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Candidatos ao legislativo apostam em apelidos irreverentes por votos

Candidatos ao legislativo apostam em apelidos irreverentes por votos. Na disputa pelo legislativo, candidatos apostam em apelidos irreverentes para conquistar eleitores. Entretanto, excessos podem causar o indeferimento do registro da candidatura na Justiça Eleitoral. Importante é não causar dúvidas no eleitor

Mais de 800 candidatos disputam a atenção do eleitorado brasiliense para as 24 vagas de deputados distritais e oito federais. Nessa corrida, a escolha do nome pode ser um diferencial na conquista dos votos. Kalango Corredor, Sonic Motoboy e Fabiano Intérprete Bolsonaro estão entre as dezenas de nomes pitorescos de campanha que podem aparecer nas urnas, caso tenham cativado os eleitores.


De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a estratégia é válida, desde que siga algumas recomendações legais, como não atentar contra o pudor, ser ridículo ou irreverente. Entretanto, na prática, o critério é subjetivo, tanto que são poucos os questionamentos dos nomes dos candidatos. O importante é não causar dúvidas quanto a identidade do postulante ou claramente debochar do processo eleitoral.


A técnica aproveita uma das principais características do voto dos brasileiros, como explica Maíra Moraes, coordenadora do MBA em comunicação governamental e marketing político no IDP-Brasília. "A política nacional é personalista, o brasileiro vota em pessoas e não necessariamente em uma proposta partidária, em um projeto nacional. Nesse sentido, a preocupação dos candidatos é cada vez mais com sua base", destaca.


Além disso, num cenário de limitação de recursos financeiros, uma boa escolha de nome pode atiçar o interesse pelo candidato. Afinal, Scooby Ube é, no mínimo, mais curioso, do que Manoel Messias Galvão, do Partido Social Cristão (PSC), um dos nomes levantados pelo Correio.


A especialista esclarece que é importante perceber se o nome consegue converter votos para o candidato. Outro aspecto importante, é a habilidade da campanha de explorar a visibilidade ou identificação do apelido com os eleitores. "Hoje, nomes como Doidão, Loira da Ração, João do Biscoito, quando bem trabalhados, podem levar uma cadeira. Apesar de irreverente, Tiririca segue com seu mandato", exemplifica.


Muitos concorrentes também apostam no apelo dos títulos profissionais e representações de segmentos. Professor, doutor, delegado e referências à hierarquia militar são expressões facilmente encontradas nos inscritos no TSE. Posições religiosas e pautas das propostas eleitorais também são recorrentes, como Vanessa é o Bicho, Louise Verde e Paul Karsten o Dr. das Armas.


Legislação: A Lei 9.504/97, conhecida como Lei das Eleições, possibilita a indicação de até três variações nominais como nome de urna, entretanto a escolha não pode gerar dúvidas sobre a identidade do candidato.


O advogado Sidney Neves, especialista em Direito Eleitoral, destaca que "não é permitido utilizar nomes que induzam o eleitor ao erro, a pensar que está votando em outra pessoa".


O descumprimento é passível de questionamento na Justiça Eleitoral. Neves alerta que autoridades também fiscalizam excessos. "O Ministério Público Eleitoral também pode contrapor o uso do nome baseado em qualquer dos casos previstos na lei". Além disso, quem insistir pode ter o registro da candidatura indeferido.

Outra vedação é quanto ao uso de siglas ou expressões pertencentes a órgãos públicos. "A área técnica da Justiça Eleitoral faz uma análise conforme os parâmetros de decisões anteriores dos Tribunais", explica o especialista.


Luciana Duarte – Fotos: Blog-Google - Ed Alves/C.B -  Correio Braziliense


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