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Amor pela cidade

Amor pela cidade

Um dos pré-requisitos para a escolha de um candidato a governador de Brasília, e de resto de todas as capitais do país, deveria ser seu amor pela cidade. Mas como essa é uma condição, que no mundo da política, nunca é levada em consideração, a melhor forma de escolha do pretendente acaba sendo feita pelo poder de pressão dos partidos. Com isso, a ligação do futuro administrador com a cidade é finalizada de acordo com o modelo de traçado pelos caciques políticos, que convenhamos, passa longe daquilo que sonhava a população.

Sem uma ligação afetiva a cidade, que também é organismo dotado de vida própria, a administração logo passa a apresentar falhas, mostrando o desleixo, a tolerância excessiva com o desvirtuamento urbano, entre outras mazelas, que pouco a pouco vão tornando a cidade um lugar menos acolhedor, para dizer o mínimo. Para esses administradores da vida urbana, a palavra preservação, que no caso de uma cidade como Brasília é sinônimo da nova capital, passa ser um empecilho ao governo e às suas metas de gestão.

Para aqueles que entendem minimamente da complexidade urbana, chegará um dia em que, pelo crescimento desordenado e acelerado que a cidade tomou nesses últimos vinte anos, o Plano Piloto, como o conhecemos, deverá ser apartado do restante da Grande Brasília, sob pena de sucumbir as várias alterações que são impostas ao traçado original.

Ou se impõe a preservação do Plano Piloto, em todas as suas escalas, ou será o fim de uma cidade planejada, joia mundial da arquitetura moderna. Para se ter uma breve visão de como a cidade está em caminhando para ser desfigurada, basta percorrer as W3, Sul e Norte, ainda a principal via de comércio da capital, observando como a permissividade, no trato da coisa pública, vem destruindo o traçado original de Brasília.

Nas áreas reservadas aos pontos de ônibus, e que deveriam servir apenas a esse propósito, erguem-se cada dia mais, barracos de lata, que vendem de tudo. Na W3 Norte existe inclusive construções de alvenaria, fincadas lado a lado com as paradas.

Por todo o canto da cidade esses barracos de lata vão sendo construídos, também nas entre quadras, com jardins, alvenarias ou latas estrangulando o passeio público. Trata-se de uma situação anômala, que vai se espalhando e que tem como razão a geração de emprego para populações de baixa renda.

O que ocorre de fato é que a visão política sobre administração de cidade tem que levar em conta o planejamento urbano. Fazer das áreas públicas uma moeda de troca para atendimento de pleitos particulares, mesmo de cunho social é aviltar a cidade e sobretudo seus cidadãos, que pagam os mais impostos do país. O que tem feito a administração do Plano Piloto que não tem impedido a proliferação dessas construções de lata, verdadeiros aleijões arquitetônicos.

É sabido que desde a maioridade política da capital as influências político partidárias tem exercido pressão na escolha de muitos gestores. Esse fato, tem por seus resultados vistos, ajudado a desfigurar a cidade que é Patrimônio Cultural da Humanidade. Para os políticos fatos como esse interessam menos do que o atendimento de pleitos de seus eleitores. O que não entendem ou percebem, é que a cidade é dos brasilienses e de todos os brasileiros e não pertence à classe política, formada na sua maioria quem não demonstra respeito nem amor por uma espaço que é de todos, inclusive da Humanidade, conforme decidiu a UNESCO.

A frase que foi pronunciada: “A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.” (Stanislaw Ponte Preta) 



Circe Cunha e Mamfil – Coluna “Visto, Lido e Ouvido” – Ari Cunha – Fotos: Blog-Google – Correio Braziliense




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