Sentimentos diversos regem o ser humano. Corpo, mente e emoções vivem juntos e
nos constituem como pessoas únicas. Algumas vezes, nesta vida, temos a exata
medida do que somos uma feliz coincidência da união de genes, células,
sentimentos, experiências de vida. Hoje, vivi novamente um daqueles momentos em
que o sagrado se apresenta e temos a sensação da plenitude, da esperança e da
paz.
Na
semana passada, contei que acompanhava um grupo de 25 jovens da periferia do
Grande Recife para duas apresentações no Vaticano. O evento Concertos pela Paz,
concebido para sensibilizar a comunidade internacional contra as guerras,
aconteceu ontem na sexta-feira e ontem, quando escrevo essas linhas. Essa é uma
iniciativa da Charis Internacional, em parceria com a Comunidade Obra de Maria.
Assisti,
com emoção, aos dois concertos dos músicos da Orquestra Criança Cidadã — o
desse sábado, com a presença do papa Francisco. Um daqueles momentos em que
simplesmente agradecemos a Deus por estarmos vivos e por podermos testemunhar
momentos grandiosos assim. O mundo ainda é capaz de promover grandes encontros.
E eles vêm pela fé, pela arte, pela música e pela disposição de ajudar ao
próximo.
Uma
apresentação assim, que uniu jovens pernambucanos a russos, ucranianos e
italianos numa celebração pela paz, é na verdade uma oração. Uma reza forte que
vem sendo escrita há 17 anos, tempo de vida de um projeto de inclusão pela
música, mantido com doações e voltado a meninos e meninas em situação de
vulnerabilidade social na periferia.
Em primeiro plano, estava o músico Antonino
Tertuliano, pernambucano nascido em Coque, comunidade da periferia de Recife,
onde surgiu a Orquestra Cidadã. O contrabaixista é, hoje, reconhecido
mundialmente e integra a Filarmônica de Israel. A história dele e de outros
jovens que começaram na orquestra é uma prova viva de que milagres acontecem. E
que muitos deles têm explicação: a escolha dos fundadores desse projeto de
oferecer oportunidades a crianças e jovens. Como ensina João Targino, o
coordenador-geral da orquestra e um dos idealizadores do projeto: “O projeto é
a demonstração de que, onde há boa vontade, a mão divina atua. Os desafios são
grandes, mas através de sua misericórdia e graça, Deus age para tornar o
impossível possível, através de suas obras”.