O candidato à reeleição ao Governo
do Distrito Federal (GDF), Ibaneis Rocha (MDB), afirma que, no caso de novo
mandato, deve manter o modelo de trabalho do Instituto de Gestão Estratégica de
Saúde (Iges). Em entrevista à jornalista Ana Maria Campos, o chefe do Executivo
local se diz satisfeito com a administração realizada no Hospital de Base,
Hospital de Santa Maria e nas 13 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Em
contramão a algumas críticas contra a Iges, Ibaneis acredita que o modelo
precisa de ajustes, mas também será modernizado. Além disso, com a possível
construção de três novos hospitais — em São Sebastião, Recanto das Emas e outro
no Centro Sul (Candagolândia, Estrutural, Guará, Park Way e Núcleo Bandeirante)
— o atendimento deve ser ampliado e implantado nesses novos centros que serão
construídos. “A ideia é que (essas unidades) sejam (administradas) dentro do
Iges, exatamente pela facilidade de contratação, pela possibilidade que você
tem de pagar melhores salários para especialistas”, disse, ontem, ao CB.Poder —
programa do Correio em parceria com a TV Brasília.
O que mudou do Ibaneis de quatro
anos atrás para hoje? Posso dizer que amadureci muito. Posso dizer que vivi experiências
dolorosas no governo, principalmente por conta da pandemia. Não existia manual
para cuidar da população e tivemos que criar esse manual. Você pode se recordar
bem, até as matérias que vinham do Ministério da Saúde eram bastante confusas.
Existia uma guerra entre ministro da Saúde e presidente da República nessa época.
Tínhamos que deliberar todas as ações no âmbito do Distrito Federal. Graças a
Deus conseguimos avançar na pandemia, instalar hospitais de campanha e atender
a população. E hoje, superamos isso com a vacinação que chegou. Agora, o mais
importante foi que, mesmo durante o período da pandemia, colocamos na cabeça
que o DF não podia parar. Estávamos numa crise muito grande e a cidade
precisava evoluir. Fizemos um esforço sobre-humano para manter a cidade em
funcionamento. Implementamos diversas obras na área da infraestrutura, tivemos
que avançar em todos os programas sociais, porque a população passou a perder
os empregos com os ambientes de trabalho fechados e as empresas fechando.
Tínhamos certeza de que, com a vacinação, as coisas iriam avançar. Com esse avançar,
iríamos retomar o Distrito Federal e retomar um patamar melhor ainda, para que
tivéssemos um aquecimento da nossa economia em outros níveis. Aprendi muito ao
longo desses quatros anos e posso garantir: não fico envaidecido com essas
pesquisas que estão aí. Elas só confirmam o que eu tinha dito antes. Vocês me
perguntavam se, eu eleito, iria à reeleição, e eu dizia que só queria ser
candidato à reeleição se eu tivesse uma aprovação da população no mandato que
realizei. O que notamos hoje, é que graças a Deus e ao trabalho realizado temos
esse nível de aprovação que nos permite pleitear um segundo mandato.
Qual é a sua candidata ao Senado:
a deputada Flávia Arruda, a ex-ministra Damares ou as duas? A nossa candidata oficial, que está dentro da
coligação e a que eu vou apoiar diretamente e pedir votos é Flávia Arruda. Ela
está na nossa coligação, tem se colocado ao meu lado em todos os momentos. A
Flávia está muito bem nas pesquisas, tem feito uma belíssima campanha. Nada
contra a Damares, é uma pessoa do bem, foi ministra da Família. Uma pessoa que
tem um espírito público maravilhoso. Mas, temos que ter posições, e a minha é
no sentido de apoiar a candidata ao Senado Flávia Arruda.
Mas quando o senhor for em um
ambiente em que estejam os eleitores da Damares, o senhor vai defender? Apoio não se nega. Até o momento, em todos eles,
temos um apoio muito grande no campo religioso do Distrito Federal, em todas as
igrejas, pelo trabalho que realizamos ao longo desse período. Nós, durante a
pandemia, declaramos as igrejas de utilidade pública. Mantivemos todas as
igrejas do DF abertas. Fizemos a maior regularização de templos religiosos da
história do DF. Aprovamos leis na Câmara Legislativa que permitiram a todos
esses templos passarem por uma regularização junto à Novacap. A gente colhe
esse reconhecimento pelo relacionamento que criamos ao longo desses quatro anos
a partir da criação da assessoria religiosa dentro do nosso governo. Tratamos
todos com muito respeito e hoje somos muito respeitados nesses ambientes. É
natural que os eleitores da Damares, mesmo aqueles do campo religioso, que eles
estejam nos acompanhando. Então será natural a campanha, vai transcorrer tudo
dentro da maior tranquilidade.
