O que pode trazer sorte
Tem gente que leva muito a sério a
cor da roupa na virada. Além do tradicional branco, o amarelo é usado para
atrair dinheiro e o rosa para o amor, por exemplo. Para a
auxiliar-administrativo Ludmila Franco de Oliveira, 23, a cor da roupa é uma
tradição. Ela sempre faz questão de arranjar roupa de acordo com a cor do ano
novo. Geralmente, ela pesquisa na internet a cor em questão. A de 2023 é o
violeta. “Até o momento não consegui achar a roupa com essa cor. Vou comprar de
última hora como em outros anos. Violeta é uma cor difícil de achar em roupas,
mas, se não conseguir achar uma, vou usar acessórios, que é mais fácil de
encontrar”, diz a moradora de Samambaia.
No final de 2020, ela lembra que passou por desespero depois de ter perdido R$
300 reservados para comprar um vestido branco, a cor de 2021. “Mas logo eu
reencontrei o dinheiro no fundo da bolsa e passei a virada com a cor que eu
queria”, lembra. “2021 foi um ano mais ou menos, por causa da pandemia”, diz ao
ser perguntada se a roupa trouxe sorte para ela naquele ano.
As cores que Elisete Riella Silveira, 46, geralmente usa no ano novo são o
violeta, cor da orixá Nanã Buruquê, divindade afrobrasileira a qual ela é
apegada, e o azul, cor que lhe traz tranquilidade. Mas, antes da meia-noite,
Elisete, conhecida entre os mais próximos como Nega, toma um banho de sal
grosso enquanto reza, para tirar todas as energias pesadas. "Depois, tomo
um banho de ervas, com alecrim, para a alegria; canela, para a abundância; rosa
branca, para atrair a paz; e pedaços de espada-de-são-jorge, para cortar o mal.
Esse banho eu faço sem roupa", detalha a professora de dança.
Nega, que também é benzedeira, acredita muito no poder da gratidão. Na reza que
ela faz, ela agradece por tudo que tem e por aquilo que deseja mas ainda não
conseguiu. "Eu sempre fui grata por conhecer o meu pai, mesmo antes disso
ocorrer. Foi na virada de 2000 para 2001, quando nem havia internet ainda, que
consegui achar, depois de uma grande procura, o meu pai, em uma cidade no Rio
Grande do Sul. Na época, eu morava em Caicó (RN) e cruzei o país para ter esse
encontro", lembra Nega. A mãe morreu quando ela tinha apenas 10 dias de
vida e foi criada pela avó e o companheiro dela. Para a professora de dança, o
encontro com o pai pode ser creditado à fé e à gratidão que sempre cultivou
pelo simples fato de estar viva.