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O PAÍS DA COPA » "Tá no Catar, tem que pagar": saiba como brasileiros fazem esquenta em Doha

"Tá no Catar, tem que pagar" Conheça o esquenta brasileiro com entrada a R$ 150 em dias de jogos da Seleção.


Lusail — Eles usam mantras como “tá no Catar, tem que pagar” e “quem converte (a moeda), não se diverte”. Costumam se reunir 10 horas antes dos jogos do Brasil na Copa do Mundo nos esquentas para as partidas. Um jeitinho caro de driblar a rigidez das leis do país árabe, anfitrião da primeira edição do principal torneio de futebol do planeta no Oriente Médio.


O acesso ao 900 Park, uma área customizada de verde-amarelo na paradisíaca West Bay, próximo à praia de Katara, custa R$ 150. Dá direito a uma pulseira, uma latinha de cerveja, copo de chope e momentos de ostentação no mesmo ambiente de influencers, como o humorista brasileiro Fábio Porchat. Uniformizado de torcedor, o artista era uma das centenas de pessoas na balada vespertina.


“Doha me parece um pouco como Dubai, com todos esses países meio artificiais de mentira, que é legal de estar numa Copa do Mundo. E encontrar, no meio do Catar, um monte de brasileiro tomando cerveja já vale ouro”, brincou Porchat em entrevista ao Correio. 

A segunda, a terceira, a quarta até a saideira são por conta do consumidor. Antes do jogo contra Camarões, a bebida alcoólica custava R$ 57. Isso graças a uma parceria dos donos da festa. O Movimento Verde Amarelo tem 423 mil seguidores no Instagram. A senha para a parceria com uma marca nacional de bebida. A tarifa normal é R$ 67,5, segundo os organizadores.


A festa tem roda de samba, ilhas de comida e bebidas não alcoólicas, como refrigerante, suco e água mineral. Há mesinhas espalhadas pela área cedida por um badalado hotel da região, pufes, música ao vivo com dois telões e uma romaria de torcedores da estação Al Qassar até o endereço da celebração. Não tem como se perder. Basta acompanhar o fluxo dos fãs devidamente fantasiados. 


Apesar do preço salgado para a realidade brasileira, mas ok para quem investiu o que tinha — ou não tinha — para estar aqui, há filas na entrada, com a revista de segurança. Carentes de um cantinho para o carnaval no Catar, os brasileiros pagam caro para ficarem juntos ao som de música ao vivo na caminhada de cerca de 1km até a estação do metrô em direção ao Lusail Stadium, palco da vitória contra Sérvia (estreia) e da derrota de ontem para Camarões.


“A ideia do esquenta é trazer um pouco do Brasil para onde a gente for. No caso aqui, Doha. A gente fez esse mesmo esquema na Rússia em todas as cidades em que o Brasil passou. O plano é sempre fazer uma concentração do brasileiro para se encontrar, ensaiar as músicas, tomar uma cervejinha e todo mudo ficar no clima de jogo e caminhar para o estádio fazendo festa”, disse ao Correio Saulo Mendonça, o Supermano, um dos pioneiros do  Movimento Verde Amarelo. Ele é um dos torcedores-símbolo do MVA. Veste-se de super-herói nas partidas e supervisiona o esquenta fora do estádio. “A nossa cerveja é a mais barata de Doha”, gaba-se.  

Montar uma Fan Fest no Catar não é uma tarefa simples como parece. A reportagem apurou que a autorização demorou dois anos e teve a influência de um empresário residente no Catar. Ele entrou em acordo com a administração do paradisíaco Hotel InterContinental e conseguiu arrendar o espaço. Todos os valores arrecadados são repassados ao dono do terreno e ao locador catari. O Movimento Verde Amarelo tem direito apenas a convites para distribuir entre torcedores, influenciadores digitais, ex-jogadores e até mesmo a familiares de atletas.  


Entre os quitutes oferecidos no esquenta, nada de comida árabe ou brasileira. O espaço gourmet tem 15 restaurantes. Oferece pipoca, frapês, crepes de avelã, cerveja e ,claro, e pratos internacionais. Os calorentos podem pedir sorvete na alta temperatura do inverno catari por R$ 35 ou adquirir uma pizza de pepperoni a R$ 125. O menu pré-jogo também oferece hambúrguer a R$ 75. 


Durante a reportagem, encontramos um grupo de brasilienses. Um deles admitiu o altíssimo investimento para estar no Catar. No entanto, parou de fazer contas e passou a aceitar a vida como ela é em um dos paraísos da ostentação do Golfo Arábico. “Ah, amigo, se está no Catar tem que pagar, quem converte (a moeda) não se diverte”, disparou, feliz da vida em uma mesa com outros conterrâneos do quadradinho. Todos felizes, sorridentes e confiantes no hexacampeonato.


Marcos Paulo Lima - Enviado especial – Correio Braziliense




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