Quando o senhor fechou o acordo
com o ex-governador Arruda e a deputada Flávia Arruda, o senhor esteve com o
presidente Bolsonaro que sacramentou esse acordo. Ele pediu alguma coisa ou
pediu que fizesse campanha para apoiar a deputada Flávia? O encontro foi muito espontâneo, no momento em que
eu estava na minha residência recebi uma ligação do Palácio do Planalto pedindo
que eu comparecesse lá para uma reunião com todos eles, naquele momento o
presidente da República disse que gostaria de ter um único palanque aqui no
Distrito Federal. De fato, ele hoje tem um único palanque que é o meu palanque
do governador Ibaneis e, naquele momento, foi pedido a Damares que recuasse na
sua candidatura ao Senado. Depois disso aconteceram alguns fatos que fizeram
com que a Damares lançasse sua candidatura, mas isso não muda no que diz
respeito ao palanque. Esse palanque do presidente Bolsonaro está garantido para
gente. Vamos trabalhar em parceria. Até porque eu entendo que é o melhor para o
Brasil. Hoje temos uma condição no Brasil de atendimento à comunidade, o
presidente Bolsonaro, assim como eu, passou, também, por dois anos e meio de
pandemia, o que impediu de realizar muitas coisas que estão no seu plano de
governo. Mas eu tenho certeza que hoje esse caminhar é um caminhar seguro e
tranquilo dentro da nossa cidade. O acordo foi feito dentro da maior conversa
possível, mais ampla democracia possível.
O senhor acredita que o
ex-governador Arruda vai pedir votos para o senhor? Eu não vejo motivo para que ele não faça isso,
temos trabalhado de forma muito transparente, semana passada eu tive a
oportunidade de estar no almoço da casa dele com o governador de Goiás, Ronaldo
Caiado, tratando das questões do Entorno com todos os prefeitos também, que
declararam o seu apoio a nossa reeleição e a reeleição do Caiado. Eu não vejo
nenhum motivo para o governador Arruda ter outro caminho a não ser pedir voto
para a chapa onde está a esposa dele.
O senhor teve alguns
desentendimentos com Ronaldo Caiado, divergências de opinião. Fecharam, agora,
uma aliança? Eu acredito que conseguimos fechar
uma aliança muito importante. Temos alguns pontos que são importantes para o
Entorno do Distrito Federal, como é a questão da saúde, do transporte, que precisamos
resolve. Elegemos alguns pontos para que essa aliança consiga se consolidar. O
governador Caiado, de forma muito cortês, aceitou que tivéssemos essa
discussão, e os nossos secretários estão trabalhando para que possamos unir
forças e melhorar a vida da população do Entorno.
O que o senhor tem a dizer sobre a
saúde e a assistência social que são, talvez, os mais críticos do seu
governo e vai ter que responder nessa campanha? Estou muito tranquilo no que diz respeito à saúde.
O maior enfrentamento que tivemos na saúde durante esse período foi a pandemia,
que nos fez virar a chave naquele momento, onde tínhamos que atender as vítimas
da covid-19. Tivemos que fazer uma escolha entre as cirurgias eletivas — que
necessitavam de leitos — atendimento da covid que, ou atendíamos, ou elas
morriam. Tivemos que fazer o atendimento à covid, e isso prejudicou muito o
andamento da saúde. Mesmo assim, conseguimos construir sete Upas, eram só seis
e ainda reformamos essas existentes. Contratamos milhares de servidores na
saúde. Melhoramos as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e construímos 11 unidades
delas no Distrito Federal. Estamos fazendo um programa em parceria com a
iniciativa privada para eliminar essas filas que existem. Estamos fazendo um
belíssimo trabalho. Agora, temos que avançar na saúde do DF construindo novos
hospitais. Não haviam recursos, pois eles foram destinados a covid-19. Agora
temos condições, e vamos fazer, pelo menos, mais três hospitais no DF,
contratar mais profissionais, concluir a obra daquele hospital que vai ser o de
referência para tratamento oncológico, que está em construção e é o Hospital
Jofran Frejat e fomos atrás dos recursos para garantir essa obra. Temos a
convicção de que, com a competência e coragem, poderemos fazer os investimentos
necessários, vamos colocar a saúde do DF no ponto que merece. No que diz
respeito à assistência social, temos que ter muita tranquilidade para tratar do
assunto. No governo passado, o investimento feito na assistência social foi de
R$ 1 bilhão. Investimos R$ 2,4 bilhões na área. Tivemos um grande crescimento
da demanda. Mas fomos atrás disso e estamos no caminho para resolver. Onde eram
entregues por mês seis mil cestas básicas, hoje temos 60 mil famílias atendidas
pelo Cartão Prato Cheio. No momento mais difícil da população, onde não
existiam recursos para sequer comprar um botijão de gás, criamos o cartão do
Vale Gás. Criamos o cartão-creche no DF que abriu 15 mil vagas de creches na
nossa cidade. Fizemos um grande investimento no DF Social, um programa de
transferência de renda que atende, também, 60 mil famílias na nossa cidade, no
valor de R$ 50. Precisamos avançar na assistência social, mas veja o que foi
feito na área de pessoal, exatamente por conta da demanda que estava
aumentando. Abrimos quatro Cras, que há 20 anos não eram abertos no DF. E,
neste mês, estamos implementados mais 14 unidades de atendimento.
