Os criadores da inteligência
artificial e alguns dos maiores cientistas do mundo dizem que o negócio é
perigoso. E pedem para parar. Que se suspenda o curso da ciência por seis
meses. Justo quando um estudo da Universidade da Califórnia mostra que o
ChatGPT dá respostas melhores a consultas médicas do que os doutores.
É bom ver esses ousados e
intimoratos senhores com medo e com pudores que Oppenheimer – um dos criadores
da bomba atômica – não teve, alegando que a ideia era “tecnicamente boa”.
Isso evita até desfechos
trágicos como o suicídio de Santos Dumont, causado, dizem, por uma depressão
profunda iniciada quando ele viu aviões sendo usados como armas na primeira
grande guerra. Ele se sentia culpado pela atuação de homens como o alemão
Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, que teria abatido 80 inimigos no ar.
Ao contrário do que muita gente
pensa, medo é uma coisa boa. Impõe limites, sinaliza respeito – é o que nos
impede de, por exemplo, enfiar a cabeça na boca de um leão (ainda que haja quem
ganhe a vida fazendo isso ou coisa pior). Mas o medo não pode ser paralisante e
por isso não faz nenhum sentido tentar para o mundo ou o avanço da ciência. Ou
não?
Os livros de Isaac Asimov
definiram as leis da robótica; a mais importante delas é a primeira: um robô
não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra
algum mal. Pelo jeito, e pelo que diz Geoffrey Hinton, um bambambã do assunto e
que ajudou a desenvolver a ideia, a inteligência artificial pode ser usada para
“coisas ruins”.
Como tudo, poderíamos dizer.
Como os aviões.
Já se sabe que a IA já é capaz
de criar algoritmos e novos softwares. Mas qual o perigo disso?
Na dúvida, perguntei ao ChatGTP
que mesmo sem ser essa inteligência toda – os cientistas acham que ainda é um
embrião – respondeu:
“Essa é uma questão controversa
e debatida por diversos especialistas no campo da inteligência artificial. A
maioria dos especialistas concorda que a inteligência artificial tem o
potencial de superar a capacidade humana em tarefas específicas. Por exemplo,
algumas tecnologias de IA já superam os humanos em jogos de estratégia,
reconhecimento de padrões e processamento de grande quantidade de dados”.
E continuou: “No entanto, alguns
especialistas acreditam que a IA não será capaz de superar completamente a inteligência
humana em todas as áreas, especialmente naquelas que requerem habilidades
sociais e emocionais. Além disso, a maioria concorda que a IA não pode
representar uma ameaça aos humanos, a menos que seja programada com intenções
maliciosas”.
E ainda esticou o assunto: “No
geral, o desenvolvimento da IA e seus efeitos na sociedade é um tema complexo
que deve ser cuidadosamente considerado em termos de ética e responsabilidade.
É importante garantir que a tecnologia seja usada de maneira segura e benéfica
para a humanidade”.
Minha conclusão é que precisamos
nos preocupar mesmo, porque a inteligência artificial está chegando lá; já
aprendeu a enrolar, igual a uns políticos espertinhos.