Ainda
faltam pouco três anos para as eleições que vão escolher o novo governador
do Distrito Federal. Mas a temporada de lançamento de pré-candidatos começou.
Entre eles estão Celina Leão (PP), Damares Alves (Republicanos), Leandro Grass
(PV) e Reginaldo Veras (PV).
Natural
sucessora do atual governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) — ele não poderá
disputar um novo mandato, pois já foi reeleito —, Celina sempre destacou que é
muito cedo para falar sobre eleições. "Um processo eleitoral antecipado
pode criar um pouco de mal-estar, um sentimento de arrogância. É claro que
temos um projeto político de continuidade, mas isso vai ser construído em
2026", disse a vice-governadora, em uma entrevista ao Correio, em
outubro.
A
coluna Eixo Capital afirmou, no início deste mês, que ela
poderá encabeçar uma chapa com outras duas mulheres para cargos majoritários.
Com uma eventual desistência de Ibaneis para a disputa ao Congresso Nacional,
as especulações são de que, com duas vagas para o Senado, a progressista
articule uma chapa com a deputada federal Bia Kicis e a ex-primeira-dama
Michelle Bolsonaro (ambas do PL), mas, vale ressaltar que Ibaneis Rocha (MDB)
ainda não confirmou seu projeto político.
O objetivo, segundo Grass, é chegar em 2026 com uma frente ampla, madura e com reais chances de vencer as eleições, para implementar um projeto de reconstrução de Brasília — coerente com as necessidades do DF e do Entorno — e que melhore a qualidade de vida da população. "Não tenho dúvidas de que formaremos uma chapa competitiva e meu nome segue à disposição", afirmou o presidente do Iphan.
"Não
escondo que a minha ideia é vir de senador ou governador, mas vai depender
muito da minha estratégia ao decorrer desse tempo. Eu tive uma conversa com o
Grass e ele me sinalizou que pretende ser candidato novamente. No caso de ele
vir como governador, eu não me lanço como candidato ao Buriti", explicou.
Veras
reiterou que todas as movimentações para o próximo pleito dependerá da
construção entre os partidos do mesmo campo político, quanto de legendas
ligadas à direita. O parlamentar acrescentou que sempre é de desejo do PT
lançar nomes para a disputa. "Tudo vai depender do contexto, que se
clareia geralmente no último ano antes da eleição. A maior parte do meu
eleitorado quer que eu venha como governador. Mas, reitero, tudo vai depender
do contexto. Com o Grass vindo como candidato ao Buriti, eu posso considerar o
Senado", ponderou.
"Temos que considerar também que existe uma federação, que é um casamento de quatro anos. Para nós, é importante termos uma junção, igual ao que ocorreu na última eleição. O PT gosta de lançar os nomes deles para o Buriti, e por isso teremos que convencer o PT e o PCdoB que somos nomes viáveis", completou o parlamentar.
Segundo
ele, a polarização no país deve se confirmar com as eleições suplementares do
próximo ano, em que indicará um país ainda dividido entre direita e esquerda.
"Muita coisa pode mudar até 2026, o que nos deixa em uma situação de
indecisão. Vamos ver o que vai acontecer nas eleições do ano que vem, para as
prefeituras. Se elas mostrarem que a polarização entre direita e esquerda
continua, fica difícil para qualquer candidato de centro, porque isso
certamente se estenderá para os Estados e para a eleição presidencial",
citou.
O advogado acrescentou que, por ainda estar evidente entre os dois campos políticos, candidatos de centro não deverão prosperar nas eleições de 2026, principalmente para o cargo de governador no Distrito Federal. "A polarização deixa o discurso na política mais racional, sem trabalhar ideias que sejam boas para o nosso país. Vejo muita gente falando de possíveis cenários, mas isso é tão cedo para comentarmos sobre", disse. "Tudo vai depender dos próximos passos, de quem vier para candidato ao Buriti em 2026. Não coloco o meu nome como candidato, porque é difícil fazer oposição numa situação dessa", ponderou Roque.
