu 71,5% a vacinação contra
sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura contra a poliomielite teve uma queda de
67,7% — uma aberração dentro de um país que, praticamente, tinha a paralisia
infantil como erradicada. Atualmente, três em cada 10 crianças são suscetíveis
a doenças evitáveis por meio da vacinação.
Há poucos dias, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a CoronaVac para crianças de 3 a 5
anos. É bom lembrar aos pais que, segundo a Fundação Oswaldo Cru (Fiocruz), a
covid-19 matou pelo menos cinco crianças a cada dois dias no país, na fase mais
aguda da pandemia. Nos últimos dois anos, 1.439 crianças até 5 anos morreram,
segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Agora, com a liberação do
imunizante, pais e responsáveis não podem virar as costas à ciência e às
recomendações dos especialistas nem dar ouvidos aos que se empenham em agir
contra a vida. A primeira providência é vacinar os pequeninos e boicotar o novo
coronavírus, que levou à morte quase 700 mil brasileiros.