O senhor fica sensibilizado quando
vê as imagens das pessoas nas filas? Fico muito. Acredito que as pessoas no DF não mereciam passar por isso.
Mas, o que eu digo é o seguinte: ninguém busca aquilo que não existe. A grande
realidade, hoje, é que temos programas sociais efetivos e que estão atendendo a
população. Ninguém iria para a fila do Cras se soubesse que não existe
atendimento. Agora mesmo, está em estudo na Secretaria de Desenvolvimento
Social a ampliação do Cartão Prato Cheio para que possamos atingir mais das
famílias que estão cadastradas e que têm direito a esse recebimento. Estamos e
vamos cuidar das pessoas, porque esse é o principal investimento.
A primeira-dama Mayara Noronha
Rocha era secretária de Desenvolvimento Social e deixou o cargo. O que
motivou o desligamento dela da pasta? A Mayara entendeu o seguinte, como primeira-dama
ela consegue tocar a pauta social. Aliás, essa é uma das principais funções de
uma primeira-dama. Nesse momento de campanha a presença dela é importante em
vários momentos, principalmente pela força da mulher que precisa estar
representada. À frente da secretaria, ela não teria condições de estar nesses
eventos da nossa campanha. Mayara fez aquilo que entendeu como melhor para a
campanha e a secretaria, sem medo de críticas — que existiram. Sabemos que a
oposição marcou a Mayara em todo esse período, grande parte da mídia também,
por conta dessas filas que ocorreram e ainda existem, mas, graças a Deus estão
diminuindo na frente dos Cras. Temos certeza que ela apanhou muito, mas há
consciência do trabalho que foi realizado e está de cabeça erguida.
E se o senhor for reeleito, ela volta para a secretaria? Se for da minha vontade, sim. Mas depende muito do que ela pensa do futuro dela e do que ela pensa como mulher à frente do governo. Tenho tranquilidade em relação ao trabalho que ela realizou com responsabilidade e seriedade.
Caso o senhor seja reeleito, manterá
o modelo do Iges? Acredito
que o problema do Iges não existe. Ele está ligado ao atendimento mais rápido
da saúde. Temos o Hospital de Base, as 13 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)
que estão sob a regência do Iges e temos o Hospital de Santa Maria. São mais de
7 mil servidores que não teríamos condições de colocar dentro do sistema de
saúde. O Iges precisa passar por uma modernização, sim. Precisa avançar no
sistema de fiscalização. Mas, graças a Deus, o Iges vem atendendo a população,
nos ajudando na questão da saúde e pode nos ajudar ainda mais, principalmente
na criação desses três novos hospitais, que precisamos implantar no DF. São
Sebastião, Recanto das Emas e um no Centro Sul, que pode ser um Hospital Geral.
Mas, estou estudando para ver se criamos um Hospital de Trauma, porque o
Hospital de Base se tornou, praticamente, o único de trauma que temos na nossa
cidade.
E seriam todos dentro do
Iges? A ideia é que sejam dentro do Iges
exatamente pela facilidade de contratação, pela possibilidade que você tem de
pagar melhores salários para especialistas, e precisamos de pessoas
especialistas nessas áreas. Então, esse modelo do Iges, pra mim, se mostra
bastante produtivo. Isso não quer dizer que ele não precise de ajustes.
O senhor acha que o Bolsonaro será
um presidente para os próximos quatros anos melhor que o Lula? Não tenho dúvida disso. Bolsonaro está mais
experiente. A vivência dele no período da pandemia, a vivência dele do
investimento, na infraestrutura do país, na diminuição do percentual de
desempregados no nosso país, na questão social, onde ele avançou. Logo quando o
país entrou na crise, ele criou o auxílio que foi pras pessoas mais carentes,
dando condições de sobrevivência a maioria das pessoas do país. Ele teve uma
vivência muito importante que vai qualificá-lo para um mandato muito melhor nos
próximos quatro anos.