O
tucano ressaltou que trabalhos como o que retirou o Fundo Constitucional do
arcabouço fiscal e a aprovação da recomposição salarial das forças de
segurança, podem ajudar em uma possível candidatura. "Aprovamos muitas
leis que favoreceram o DF. Aquilo que era necessário, fizemos por aqui no
Senado", reforçou. "Estamos preparados há algum tempo para isso
(concorrer). A vontade é essa, mas, como disse, dependemos de conversas e
articulações fortes com os partidos", pontuou Izalci Lucas.
Oposição
forte: Presidente do PT-DF, Jacy Afonso destacou que o partido ainda
não pensa em nomes para o pleito de 2026. Ele destacou a criação do Fórum
Permanente de Oposição, em novembro deste ano, que tem como objetivo articular
sobre o assunto.
O
grupo é formado pelos partidos PSol, PSB, PDT, PT, PV, PCdoB e Rede. "A
ideia é discutir uma unidade da oposição, com uma chapa forte, para concorrer a
todos os cargos de 2026, tanto GDF como Câmara dos Deputados e Senado
Federal", afirmou Afonso. "Mas não temos nenhuma definição quanto a
nomes. Não queremos colocar 'a carroça na frente do boi'. Nossa previsão é que
essa discussão comece somente no fim de 2024, para não criar divergência entre
possíveis candidatos", disse.
Sobre
a possibilidade de criar uma Federação, assim como ocorreu nas eleições de
2022, o presidente do PT-DF comentou que as atuais federações têm validade até
março de 2026. "O processo de fusões partidárias, constituições,
ampliações e até mesmo dissolução, estará em aberto nesse período",
sinalizou.
A
presidente do PSol-DF, Giulia Tadini, ressaltou que "não está na hora de
definir nomes" para concorrer ao Buriti. "É preciso fortalecer a
oposição ao governo Ibaneis, a partir da unidade de ação em pautas concretas,
em defesa dos direitos da população e no combate às desigualdades",
comentou. "Temos que construir um projeto de cidade e é isso que o PSol
está fazendo, primeiramente, antes de pensar em candidatos", reforçou
Giulia. O partido, de forma geral, defende que a reunião para definir
candidatos deve acontecer somente durante o ano eleitoral.
Eduardo
Zanata, presidente do PSTU-DF, disse à reportagem que a legenda ainda começou a
discutir sobre o tema. "Nossa prioridade de momento é fortalecer o
trabalho de base do partido no DF", ressaltou. Mas, segundo Zanata, a
ideia é que a sigla mantenha a mesma política da última eleição, lançando
candidatura própria. "Não existe mudança do quadro político local.
Somos oposição. Também não temos acordo com os projetos políticos da federação
PT/PV/PCdoB e do PSol", argumentou o presidente do PSTU-DF.
Articulações
difíceis: Professor de ciência política do Centro Universitário do DF,
André Rosa avaliou que as articulações tendem a acontecer até quatro anos antes
das eleições. "Existem casos em que os candidatos se colocam à disposição
às vezes oito anos antes da disputa, mesmo sabendo que existem outros
candidatos com maior viabilidade eleitoral", comentou o especialista.
De
acordo com o cientista político, as escolhas costumam ser feitas de acordo com
o capital político dos envolvidos. "Isso costuma ser uma 'bala de prata'
nas eleições, ou seja, aqueles que têm maior viabilidade, tanto em níveis
econômicos quanto de popularidade perante a opinião pública, costumam largar na
frente nessas articulações", apontou.
André
Rosa reforçou que não é tão simples ser candidato ao governo do Distrito
Federal. "Em Brasília, por ter um alto número de caciques políticos, essas
articulações tendem a ser um pouco mais difíceis", alertou. Em relação à
costura política, o especialista avalia que o DF tem um quadro megalomaníaco.
"A direita se une com a esquerda e com centro, formando uma grande
coalizão para disputar as eleições. Por isso, Brasília é um ponto fora da
curva", analisou o professor.
Para
o cientista político, o atual chefe do Executivo local deve ser o fiel da
balança. "Vai depender do seu mandato como um todo, principalmente o
atual", comentou. "O eleitor busca aquilo que foi pelo governante, se
Ibaneis Rocha tiver um bom desempenho, a transferência de votos para quem
ele apoiar será quase que automática", finalizou.